Consumidores habituais de chá vivem mais e mais saudáveis

Em um estudo observacional publicado no periódico European Journal of Preventive Cardiology (1), pesquisadores da Academia Chinesa de Ciências Médicas, Beijing, China, encontraram que o consumo de chá pelo menos três vezes por semana está ligado a uma vida mais longa e saudável. Em específico, o consumo habitual de chá mostrou estar associado com menores riscos de doenças cardiovasculares e todas as causas de morte.

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Para essa conclusão, os pesquisadores analisaram os dados de 100902 participantes de três estudos cohorts do projeto 'China-PAR project2' sem histórico de ataque cardíaco, derrame ou câncer. Os participantes - habitantes de 15 províncias da China e acompanhadas desde 1998 - foram classificados em dois grupos - consumidores habituais de chá (três ou mais vezes por semana) e indivíduos que nunca beberam chá ou que não são consumidores habituais de chá (menos do que três vezes por semana) - e foram seguidos por uma média de 7,3 anos. Durante esse período, foram registrados 3683 eventos de doença cardíaca aterosclerótica, 1477 mortes por doença cardíaca aterosclerótica, e 5479 mortes por todas as causas.

Comparado com consumidores não-habituais ou não-consumidores, os consumidores habituais de chá mostraram ter um risco 20% menor de incidência de doenças cardíacas e derrame, 22% menor risco de doença cardíaca e de derrame fatais, e 15% menor risco de morte por todas as causas.

A potencial influência de mudanças no comportamento de consumo de chá foi analisada em um subconjunto de 14081 participantes com avaliações em dois períodos. A duração média entre as duas avaliações foi de 8,2 anos, e a média associada com a segunda pesquisa foi de 5,3 anos. O resultado dessa análise mostrou que os consumidores habituais que mantiveram o hábito consistente em ambas as avaliações estavam associados com um risco 39% menor de doenças cardíacas e derrame, 56% menor de doença cardíaca e de derrame fatais, e 29% menor risco de morte por todas as causas comparado com consistentes consumidores não-habitais ou não-consumidores.

Apesar do estudo ser observacional e, portanto, não comprovar causalidade, estudos prévios já associavam os polifenóis - principais compostos bioativos dos chás - com diversos benefícios para o corpo, especialmente cardiovasculares.

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O novo estudo também tentou avaliar qual o tipo de chá mais estava associado com benefícios à saúde. O chá verde mostrou estar ligado com um risco 25% menor de doenças cardíacas, derrames ou morte por todas as causas. Já o chá preto, não mostrou significativo fator de proteção. Como os pesquisadores analisaram dados de indivíduos habitando o Leste Asiático, onde o consumo de chá verde é de longe o preferencial - na população do estudo, 49% reportaram consumir chá verde com mais frequência, enquanto somente 8% preferiam chá preto -, isso pode mascarar os benefícios do chá preto. De qualquer, os resultados sugerem que o chá verde parece ser, de fato, o mais saudável.

Aliás, não só a estatística é favorável ao chá verde. Primeiro, o chá verde é uma fonte muito rica de polifenóis, enquanto que o chá preto é totalmente fermentado e durante esse processo os polifenóis são oxidados em pigmentos e podem perder seus efeitos anti-oxidantes. Em segundo lugar, o chá preto é frequentemente servido com leite, aumentando o consumo calórico e de gorduras saturadas.

As doenças cardiovasculares representam a principal causa de morte prematura no mundo, responsáveis por 330 milhões de anos de vidas perdidos anualmente. Em 2017, aproximadamente 4,38 milhões de mortes foram atribuíveis às doenças cardiovasculares (40% do total de mortes), com as doenças cardíacas coronárias e os derrames se tornando as duas maiores causas de morte na China.


(1) Publicação do estudo: EJPC