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Evidências insuficientes de que a maconha medicinal melhore a saúde mental


Um robusto novo estudo de revisão sistemática e de meta-análise publicado ontem no periódico The Lancet Psychiatry (1) encontrou que existe escassa e inadequada evidência de que os canabinoides da maconha possam aliviar depressão, transtornos de ansiedade, transtorno de hiperatividade e déficit de atenção (TDAH), síndrome de Tourette, e transtorno de estresse pós-traumático (PTSD). Isso vai contra diversas alegações sobre o poder terapêutico dessas substâncias.

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O estudo é a mais compreensiva análise dos canabinoides medicinais e seus impactos em seis transtornos de saúde mental já realizada, combinando 83 estudos que englobaram 3 mil participantes. Foram incluídos estudos publicados e não-publicados entre 1980 e 2018, dos quais 40 eram testes clínicos randomizados controlados (o restante envolvia participantes que sabiam o que estavam tomando). Dos 83 estudos analisados, 42 foram voltados para a depressão (23 testes clínicos randomizados controlados, RCT), 31 voltados para a ansiedade (17 RCTs), 8 para a síndrome de Tourette (2 RCTs), três para o TDAH (1 RCT), 12 para o PTSD (1 RCT), e 11 para psicose (6 RCTs). Os resultados da análise desses estudos sugerem que o uso de canabinoides para essas condições de saúde mental não podem ser justificadas baseando-se no atual acúmulo de evidências científicas, e especialmente quando se considera os riscos de efeitos colaterais associados aos canabinoides (particularmente o THC).

Apesar da quantidade insuficiente de evidências científicas de que esses extratos da maconha melhorem, no geral, os sintomas dos seis transtornos mentais analisados, os pesquisadores encontraram evidências de baixa qualidade de que o THC (tetrahidocanabinol) farmacêutico pode levar a pequenas melhoras nos sintomas de ansiedade em indivíduos com outras condições médicas, como dor crônica ou esclerose múltipla. Nesse caso, sete estudos englobando 252 participantes sustentam essas evidências, apesar das melhoras observadas poderem estar associadas com melhoras nas condições médicas primárias.

Ainda com foco no THC farmacêuticos (com ou sem CBD), os pesquisadores encontraram que essa substância piorou sintomas negativos de psicoses em um estudo envolvendo 24 participantes e não não afetou significativamente quaisquer quadros primários para os transtornos de saúde mentais analisados. O THC farmacêutico também aumentou o número de pessoas que experimentaram eventos adversos (com base em 10 estudos envolvendo 1495 participantes) e o número de desistências dos participantes nos testes clínicos devido a esses eventos adversos (com base em 11 estudos envolvendo 1621 participantes) quando comparado com os grupos de placebo.

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Os canabinoides medicinais incluem maconha medicinal e canabinoides farmacêuticos, e seus derivados sintéticos, THC e canabidiol (CBD). Ao redor do mundo, cada vez mais pessoas estão procurando esses produtos para o tratamento de doenças diversas, mesmo para algumas nas quais não existem quaisquer evidências ou plausibilidade científicas para efeitos terapêuticos. Para piorar, muitos confundem maconha medicinal com uso recreativo, incluindo o fumo de maconha (modo de consumo da droga que traz diversos outros riscos à saúde) (2). E além das preocupações com os efeitos adversos dos canabinoides em diferente pacientes, existem pouquíssimos estudos de alta qualidade - duplos-cegos e envolvendo testes clínicos com grupos de placebo - que corroborem os efeitos terapêuticos da maconha frequentemente alegados. Entre exceções que podem ser citadas, temos a epilepsia - para a qual existe inclusive um medicamento a base de CBD aprovado pelo FDA (Agência de Drogas e Alimentos dos EUA) - e possivelmente o uso de CBD/THC para o alívio de sintomas em pacientes com autismo (3).

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Para saber mais, acesse:
Segundo os pesquisadores do novo estudo, em países onde os canabinoides medicinais já são legalizados, profissionais de saúde e pacientes precisam estar cientes das limitações das evidências existentes e dos riscos desses compostos. Um cuidadoso balanço de riscos e benefícios deve ser feito, e o paciente precisa ser cuidadosamente monitorado durante o uso desses produtos. Ainda segundo os pesquisadores, mais testes clínicos de alta qualidade são necessários para se avaliar esses riscos e benefícios, principalmente para produtos medicinais baseados no uso direto da planta da maconha (a maior parte dos estudos disponíveis hoje analisam os canabinoides farmacêuticos isolados do Cannabis).

(1) Publicação do estudo: The Lancet

Evidências insuficientes de que a maconha medicinal melhore a saúde mental Evidências insuficientes de que a maconha medicinal melhore a saúde mental Reviewed by Saber Atualizado on outubro 28, 2019 Rating: 5

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