Últimas sobre a pandemia: Composto da maconha mostra promissor potencial contra a COVID-19
Últimas atualizações - estudos revisados por pares - sobre a pandemia provocada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2) e sua doença associada (COVID-19). No momento, já são mais de 607 mil mortes confirmadas e mais de 14,5 milhões de casos registrados, números provavelmente muito subestimados. Nos últimos dias, recordes e mais recordes de casos diários registrados continuam sendo divulgados pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
> Trombose arterial nas pernas. Um estudo publicado no periódico Radiology (Ref.1), pesquisadores alertaram que a COVID-19 está associada com graves coágulos sanguíneos nas artérias das pernas. Segundo os autores do estudo, os pacientes com sintomas de suprimento inadequado de sangue nas extremidades inferiores tendem a ter maiores coágulos e uma significativa maior taxa de amputação e morte do que pessoas não-infectadas com a mesma condição. Foram analisados 16 pacientes com COVID-19 (média de idade de 70 anos) na cidade de New York, EUA, que se submeteram a uma angiografia tomográfica computacional dos membros inferiores e que estavam com sintomas de isquemia nas pernas. Eles foram comparados com 32 pacientes sem COVID-19 com os mesmos sintomas. Os resultados mostraram que todos os pacientes com COVID-19 tinham pelo menos um coágulo na perna em comparação com apenas 69% no grupo de controle. E enquanto 3% dos pacientes foram a óbito ou tiveram que fazer uma amputação no grupo de controle, essa taxa foi de 25% para amputação e 38% para morte naqueles com COVID-19. De fato, mais uma vez reforçando que a COVID-19 é uma doença também trombótica.
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> "COVID Toes" é real. Lesões e manchas vermelhas nos pés e nas mãos de crianças e jovens adultos são realmente causadas pela COVID-19, segundo reportou um estudo publicado no periódico British Journal of Dermatology (Ref.2). Nesse sentido, os pesquisadores demonstraram a presença de partículas virais em células endoteliais e nas glândulas sudoríparas de biópsias das partes afetadas pelas lesões na pele, via análise imunohistoquímica e microspia eletrônica. Essas lesões avermelhadas podem ser fruto dos danos vasculares e isquemia secundária causadas pelo vírus. Esse amplo alcance de infecção endotelial pelo SARS-CoV-2 pode ter um papel patogenético nas formas severas da COVID-19. Para algumas imagens das lesões analisadas, acesse: Quais os sintomas da COVID-19?
> Evolução da perda de paladar e de olfato. Em um estudo publicado no periódico JAMA Otolaryngology-Head & Neck Surgery (Ref.3), analisando prospectivamente 202 pacientes com COVID-19 que reportaram alguma extensão de perda de olfato ou de paladar, encontrou que a partir de 4 semanas do início dos sintomas, 55 desses pacientes (48,7%) reportaram completa resolução das alterações nesses sentidos; 46 (40,7%) reportaram uma melhora na severidade; e apenas 12 (10,6%) reportaram que não houve mudança ou que as alterações no olfato ou no paladar pioraram. A persistência na perda de olfato ou de paladar não foram associadas com persistência da infecção pelo SARS-CoV-2.
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> Isolamento e distanciamento sociais funcionam. Um estudo publicado no periódico British Medical Journal (Ref.4), analisando dados de 149 países e regiões ao redor do mundo, mostrou que a implementação de quarentena total (lockdown) e de medidas gerais de distanciamento e de isolamento sociais, como fechamento de escolas, locais de trabalho e transporte público, e restrição de aglomerações em público, estão associados com uma substancial redução nas taxas de novos casos de COVID-19. O estudo também encontrou que quanto mais cedo essas medidas preventivas fossem adotadas, mais efetivas elas eram. Na média, a implementação de qualquer medida de distanciamento-isolamento social estava associado com uma redução geral de 13% na incidência de novos casos.
> Mosquito não transmite o vírus da COVID-19. Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade do Estado de Kansas foi o primeiro a demonstrar experimentalmente que mosquitos não são capazes de transmitir o SARS-CoV-2 através das suas picadas. No estudo, publicado no periódico Scientific Reports (Ref.5) e realizado em uma instalação (BRI) de biossegurança nível-3, os pesquisadores não conseguiram replicar o vírus em três espécies comuns e amplamente disseminadas de mosquitos (Aedes aegypti, Aedes albopictus e Culex quinquefasciatus) - 277 espécimes no total -, mesmo sob condições extremas, e, portanto, esses mosquitos não são capazes de transmitir o vírus para humanos.
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> Maconha, canabidiol e COVID-19. Um estudo publicado no periódico Cannabis and Cannabinoid Research (Ref.6) encontrou evidências in vivo que o canabidiol (CBD), um dos compostos canabinoides da maconha e com propriedades terapêuticas, pode ajudar a reduzir a tempestade de citocinas e a inflamação excessiva nos pulmões associadas à COVID-19. Para isso, os pesquisadores criaram um modelo de rato que replicava os danos causados pela síndrome respiratória aguda grave, ao administrar nasalmente nos animais testados um análogo sintético de cadeia dupla de RNA chamado de POLY (I:C) - simulando a invasão de um material genético similar àquele encontrado nos coronavírus. O corpo dos animais - humanos incluídos - não é acostumado com esse tipo de RNA de cadeia dupla, e, portanto, o sistema imune inato reage imediatamente para deter o invasor estranho ao ativar receptores específicos. Essa resposta imune muitas vezes acaba sendo excessiva, deflagrando a tempestade de citocinas e muita inflamação no tecido pulmonar e no corpo em geral, ambos responsáveis por grande parte dos quadros mais graves de COVID-19.
De fato, em laboratório, os ratos que receberam POLY (I:C) desenvolveram sérios danos no tecido pulmonar, similar aos pacientes humanos. Nesse sentido, os pesquisadores mostraram que ao injetar canabidiol puro (isolado) nesses ratos, o quadro pró-inflamatório era revertido, com a febre abaixando, indicadores de inflamação destrutiva diminuindo - como neutrófilos de infiltração e IL-6 - e os níveis de oxigênio no sangue aumentando. Os pesquisadores sugeriram que o canabidiol acalma o sistema imune ao interferir com as sinalizações do sistema endocanabinoide do organismo.
Mas lembrando que o potencial terapêutico foi observado no canabidiol isolado, não no consumo da droga (maconha). Fica, nesse sentido, a sugestão de leitura: Fumo e uso recreativo da maconha: lobo sob pele de cordeiro
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REFERÊNCIAS (links para os estudos reportados)
- https://pubs.rsna.org/doi/10.1148/radiol.2020202348
- https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1111/bjd.19327
- https://jamanetwork.com/journals/jamaotolaryngology/fullarticle/2767781
- https://www.bmj.com/content/370/bmj.m2743
- https://www.nature.com/articles/s41598-020-68882-7
- https://www.liebertpub.com/doi/abs/10.1089/can.2020.0043
Últimas sobre a pandemia: Composto da maconha mostra promissor potencial contra a COVID-19
Reviewed by Saber Atualizado
on
julho 19, 2020
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