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FioCruz reforça: a taxa de mortes no Brasil por COVID-19 já se iguala a dos EUA


A pandemia do novo coronavírus (SARS-CoV-2) já acumulou mais de 3,5 milhões de casos confirmados e mais de 248 mil mortes registrados. No Brasil, são mais de 101 mil casos confirmados, mais de 7 mil mortes e, assim como no restante de grande parte do mundo, um grave problema de sub-notificações e escassez de testes. Segundo estudo da FioCruz (I) as mortes provocadas pela doença associada (COVID-19) têm dobrado, em média, num intervalo de cinco dias no Brasil, taxa igual a dos EUA. Na Itália e na Espanha, essa taxa é de oito no mesmo período comparável de tempo.

A FioCruz detalhou o achado na mais recente nota técnica do Monitora Covid-19 (Ref.2), sistema que agrupa e integra dados sobre a pandemia do novo coronavírus no Brasil (I). Epidemiologistas, geógrafos e estatísticos do Instituto de Comunicação e Informação em Saúde (Icict/Fiocruz), têm se debruçado sobre a ferramenta para elaborar análises sobre o avanço da doença. E mais: segundo a instituição, no interior do país 70% dos hospitais já chegaram no limite, e até dia 26 de abril, o total de hospitalizações devido à síndrome respiratória aguda grave (SRAG) já supera até quase 2 vezes todo o ano de 2016, ano este que sofreu com a pandemia do H1N1 (gripe suína).

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Desde que o Brasil registrou o primeiro óbito por Covid-19, em 20 de março, o total de mortos pelo novo coronavírus vinha dobrando a cada cinco dias. Porém, na última vez que duplicou o total de casos o país apresentou um prazo maior: sete dias. Esse número é similar ao da França, que, no entanto, tem mais tempo de epidemia (seu primeiro caso foi registrado duas semanas antes do Brasil). Na média desde o primeiro caso, o Brasil, com duplicação a cada cinco dias, tem um ritmo de crescimento similar aos Estados Unidos e está com aceleração mais acentuada que França, Espanha, Reino Unido, Irã e Itália.

(I) Acesse a nota técnica.



Utilizando esse mesmo indicador para analisar a situação dos estados brasileiros, os pesqusiadores do Icict constataram que o estado que apresenta o maior ritmo de crescimento do total de óbitos é o Maranhão, onde a duplicação de casos vem ocorrendo em média a cada cinco dias. Em seguida, vem Amazonas, Alagoas, Pará, Paraíba, Pernambuco e Rondônia, onde a duplicação de óbitos é registrada em média a cada seis dias.

Em 27 de abril, entretanto, percebe-se que dois estados aumentaram bruscamente o ritmo de aceleração no total de óbitos: Rio Grande do Sul e Sergipe. O tempo para duplicação de vítimas fatais da doença caiu à metade, em relação à média, no último registro nesses dois estados. O Rio Grande do Sul apresentava duplicação a cada 16 dias, em média, mas, na última verificação, o indicador caiu para oito dias. No caso de Sergipe, o estado passou da média de 12 dias para apenas seis dias na última duplicação.

As diferenças epidemiológicas entre os estados podem ser explicadas por diversos fatores, especialmente aspectos demográficos e ações do governo para conter os surtos epidêmicos. Entre esses fatores, podemos citar: o estabelecimento de medidas mais ou menos restritivas para as atividades econômicas; redução da oferta ou mesmo proibição de linhas de transporte inter e intramunicipais; e a capacidade de diagnóstico clínico e laboratorial, entre outros.

> Segundo estudo da Imperial College London (Ref.4), o Rt do Brasil (número de pessoas infectadas a partir de uma pessoa infectada) para a COVID-19 é o maior do mundo: 2,81. Isso escancara o quão falhos estão nossos esforços de isolamento social, problema fomentado pelo presidente Jair Bolsonaro.


SÍNDROME RESPIRATÓRIA AGUDA GRAVE

Em um relatório separado (Ref.2), os cientistas da instituição também destacaram uma tendência de aceleração no crescimento das internações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). Todas as regiões do país seguem na zona de risco e com atividade semanal muito alta para SRAG, com predominância de 77,5% do novo coronavírus entre os casos que já tiveram um resultado laboratorial positivo.

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Segundo a FioCruz, até o dia 26 de abril, o Brasil teve um total de 44,7 mil casos notificados. Mas com a previsão de atraso, de acordo com a metodologia desenvolvida pela plataforma, a estimativa é que este total atualizado seja de 62,6 mil, com um intervalo de confiança de 55 mil a 75,4 mil. No caso de óbitos, já foram inseridos no sistema um total de 5,5 mil notificações, o que leva uma estimativa de que o total até a semana 17 seja de 7 mil, com intervalo de confiança de 6,3 mil a 8,4 mil. Em outras palavras, o total de mortes há 1 semana já está superior do que o número oficial de mortes por COVID-19 divulgado ontem pelo Ministério da Saúde e apenas associado ao SRAG (ou seja, exclui-se outros casos de mortes pelo SARS-CoV-2, diretos ou indiretos).

Os números oficiais de SRAG superam os totais de notificações de anos anteriores, como 2019 e 2016. Em 2019, o total de casos foi 39,4 mil, com 3,8 mil óbitos. O ano de 2016 teve 39,8 mil notificações por SRAG, que é caracterizada por internações por sintomas como tosse, febre e dificuldade respiratória, e 4,7 mil óbitos pelos mesmos sintomas. Estes dados são de notificação obrigatória para unidades de saúde, mas historicamente existe uma atraso na inserção de dados, especialmente em momentos de surtos. Para tentar prever este atraso, o InfoGripe desenvolveu um modelo matemático de estimativas.

