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Estudo sugere que homens são mais afetados pela COVID-19 por causa dos testículos


Aqui no Brasil, cerca de 72% dos casos de COVID-19 afetam indivíduos acima de 60 anos e a maioria que necessita de hospitalização possui uma ou mais comorbidades, as mais comuns sendo obesidade, hipertensão, doença pulmonar crônica, diabetes e doenças cardiovasculares. Mas tanto aqui no Brasil quanto no resto do mundo, uma notável tendência é vista: significativamente mais homens do que mulheres são afetados pela doença e em maior gravidade. Cerca de 54-60% das hospitalizações observadas correspondem a indivíduos do sexo masculino. Até o momento, não existe uma resposta conclusiva para o fenômeno. Nesse sentido, um estudo recentemente publicado como preprint na medRxiv (1) trouxe evidências de que uma particularidade anatômica nos homens pode esclarecer a questão: os testículos.

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Em meio à fase inicial da pandemia que vem dramaticamente afetando o sistema de saúde e sócio-econômico do mundo inteiro, ainda pouco sabemos sobre o comportamento e ação do novo coronavírus (SARS-CoV-2) tanto em termos de transmissão quanto em relação à sua infecção e doença (COVID-19) associadas. Múltiplos estudos prévios têm demonstrado um substancial desbalanço na severidade e na duração da doença entre homens e mulheres. Reportes já chegaram a registrar uma taxa duas vezes maior de incidência da doença e morbidade nos homens. Essa tendência, em termos de severidade, também foi observada nos surtos epidêmicos de MERS e de SARS, também causados por coronavírus. Alguns desses fatores têm sido atribuídos a fatores de risco mais prevalentes nos homens, como o fumo, hipertensão e doenças cardiovasculares, porém não são suficientes para explicarem todo o desbalanço sexo-específico.

O SARS-CoV-2 entra nas células via um complexo processo envolvendo múltiplos passos, o qual começa com a interação da proteína spike (S) presente na superfície viral com o receptor ACE2 presente na membrana plasmática de um número de células nos mamíferos. Previamente, um estudo realizado por cientistas Brasileiros (2) tinha encontrado que no grupo de pacientes com mais de 60 anos e homens, a expressão de um gene chamado TRIB3 está diminuída nas células epiteliais do pulmão – alvos preferenciais do SARS-CoV-2.

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(2) Para mais informações, acesse: Cientistas Brasileiros podem ter descoberto porque os homens são mais afetados pela COVID-19

No novo estudo, pesquisadores da Faculdade de Medicina Albert Einstein, em New York, EUA, podem ter revelado um novo fator mais geral explicando a maior prevalência e severidade da COVID-19 em homens. Para isso, os pesquisadores primeiro investigaram 68 pacientes sintomáticos - 48 homens e 20 mulheres - com idade média de 37 anos e testados positivamente para o SARS-CoV-2, visando verificar se existia um atraso na limpeza viral desses indivíduos. A limpeza viral foi determinada pelo número de dias que levou para alcançar um teste persistentemente negativo via RT-PCR. Os resultados mostraram que enquanto os homens demoravam em média 6 dias para se livrarem do vírus após a hospitalização, as mulheres demoravam 4 dias.

Como os pacientes investigados constituíam uma população heterogênea - com ouros co-fatores potencialmente interferindo nos resultados -, os pesquisadores resolveram também investigar 3 famílias (com todos os membros residindo na mesma casa) com um teste recente e positivo para o SARS-CoV-2. Em todas as três famílias, as mulheres se livraram da infecção pelo vírus mais cedo do que os homens. Somando ao achado prévio, isso suporta a primeira importante evidência de que o novo coronavírus persiste por mais tempo no organismo do sexo masculino.

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Para elucidar a razão dessa maior persistência viral, os pesquisadores avaliaram a expressão do receptor ACE2 a níveis de mRNA (RNA mensageiro, responsável por enviar as informações do DNA para a síntese de proteínas no corpo) e de proteína usando bancos de dados tecido-específicos. Além de identificaram a expressão em alto nível de ACE2 em tecidos antes já bem estabelecidos nesse quesito, como o pulmonar e o miocárdico, os pesquisadores inesperadamente também encontraram altos níveis desse receptor nos testículos - órgão sexual exclusivo dos homens -, tanto a nível de mRNA quanto a nível proteico. Por outro lado, pouca expressão desse receptor foi vista nos ovários - órgão sexual exclusivo das mulheres.

Os resultados dessa última análise, portanto, levantam a possibilidade de que o SARS-CoV-2 pode se ligar ao ACE2 do tecido testicular e que, consequentemente, os testículos podem servir como um reservatório viral extra específico dos homens. Consistente com essa hipótese, os pesquisadores apontaram que um estudo recente demonstrou perda de função na gônada testicular em pacientes infectados pelo SARS-CoV-2, sugerindo possível dano às células testiculares durante a infecção. No caso, foram reportadas dramáticas quedas na razão de testosterona/hormônio luteinizante (LH) e da razão de hormônio estimulante do folículo (FSH)/LH (3).

Estudos clínicos futuros e mais robustos serão necessários para confirmar a hipótese.


(1) Publicação do estudo: medRxiv

(3) Estudo referenciado: medRxiv

Referência adicional: CDC
Estudo sugere que homens são mais afetados pela COVID-19 por causa dos testículos Estudo sugere que homens são mais afetados pela COVID-19 por causa dos testículos Reviewed by Saber Atualizado on abril 27, 2020 Rating: 5

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