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Que tal fazer exercícios físicos sem fazê-los? A evolução dá a resposta


Todo mundo sabe dos benefícios dos exercícios físicos regulares para a nossa saúde. E, assim como nós, inúmeros outros animais também são beneficiados pelas atividades físicas em geral. Mas quais os mecanismos moleculares que mediam esses benefícios associados aos treinos físicos? Agora, pesquisadores da Universidade de Michigan, EUA, em um estudo publicado na Nature Communications (1), encontraram que Sestrinas, uma família de proteínas exercícios-induzidas e evolucionalmente conservadas, são críticas mediadoras desses benefícios. A descoberta - realizada via experimentos com moscas-da-fruta e ratos - abre caminho para novas e promissoras vias terapêuticas que podem oferecer às pessoas os benefícios dos exercícios físicos sem a necessidade de realizá-los, algo de grande valor especialmente para indivíduos idosos.

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À medida que a porcentagem de membros idosos na população continua a aumentar, preocupações com os cuidados à saúde nesse grupo também vêm aumentando. Nesse sentido, intervenções que possam preservar funções corporais apropriadas em idades avanças são de substancial importância. Uma promissora intervenção terapêutica para frear os efeitos deletérios da idade são os exercícios físicos de resistência (também chamados 'aeróbicos'), os quais promovem uma remodelação nos tecidos musculares que alteram a saúde metabólica de todo o organismo. Nos vertebrados, os treinos de resistência - e também resistivos (musculação/anaeróbicos) - levam ao aumento da eficiência/biogênese mitocondrial, diminuição do armazenamento de triglicerídeos, melhora na sensibilidade à insulina, e proteção tanto das funções musculares quanto das funções neutrais (I).

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(I) Sugestão de leitura: Devo fazer exercícios físicos antes ou depois de estudar?

Essas mudanças fisiológicas e metabólicas são pensados serem mediadas, em parte, pela up-regulação da proteína cinase AMP-ativada (AMPK) e pelo caminho insulina-AKT. Esses eventos de remodelação levam ao aumento fisiológico das capacidades cardíaca e músculo-esquelética. No entanto, substanciais obstáculos existem para a ampla aplicação de treinos aeróbicos e anaeróbicos para a população humana. Entre os empecilhos, podemos citar a idade, lesões, doenças e compromissos sociais que requerem longos períodos sedentários. E é aqui que entrariam os principais benefícios de novas terapias que promovam os efeitos dos exercícios físicos sem a necessidade de realmente fazê-los.

As Sestrinas são pequenas moléculas estresse-induzíveis que são encontradas em grande parte do Reino Animal (Methazoa). Os mamíferos expressam três Sestrinas (Sesn1-3), enquanto que os insetos do gênero Drosophila (moscas-da-fruta) e o C. elegans (verme nematódeo) expressam apenas um gene correspondente (dSesn e cSesn, respectivamente). A proteína dSesn e a Sesn1 dos mamíferos são predominantemente expressos nos músculos cardíacos e esqueléticos. Mas o mais importante aqui é que a expressão das Sestrinas é aumentada pela realização de exercícios físicos tanto em humanos quanto em ratos. Uma vez induzidas, as Sestrinas coordenam homeostase metabólica ao regular múltiplos caminhos de sinalização, ativando inclusive o AMPK e o AKT. No entanto, até o momento, nenhum estudo havia examinado os reais papeis genético e fisiológico das Sestrinas nas respostas aos exercícios físicos.

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Para melhor esclarecer essa questão, os pesquisadores no novo estudo se aproveitaram do instinto natural das moscas Drosophila - insetos amplamente usados em pesquisas genéticas e fáceis de serem manipulados - de escalarem e descerem tubos de ensaio para desenvolverem um tipo de esteira. Usando a esteira especial, os pesquisadores treinaram as moscas por três semanas e compararam as habilidades de corrida e de voo de moscas normais com aquelas de moscas geneticamente modificadas para não expressarem Sestrinas (no caso, a proteína do gene correspondente dSesn). Os resultados mostraram que as moscas sem dSesn não melhoraram suas habilidades motoras, ao contrário das moscas normais.

Além disso, quando os pesquisadores modificaram moscas para que estas expressassem em excesso a dSesn, suas habilidades de voo e corrida se tornaram melhores do que de moscas treinadas mesmo sem a realização de treinos físicos!

Experimentos similares com ratos corroboraram os achados, mostrando que as Sestrinas, de fato, atuam de forma crítica na mediação das adaptações crônicas e benefícios à saúde induzidos pelos exercícios físicos. As Sestrinas, agindo através de múltiplos caminhos moleculares, como AKT, FoxO e PGC1-alfa, são tanto necessárias quanto suficientes para produzirem os efeitos dos exercícios físicos, como melhora no metabolismo, funcionalidade e resistência musculares, incluindo também a preservação da massa muscular no contexto de atrofia muscular e degeneração (II).

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(II) E esse achado pode ser mais do que promissor para a criação de estratégias de prevenção à atrofia muscular, tanto para pacientes em hospitais quanto para astronautas. Para mais informações, acesse: Por que os músculos atrofiam?


De acordo com os pesquisadores, porém, as Sestrinas não parecem aumentar a longevidade, apenas mostram melhorar a saúde em geral quando expressadas.

De qualquer forma, como o papel mediador das Sestrinas se mostrou o mesmo entre espécies filogenicamente muito distantes (um inseto e um mamífero), fica implícito que o mesmo é aplicado aos humanos. Nesse sentido, as Sestrinas podem servir como uma molécula terapêutica promissora para a obtenção dos benefícios associados aos treinos físicos.


(I) Publicação do estudo: Nature

Que tal fazer exercícios físicos sem fazê-los? A evolução dá a resposta Que tal fazer exercícios físicos sem fazê-los? A evolução dá a resposta Reviewed by Saber Atualizado on janeiro 14, 2020 Rating: 5

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