O Rei Balaque da Bíblia parece ter sido uma real figura histórica
De acordo com um estudo publicado esta semana no periódico Tel Aviv: The Journal of the Institute of Archaelogy of Tel Aviv University (1), o rei bíblico Balaque pode ter sido uma real figura histórica. A conclusão veio depois de uma nova leitura da Pedra Moabita, um pedra que carrega inscrições em hebraico e que data do século IX a.C. Nela, um nome na linha 31, antes sugerido estar escrito como 'Casa de David', pode, na verdade, ser a palavra hebraica para 'Balaque', um rei de Moabe mencionado na história bíblica de Balaão (Números 22-24).
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A Pedra Moabita (Mesha Stele) - também conhecida como Estela de Mesa -, e hoje em exposição permanente no Museu do Louvre, é uma pedra de basalto encontrada no ano de 1868 nas ruínas da cidade bíblica de Díbon, em Moabe (atual Jordão). As inscrições que enfeitam a pedra representam um documento com um total de 34 linhas que contam a história da expansão territorial - incluindo a vitória sobre o inimigo Israelita da dinastia Omrida - e esforços de construção do Rei Mesa de Moabe (2), este o qual é mencionado na Bíblia (II Reis 3:4-27). A Pedra Moabita acabou sendo danificada no século XI, e partes dela estão perdidas, mas porções das partes perdidas estão preservadas em uma cópia reversa das inscrições, feita antes dos danos.
Nesse sentido, os autores do novo estudo - os historiadores e acadêmicos bíblicos Prof. Nadav Na'aman e Prof. Thomas Römer, e o arqueólogo Prof. Israel Finkelstein - utilizaram técnicas fotográficas de alta-resolução da cópia reversa das inscrições, e da pedra original, para um melhor esclarecimento dos registros escritos. As análises revelaram que existem três consoantes no nome do monarca mencionado na Linha 31, e que a primeira é a letra Hebraica 'bet'. Enquanto que as outras letras na palavra estão erodidas, o mais provável candidato para o nome do monarca é 'Balaque', segundo os pesquisadores. O assento do Rei referido na Linha 31 seria então em Horonaim, uma cidade de Moabe mencionada quatro vezes na Bíblia em relação ao território Moabita ao sul do Rio Arnon.
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Na nova narrativa, Balaque aparece como Rei de Moabe. De acordo com os Números 22:36, Balaque foi da sua capital para se encontrar com Balaão "na cidade de Moabe, na fronteira formada pelo Arnon, na extremidade dessa fronteira". Portanto, de acordo com a história, o reino de Balaque estava localizado ao sul do Rio Arnon, e o texto relaciona que ele foi para se encontrar com Balaão em uma cidade periférica localizada ao longo da fronteira noroeste de Moabe, no limite do território Israelita.
Nesse cenário, Balaque pode ser uma real personalidade histórica como Balaão, este o qual, antes da descoberta da inscrição de Deir Alla, era considerado também uma figura inventada. O novo estudo indica que a leitura "Casa de David", aceita por mais de duas décadas pelos acadêmicos, não mais é uma opção. Fica sugerido o nome do Rei Moabita Balaque, quem, de acordo com a história de Balaão dos Números 22-24, procurou trazer uma maldição divina sobre as pessoas de Israel.
E isso conserta algumas inconsistências antes associada com o antigo termo 'Casa de David'. O principal é a falta de sentido quando Mesa chama o inimigo por um termo coletivo ('Casa de David'). Por que não chamá-lo pelo seu real nome, como Omri, o Rei de Israel, como aparece nas Linhas 4-5 das inscrições? De qualquer forma, as novas análises descartam o antigo termo, apesar de 'Balaque' não ser uma tradução ainda conclusiva.
"A história foi escrita posteriormente ao tempo do Rei Moabita referido na Pedra Moabita. Ainda assim, para dar um sentido de autenticidade à sua história, seu autor deve ter integrado no roteiro certos elementos emprestados da realidade Antiga, incluindo dois nomes pessoais: Balaão e Balaque", concluíram os autores do estudo.
(1) Publicação do estudo: Tel Aviv
(2) Tradução parcial da Pedra Moebita (ocultando os termos incertos das partes degradadas):
"Eu sou Mesa, filho Qemos[yat], rei de Moab, o dibonita. Meu pai reinou sobre Moabe trinta anos e eu reinei depois de meu pai. E construí este lugar alto para Quemos em Qarhoh BMS’, porque me salvou de todos os reis e porque me fez prevalecer sobre os meus inimigos. Omri era rei de Israel e oprimiu a Moab muitos dias, pois Mesa estava irado contra sua terra. E seu filho o sucedeu e disse (ele também): eu oprimirei a Moabe. Nos meus dias falou assim. Mas eu prevaleci contra ele e contra sua casa, e Israel pereceu totalmente para sempre. E Omri se apossou da terra de Medeba e habitou nela durante seus dias e metade dos dias de seu filho, quarenta anos. Porém, nos meus dias, Quemos habitou nela. E edifiquei Baal Meon e construí o reservatório e edifiquei Quiriataim. E os homens de Gade habitaram na terra de Atarote desde a antigüidade e o rei de Israel construiu para si Atarote. E pelejei contra a cidade e a tomei e matei todos os homens da cidade, uma saciedade para Quemos e Moabe. E removi de lá o altar do amado dela e o transportei para a presença de Quemos em Queriote. E assentei nela a população de Saron e a população de Mahorat. E Quemos me disse: Vai e toma Nebo de Israel. E parti durante a noite e pelejei contra ela desde o romper da manhã até o meio-dia e a tomei e matei sete mil, nativos e forasteiros, nativas e forasteiras, e mulheres, pois os devotei à destruição para Astar Quemos. E tirei de de lá os vasos de YHWH e os trouxe à presença de Quemos. E o rei de Israel havia construído Jaaz e habitava nela quando pelejou contra mim. Mas Quemos o expulsou de minha presença e tomei de Moabe duzentos homens, toda a unidade, e os levei até Jaaz e a tomei para anexar a Dibon. Eu edifiquei Qarhoh, o muro do parque e o muro da acrópole. E eu construí suas portas, e eu construí suas torres. E eu construí o palácio e eu fiz o reservatório duplo da fonte dentro da cidade. E não havia cisterna dentro da cidade, em Qarhoh, e (eu) disse a todo o povo: Fazei cada um de vós uma cisterna em sua casa. E eu excavei as valas com cativos de Israel. Eu edifiquei Aroer e eu edifiquei a estrada no Arnon. Eu edifiquei Bet Bamot, pois estava derribada. Eu edifiquei Beser com cinquenta dibonitas, pois estava em ruínas, pois toda Dibon era obediente. E eu reinei [. . . .] cem nas cidades que eu anexei à terra. E eu construí Medeba, Diblataim, e a casa de Baal Meon, e levei para lá o T’N da terra. E Horonen habitou nela em [. . . . . . .] disse Quemos para mim: Desce e peleja contra Horonaim, e desci [. . . . . . . .] nela Quemos nos meus dias e sobre [ . . .] de lá [. . . . .]"
- SOUZA, Elias Brasil de. A Pedra Moabita e a Religião de Moabe. 2009, Hermenêutica, Volume 9, 39-47.
O Rei Balaque da Bíblia parece ter sido uma real figura histórica
Reviewed by Saber Atualizado
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maio 02, 2019
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