Menos sexo e masturbação significa uma menopausa chegando mais cedo
Segundo um estudo publicado no periódico Royal Society Open Science (1), mulheres que realizam atividades sexuais semanalmente ou mensalmente possuem um menor risco de entrar mais cedo na menopausa em comparação com aquelas que reportam realizarem alguma forma de atividade sexual menos do que uma vez por mês. O estudo foi baseada na análise de dados de um estudo cohort chamado de SWAN (USA's Study of Women's Health Across the Nation), o maior, mais diverso e o mais representativo estudo cohort longitudinal hoje disponível para pesquisas sobre a transição associada à menopausa.
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No estudo, os pesquisadores observaram que as mulheres que reportaram realizar atividades sexuais semanalmente eram 28% menos prováveis de experienciarem a menopausa a qualquer idade do que mulheres engajando em atividades sexuais menos do que uma vez por mês. Atividades sexuais consideradas no estudo incluíram sexo com penetração, sexo oral, toques e carinhos sexuais, ou masturbação.
Segundo a conclusão dos pesquisadores, os resultados do estudo sugerem que se uma mulher não está tendo sexo, e não existe chance de gravidez, então o corpo parece 'escolher' não investir na ovulação, já que seria algo inútil. Em termos evolutivos, pode existir uma troca biológica entre investimento de energia na ovulação e investimento em outros aspectos corporais ou comportamentais, como ficar mais ativa para cuidar dos netos. Esse último argumento reforça a Hipótese da Avó (I). Durante a ovulação, as funções imunes da mulher são prejudicadas, tornando o corpo mais suscetível a doenças. Dado que uma gravidez é improvável devido à falta de atividade sexual, então seria mais benéfico remanejar a energia de um processo custoso, especialmente se existe a opção de investir recursos em filhotes (netos) já existentes.
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(I) Essa hipótese busca explicar porque humanos, orcas e baleias-pilotos-de-aleta-curta possuem uma menopausa tão adiantada (mulheres, por exemplo, atingem a menopausa em torno de 50 anos mas possuindo uma longevidade muito maior, enquanto as fêmeas de outras espécies de mamíferos continuam produzindo filhotes até próximo do limite de longevidade). Nesse sentido, uma menopausa adiantada pode diminuir o conflito entre fêmeas e aumentar as chances de sobrevivência dos filhotes de terceiros, já que existem fêmeas fortes inférteis para exclusivamente cuidar deles. Para mais informações sobre a questão e outras hipóteses, acesse: Por que a nossa menopausa é tão adiantada?
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Essa sugestão dos pesquisadores também entra em concordância com um estudo publicado em 2017 no periódico Humam Reproduction (2) mostrando que mulheres que nunca deram luz ou ficaram grávidas possuem duas vezes mais chances de alcançarem a menopausa antes dos 40 anos de idade comparado com mulheres que já engravidaram pelo menos uma vez, e 30% maior chance de alcançarem a menopausa entre 40 e 44 anos de idade. Nesse estudo, os dados de 50 mil mulheres ao redor do mundo foram analisados.
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No novo estudo, os pesquisadores analisaram os dados de 2936 mulheres, recrutadas para o estudo SWAN em 1996/1997. A idade média na primeira entrevista foi de 45 anos. Na média, elas tinham duas crianças, eram em sua maioria casadas ou estavam em um relacionamento (78%), vivendo com seus parceiros (68%), e a maior parte possuía educação acima do ensino médio. As mulheres responderam várias perguntas sobre os padrões das suas atividades sexuais nos últimos 6 meses. O mais frequente padrão de atividade sexual encontrado era semanalmente (64%).
Nenhuma das mulheres analisadas tinham ainda entrado na menopausa, mas 46% estavam no início da peri-menopausa (começando a experienciar sintomas da menopausa, como mudanças no ciclo menstrual e calores súbitos) e 54% estavam na pré-menopausa (possuindo ciclos regulares e não mostrando nenhum sintoma de peri-menopausa ou menopausa).
As entrevistas se estenderam por um período de 10 anos, durante o qual 1324 (45%) das 2936 mulheres experienciaram uma menopausa em uma idade média de 52 anos. Na análise final dos dados acumulados dessas entrevistas, os pesquisadores levaram em conta co-fatores como níveis de estrógenos, educação, IMC, etnia, hábitos de fumo, idade da primeira ocorrência de menstruação, presença de um parceiro masculino na mesma residência, idade da primeira entrevista e a saúde em geral.
Os pesquisadores encontraram que uma atividade sexual semanal estava associada com uma probabilidade 28% menor de experienciar a menopausa comparada com as mulheres que tinham sexo a uma frequência menos do que mensal. Da mesma forma, aquelas que tinham sexo mensalmente eram 19% menos prováveis de experienciarem a menopausa a qualquer idade comparado com aquelas que tinham sexo menos do que mensalmente.
(1) Publicação do estudo: Royal Society Open Science
> Referência adicional: Eurekalert
(2) Publicação do estudo: Human Reproduction
Menos sexo e masturbação significa uma menopausa chegando mais cedo
Reviewed by Saber Atualizado
on
janeiro 14, 2020
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