Estudo de alerta traz cinco coisas que você precisa saber sobre maconha e fertilidade
A Anvisa está próxima de aprovar o plantio de maconha no Brasil para fins medicinais e de pesquisa científica, algo que já deveria ter sido feito há bastante tempo. Para o tratamento de autismo e de epilepsia, por exemplo, estudos clínicos vêm mostrando resultados mais do que promissores com o uso de extratos e de compostos ativos isolados extraídos da planta (gênero Cannabis) (1). Porém, infelizmente, muitos usam o potencial terapêutico para justificar um consumo recreativo e indiscriminado como sendo uma prática segura e sem efeitos colaterais significativos. Adolescentes, um grupo extremamente vulnerável aos efeitos adversos dessa droga, estão fazendo um uso cada vez maior dela de forma não-medicinal, e principalmente através do prejudicial fumo (2). No mundo todo, o consumo recreativo da maconha está ficando cada vez mais popular.
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(1) Para saber mais, acesse: Maconha é eficaz no tratamento do autismo?
(2) Leitura recomentada: Fumo e uso recreativo da maconha: lobo sob pele de cordeiro
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Nesse sentido, um artigo publicado esta semana no periódico CMAJ (Canadian Medical Association Journal) (3), trouxe mais um alerta sobre os possíveis efeitos adversos associados com a maconha sendo reportados na literatura acadêmica, com foco na fertilidade. Basicamente, foram cinco pontos explorados pelo pequeno artigo de revisão:
I. O principal composto ativo da maconha, THC (tetrahidrocanabinol), age sobre os receptores encontrados no hipotálamo, na glândula pituitária e nos órgãos internos reprodutivos tanto nos homens quanto nas mulheres, via ativação dos receptores canabinoides do sistema endocanabinoide. Um composto orgânico lipofílico, o THC possui uma meia vida prolongada de 20-36 horas
II. Maconha pode diminuir a contagem de espermatozoide. Fumar maconha mais de uma vez por semana já foi associado com uma redução de 29% na contagem de espermatozoide (!).
III. Maconha pode atrasar ou prevenir a ovulação. Em um estudo clínico analisando 201 mulheres, a ovulação foi atrasada em mulheres que fumaram maconha mais de 3 vezes nos 3 meses antes antes do estudo. No total de mulheres analisadas, 43% das que confirmaram ciclos anovulatórios eram fumantes de maconha, mesmo as usuárias dessa droga representando apenas 15% do grupo de estudo.
IV. Maconha pode afetar a habilidade de concepção - processo de encontro e de fusão dos gametas sexuais -em casais com problemas de fertilidade ou de sub-fertilidade, mas não parece afetar a maioria dos casais sem problemas de fertilidade.
V. Mais estudos clínicos e de melhor qualidade são necessários para firmes conclusões sobre o efeito da maconha na fertilidade.
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(!) E não mencionado pelo estudo: Exposição à maconha altera o perfil genético das células reprodutivas masculinas
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Casais tentando engravidar podem, portanto, encontrar ou não mais dificuldade com o uso recreativo de maconha. E, lembrando, que o uso dessa droga durante a gravidez, especialmente na forma de fumo, é terminantemente não recomendado. Os compostos ativos da maconha atravessam a placenta e podem causar graves danos no sistema nervoso do feto.
(3) Publicação do estudo: CMAJ
Estudo de alerta traz cinco coisas que você precisa saber sobre maconha e fertilidade
Reviewed by Saber Atualizado
on
junho 11, 2019
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