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Meninos e meninas são similares na matemática e nos esportes


Dois estudos recentes refutaram dois mitos populares sobre a suposta diferença entre meninos e meninas no campo da matemática e dos esportes. Meninas são possuem maior dificuldade do que os meninos na resolução e no aprendizado de matemática, e as meninas não são mais atraídas pelos esportes por causa dos aspectos sociais do que os meninos.

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Em 1992, a boneca Teen Talk Barbie foi liberada com o controverso fragmento de voz: "Aula de matemática é difícil". Enquanto que a boneca ganhou pesadas críticas, essa alegação continuou persistindo e propagandeada, ou seja, de que as mulheres não conseguem avançar tanto quanto os homens nos campos da ciência, tecnologia, engenharia e matemática (STEM) devido a deficiências biológicas na capacidade matemática. E isso sem reais evidências científicas corroborativas. Nesse sentido, um estudo compreensivo publicado no periódico Science of Learning (1) analisou o desenvolvimento cerebral de crianças de ambos os sexos. Os resultados mostraram que não existem diferenças nas funções cerebrais entre meninos e meninas em termos de habilidades matemáticas.

Para chegar nessa conclusão, os pesquisadores utilizaram imagem por ressonância magnética funcional (fMRI) para medir a atividade cerebral em 104 jovens crianças (3 a 10 anos; 55 meninas) enquanto assistiam a um vídeo educacional cobrindo tópicos básicos de matemática, como contagem e adição. Em seguida, os escaneamentos foram comparados com base no sexo das crianças, e também com escaneamentos MRI realizados em um grupo de adultos (63 adultos; 25 mulheres) que assistiram aos mesmos vídeos de matemática.

Após várias comparações estatísticas, os pesquisadores não encontraram diferença no desenvolvimento cerebral de meninos e meninas quanto ao sistema neural de processamento de informações matemáticas. Além disso, os pesquisadores não encontraram diferenças em como meninos e meninas processam habilidades matemáticas e no engajamento dessa atividade enquanto assistiam aos vídeos educacionais. Por fim, a maturidade neural (correlações intersubjetivas) de meninas e meninos mostrou-se estatisticamente equivalentes quando comparada entre o mesmo grupo de idade e com aquele tanto de mulheres quanto de homens no grupo de adultos.

Meninas e meninos não apenas usam da mesma forma as redes neurais de processamento matemático como também possuem similaridades nessa atividade expressas por todo o cérebro.

Esses resultados também corroboraram a segunda parte do estudo, onde os pesquisadores utilizaram um teste matemático padrão (Test of Early Mathematics Ability), voltado para crianças de 3 a 8 anos de idade, para analisar 97 participantes (50 meninas) quanto ao nível de desenvolvimento matemático. Eles encontraram que as habilidades matemáticas eram equivalentes entre as crianças, sem diferenças significativas entre os sexos, e independentemente da idade.

Na soma total de resultados, o estudo também corrobora um estudo prévio realizado pelo mesmo grupo de pesquisa que não tinha encontrado diferenças comportamentais de performance em relação ao desempenho de meninos e de meninas em testes de matemática. Tudo isso reforça a Hipótese das Similaridades de Gênero, a qual argumenta que meninos e meninas funcionam de forma similar na maior parte das áreas de cognição, sugerindo fortemente que as diferenças de representatividade do sexo feminino do campo STEM entre os adultos não são derivadas de fatores intrínsecos no cérebro das crianças, mas provavelmente a partir de uma complexa origem ambiental (fatores socioculturais no caso). Pode ser também que diferenças hormonais no pós-puberdade possam interferir nessa questão, mas até o momento não existem sólidas evidências científicas nesse sentido.

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Já no segundo estudo, publicado no periódico Women in Sport & Physical Activity Journal (2), pesquisadores analisaram 141 jogadores de futebol (entre meninos e meninas), com idades de 8 a 19 anos, com base em mapas conceituais do que faz um esporte ser divertido para o sexo masculino e o sexo feminino. Os mapas resultante (FUN MAPS) cobriram 81 determinantes de diversão entre 11 fatores de diversão. Os pesquisadores encontraram que entre os 81 determinantes de diversão, 'vencer' (maior competitividade) ranqueou a 40° posição em importância para os participantes em geral, pontuando em uma posição bem mais baixa da lista do que muitos assumem.

Mas o mais importante, o estudo foi o primeiro a trazer sólidas evidências de que os meninos e as meninas são mais similares do que diferentes no que faz relação aos fatores e determinantes de diversão em uma atividade esportiva. Popularmente é bastante disseminado que as meninas são atraídas pelos aspectos sociais do esporte e os meninos muito mais pelos aspectos competitivos. Os pesquisadores mostraram que, na verdade, o que mais conta para ambos os sexos são coisas como 'tentar o seu melhor', 'trabalhar duro', 'ficar ativo' e 'jogar junto como um time'. Esse achado se mostrou o mesmo para atletas de maior ou menor idade e ao longo de níveis mais recreativos ou mais competitivos de jogos.

Algumas pequenas diferenças quanto à idade e ao sexo também foram expostas. Por exemplo, jogadores mais jovens reportaram que era mais importante ter um técnico que os permitia 'jogar em diferentes posições' do que jogadores mais velhos. Outro exemplo, meninos deram uma maior importância a 'copiar os movimentos e truques de atletas profissionais' e a 'improvisar habilidades atléticas para jogar no mesmo nível' do que ter diversão no campo de jogo quando comparado com as meninas. Nesse último caso, a explicação em parte pode ser devido ao acentuado menor número de jogadores profissionais do sexo feminino em diversos esportes, especialmente futebol, onde além do menor número temos um drástico menor destaque.

Os achados podem ajudar os estudantes de ensino básico e fundamental a se engajarem mais nos esportes, mantendo-os mais ativos, em boa forma física e mais saudáveis. Quando reais fatores de diversão são ignorados em prol da competitividade ou da sociabilidade, isso pode tirar a vontade tanto de meninas quanto de meninos de continuarem praticando os esportes ao longo da vida estudantil. Além disso, pais e educadores podem acabar reforçando mitos associados a supostas diferenças entre meninos e meninas e acabarem fomentando o desinteresse nos esportes nas crianças.

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O mesmo alerta vale quanto ao primeiro estudo. A propagação do errôneo pensamento de que meninas são naturalmente pouco capazes em cálculos e outros problemas matemáticos pode desestimular desde cedo a busca das mulheres por áreas de atuação nas ciências exatas, independentemente da vocação e da real habilidade matemática. A sociedade como um todo sofre graves prejuízos quando talentos são desperdiçados por fatores puramente culturais e preconceituosos.


(1) Publicação do estudo: Nature

(2) Publicação do estudo: Human Kinetics

Leitura recomendada: O que é a tal da Ideologia de Gênero?

Meninos e meninas são similares na matemática e nos esportes Meninos e meninas são similares na matemática e nos esportes Reviewed by Saber Atualizado on dezembro 01, 2019 Rating: 5

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