“Tanto em número de casos, quanto em óbitos por SRAG, mesmo sem levar em conta o atraso de notificação, nós já estamos, em 2020, oficialmente acima dos totais de 2019 e 2016. Isto é particularmente preocupante pois 2016 foi o pior ano desde 2009, quando houve a pandemia de H1N1. Se levarmos em conta as estimativas de atraso, o total de casos até a semana 17 corresponderia a 38% ou 89% a mais do que em todo 2016.”, afirmou o coordenador do InfoGripe, Marcelo Gomes em entrevista para o Portal da FioCruz.

> Leitura recomendada: Quase 10x mais casos de SRAG até o começo de abril do que a média dos últimos 10 anos

Outro dado que chama a atenção no novo boletim é a retomada da aceleração dos casos. Após uma explosão de casos muito acima do padrão, observada entre as semanas 11 e 12 (de 8 a 21 de março), o que vinha sendo observado nas últimas semanas era um crescimento em ritmo menor dos casos nas semanas 13 e 14 (22 de março a 4 de abril). Os pesquisadores, no entanto, recomendam cautela na interpretação de dados de semanas recentes em função do atraso de digitação observado.

“O panorama sugere que a desaceleração que foi observada nas semanas 13 e 14, em consequência das medidas de isolamento social, pode ter tido seu efeito diminuído. Os dados mais recentes sugerem uma retomada na aceleração, mas é importante aguardarmos a próxima semana para verificarmos com mais segurança se de fato houve uma retomada da aceleração e realizar análises mais concretas. Esta cautela é importante pelo impacto que o atraso tem nas estimativas de notificação mais recentes”, explica Gomes, ele ressalta ainda que o impacto é maior entre os dados de óbitos e recomenda a utilização das curvas de casos de SRAG para análises de tendência.

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O predomínio cada vez maior do novo coronavírus entre os casos e óbitos que tiveram resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório é outro fator de destaque. Do total de 44780 casos já reportados no ano, 11315 tiveram resultado laboratorial positivo, destes 6.9% apontaram Influenza A, 3.6% Influenza B, 3.9% vírus sincicial respiratório, e 77.5% SARS-CoV-2. Outros 15100 exames tiveram resultados negativos, e ao menos 14802 ainda aguardam resultado.  Entre os óbitos, 2452 já tiveram resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório, 2059 foram negativos, e ao menos 719 aguardam resultado. Dentre os positivos, 92,7% correspondem ao novo coronavírus.

O boletim recomendou, de acordo com o panorama apresentado pelo sistema, “a necessidade de manutenção das recomendações de isolamento social para evitar demanda hospitalar acima da capacidade de atendimento”. A saturação da rede hospitalar, já relatada por alguns estados, também pode afetar os dados e a taxa de crescimento dos casos notificados nas próximas semanas, uma vez que as notificações dependem de hospitalização.


INTERIORIZAÇÃO

Existe uma tendência à interiorização da epidemia, que está chegando de forma acelerada aos municípios de menor porte do país. A pandemia iniciou sua propagação inicialmente em grandes metrópoles, ligadas por linhas aéreas. Nas últimas semanas, a quase totalidade das grandes cidades (mais de 100 mil habitantes) apresentou casos da doença. Cerca de 44% das cidades médias (20 mil e 50 mil) já possuem casos e a tendência é a emergência de ciclos de transmissão em cidades pequenas.

Segundo pesquisadores da Fiocruz - em pré-divulgação para o Fantástico (Ref.3) - 70% das unidades de saúde do interior do país já enfrentam o problema. Em Pernambuco a Covid-19 chegou no dia 13 de março. Em um mês e meio o sistema está próximo do colapso. A taxa de ocupação nas UTIs do estado chegou a 98%. No serviço público e privado.

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O avanço do Covid-19 em direção às cidades menores revela uma situação preocupante em razão da sua menor disponibilidade e capacidade dos serviços de saúde. Isso implica na busca pelo atendimento direcionada aos centros urbanos de referência para o tratamento da doença, o que tende a ampliar a pressão sobre os serviços de saúde nas grandes cidades. Esse já é um quadro preocupante em cidades polo, como Manaus, que atende não só os moradores do município, mas também de pessoas vindas de um conjunto de pequenas cidades e vilas situadas ao longo de rios.

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INFOGRIPE: Uma iniciativa para monitorar e apresentar níveis de alerta para os casos reportados de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan). Os dados são apresentados por estado e por regiões de vigilância para síndromes gripais. O produto é fruto de uma parceria entre pesquisadores do Programa de Computação Científica da Fundação Oswaldo Cruz (Procc/Fiocruz), da Escola de Matemática Aplicada (EMAp) da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e do GT-Influenza da Secretaria de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde (GT-Influenza/SVS/MS).
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REFERÊNCIAS:
  1. https://portal.fiocruz.br/noticia/ritmo-do-crescimento-de-mortes-por-covid-19-aumenta-em-estados-como-ma-rs-e-se
  2. https://portal.fiocruz.br/noticia/infogripe-destaca-aceleracao-de-internacoes-por-sindrome-respiratoria-aguda-grave
  3. https://g1.globo.com/fantastico/noticia/2020/05/03/covid-19-saturou-o-sistema-de-saude-das-capitais-brasileiras-e-avanca-para-o-interior-do-pais.ghtml
  4. https://mrc-ide.github.io/covid19-short-term-forecasts/index.html
FioCruz reforça: a taxa de mortes no Brasil por COVID-19 já se iguala a dos EUA FioCruz reforça: a taxa de mortes no Brasil por COVID-19 já se iguala a dos EUA Reviewed by Saber Atualizado on maio 04, 2020 Rating: 5

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