A caça aos elefantes na África caiu drasticamente
De acordo com um estudo publicado recentemente na Nature Communications (1), depois de um pico em 2011, onde 10% dos elefantes no continente tinham sido mortos por causa do marfim, em 2017, esse número caiu para menos de 4%. Porém, apesar da boa notícia inicial, o problema ainda está longe de ser resolvido, e essa queda pode ser temporária.
A partir de 2005, o número de elefantes mortos por causa das suas presas de marfim - material bastante valorizado, principalmente no mercado negro Asiático e particularmente no Chinês (2) - subiu bastante até alcançar um pico em 2011, devido à crescente demanda desse material pela China fomentada pelo aumento da renda per capita da sua população de classe média. Outros mercados Asiáticos, como na Tailândia, Malásia, Filipinas e no Vietnã, também veio também aumentando expressivamente a importação de marfim. Já pelo ano de 2014, quase um terço dos elefantes da África tinham sido mortos, reduzindo a população total para um número estimado de 352 mil. Nesse sentido, os pesquisadores do novo estudo resolveram trabalhar junto com CITES (Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e da Flora Silvestres Ameaçadas de Extinção) para analisar quais elefantes estavam sendo mortos por caçadores e quais estavam morrendo de mortes naturais. Carcaças foram investigadas em 53 locais pertencentes a parques ao longo do continente Africano, com seus reportes anuais cobrindo cerca de metade da população de elefantes.
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(2) Para saber mais sobre o assunto, acesse: Marfim e o massacre dos elefantes
Via sofisticada análise estatística, os pesquisadores encontraram que a taxa de caça vem marcadamente diminuindo desde 2011, caindo de 10% para menos de 4%. Para descobrirem a causa desse declínio, eles analisaram o comércio do marfim, em particular as flutuações de preço desse produto. Como o comércio de marfim oriundo de elefantes é ilegal, dados sobre o preço não se encontram publicamente disponibilizados. Por causa disso, os pesquisadores voltaram a investigação para o comércio de marfim oriundo do seu parente evolutivo extinto, o mamute, cujo comércio é legalizado. Foi encontrado que a taxa de caça seguiu as quedas e as altas dos preços. Nos maiores mercados Chineses, o marfim de mamutes - o qual possuiu um valor bem menor do que o marfim obtido de elefantes vivos - variaram de $22 por quilo em 2002 para mais de $90 em 2011, quando a caça alcançou seu pico.
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Muitos grupos de conservação dão crédito a essa queda - tanto no preço quanto na caça - ao banimento em 2017 pelo governo Chinês do comércio de marfim. Celebridades ativas em campanhas contra o comércio de marfim, como o ator Jackie Chan e a estrela do basquete Yao Ming também são apontando como grandes contribuidores para o declínio. Porém, especialistas temem que essa queda esteja refletindo a desaceleração na economia Chinesa dos últimos anos, algo que pode ser revertido futuramente.
Somando à variação no preço do marfim na China, os autores do novo estudo também acreditam que outros fatores também afetam significativamente as taxas de caça, como o nível de corrupção nos países, a aplicação e rigor de leis contra a caça de elefantes e o comércio de marfim, e, principalmente, o nível de pobreza nas vilas próximas das populações de elefantes. De acordo com os pesquisadores, lutar contra a pobreza pode ser um meio muito mais eficaz de combater a caça do que o endurecimento de leis, já que desestimula o fomento a novos caçadores desesperados por dinheiro e comida.
O próximo passo dos pesquisadores é analisar se as atuais populações de elefantes conseguirão sobreviver a longo prazo em diferentes cenários de pressão do comércio de marfim.
(1) Publicação do estudo: Nature
Referência adicional: Science Magazine
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A caça aos elefantes na África caiu drasticamente
Reviewed by Saber Atualizado
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junho 13, 2019
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