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Psicologia evolutiva pode explicar porque serial killers homens e mulheres atuam de forma tão diferente



Homens e mulheres serial killers (assassinos em série) tendem a escolher suas vítimas e cometer os crimes de diferentes formas. Segundo um estudo publicado esta semana no periódico Evolutionary Behavioral Sciences, essa diferença de gênero pode ser devido a milhares de anos de evolução psicológica.

Assassinatos em série refere-se ao ato de matar, premeditadamente e intencionalmente, três ou mais vítimas com um período de pausa (cooling-off) entre as mortes de pelo menos uma semana. É estimado que 1 em cada 6 serial killers são mulheres (~17%). Como esse tipo de crime é raro - constituem cerca de 1% de todos os casos de assassinatos -, com baixo índice de resolução e com os criminosos sendo bastante restritos quando capturados pelas forças de segurança, cientistas possuem pouco acesso a eles para buscarem entendê-los do ponto de vista comportamental e motivacional. Nesse sentido, pesquisadores da Universidade Estadual da Pennsylvania - liderados por Marissa Harrison, professora associada de Psicologia - resolveram ajudar a preencher a lacuna acadêmica sobre esses indivíduos com base em psicologia evolutiva.

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No estudo, os pesquisadores descreveram como serial killers homens tendem a "caçar" suas vítimas, as quais são frequentemente estranhas a eles. Já mulheres serial killers tendem a "juntar" suas vítimas, visando pessoas ao redor delas já familiares, frequentemente para ganhos financeiros. As análises foram feitas a partir de dados acumulados de diversos veículos de mídia, como a Associated Press, Reuters, redes de TV, e jornais locais e nacionais. Foram 55 homens e 55 mulheres considerados serial killers, todos atuando nos EUA.

Após analisarem os dados, os pesquisadores encontraram que os serial killers homens eram quase seis vezes mais prováveis de matarem um estranho, enquanto as mulheres eram quase duas vezes mais prováveis de matarem uma pessoas que elas já conheciam. Além disso, 65,4% dos serial killers homens seguiam suas vítimas, comparado com apenas 3,6% das mulheres. Na amostra de estudo, apenas 2 mulheres seguiam suas vítimas como parte do comportamento criminoso, e, mesmo assim, haviam reportes de que homens estavam também envolvidos nos assassinatos.

Segundo a discussão no estudo, essas diferenças comportamentais - "caçar" vs "juntar" - mostram tendências sexo-específicas que espelham divisões de trabalho no ambiente natural dos nossos ancestrais humanos que emergiram na África há cerca de 300 mil anos. É estimado que 95% do percurso evolutivo da nossa espécie (Homo sapiens) desde sua emergência é caracterizada pelo comportamento de caçador-coletor. E essa atividade era geralmente dividida entre os gêneros, com os homens participando ativamente das caçadas - ou sejam, perseguiam a caça - e as mulheres coletavam alimentos, como frutas, sementes e outros vegetais. Essas atividades eram definidas pelas diferenças de musculatura, agressividade e outras diferenças morfológicas entre homens e mulheres, incluindo o processo de gravidez. Elementos físicos, sociais e ecológicos repetidos por um longo tempo podem levar a adaptações genéticas ao ambiente para maximizar as chances de sobrevivência.

Essas adaptações genéticas podem ter contribuído para acentuar o padrão de atividade cerebral diferenciado entre homens e mulheres, algo, portanto, sendo altamente conservado para diversas atividades. Mulheres serial killers gostam de juntar, reunir vítimas de áreas próximas do seu lar, geralmente familiares (80% ou mais das vítimas de mulheres as conheciam pessoalmente, incluindo filhos e namorados). Cerca de 72% das mulheres serial killers já registradas mataram pelo menos um indivíduo que estava sob seus cuidados e sem forças para revidar, com quase 44% delas já tendo matado seus próprios filhos (isso também pode refletir um comportamento extremista e patológico de proximidade maternal com a prole), e mais de 44% delas se limitando a regiões locais. Homens gostam de seguir, caçar as vítimas mais geograficamente distribuídas. Nesse último ponto, homens serial killers gostam também de guardar troféus das vítimas assassinadas, assim como caçadores esportistas e guerreiros antigos e modernos (coletar caveiras e outras partes dos inimigos derrotados como símbolo de vitória). Isso pode ser um remanescente evolucionário de caça na pré-história, onde homens exibiam troféus para mostrar o quão bom caçadores eram (impor respeito e atrair mais fêmeas, talvez).

Além disso, como a produção de esperma nos homens possui baixo custo - em comparação com as mulheres, as quais possuem um número limitado de liberação de óvulos e tempo limitado de reprodução (menopausa) -, os humanos machos podem ter se adaptado a buscar por mais parceiras - mesmo nossa espécie sendo considerada, no geral, monogâmica - para a geração máxima de descendentes carregando seu material genético. Isso pode explicar porque as vítimas de serial killers são em sua maioria mulheres - nos EUA, 80% desses criminosos visam mulheres - e o porquê do ato sexual (geralmente brutal e doentio) estar quase sempre presente durante o crime. No novo estudo, os pesquisadores encontraram que os homens são mais de 10 vezes mais prováveis do que mulheres de cometerem os assassinatos baseando-se em motivos sexuais. Como os serial killers matam as vítimas, impedindo a geração de novos descendentes, esse comportamento representa um lado patológico e extremo dessa busca ancestral por "parceiras", envolvendo também um extremismo da agressividade típica dos homens - ao contrário das mulheres serial killers que muito raramente cometem crimes envolvendo brutal violência (1), e geralmente gostam de envenenar.

(1) Leitura recomendada: Análises genéticas parecem ter revelado a identidade do Jack o Estripador

Nesse sentido, os serial killers podem ser considerados um produto colateral extremo de adaptação psicológica, espelhando tendências dos nossos ancestrais caçadores-coletores. Mulheres serial killers, por exemplo, podem se casar até 7 vezes, matando marido após marido em busca do seguro de vida ou benefícios do governo, ou seja, "coletando e juntando" recursos como parte de uma aberrante rota que reflete tendências de fêmeas ancestrais para assegurar provisão para elas e a prole.

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Como os pesquisadores estavam recolhendo informações a partir da mídia, eles também encontraram diferenças de gênero em como os serial kíllers eram apelidados para o público. Mulheres eram mais prováveis de receberem um apelido denotando o gênero feminino - como Jolly Jane ou Tiger Woman. Já homens eram mais prováveis de receberem apelidos sugerindo a brutalidade dos seus crimes, como Kansas City Slasher. Homens também tendiam a ser sentenciados à morte pelos seus crimes muito menos do que mulheres. Essas observações mostram que quando os assassinatos em série são cometidos por mulheres, o público e as autoridades tendem a vê-los com um olhar bem menos severo e de menor importância, apesar da gravidade ser a mesma.

Os achados, descritos em maiores detalhes no estudo, poderão ajudar o serviço investigativo da polícia na resolução desses crimes e agregam um maior conhecimento sobre a psicologia humana. No entanto, os autores reforçam que mesmo se assassinatos em série forem uma manifestação e/ou variante de tendências evoluídas e inconscientes, classificar um comportamento como uma adaptação não equivale a dizer que esse comportamento seja "bom" ou "correto", e assassinato não deve ser tolerado. Um motivador que é inconsciente não pode ser uma desculpa para a permissão de crimes horrendos.

Publicação do estudo: APA

Psicologia evolutiva pode explicar porque serial killers homens e mulheres atuam de forma tão diferente Psicologia evolutiva pode explicar porque serial killers homens e mulheres atuam de forma tão diferente Reviewed by Saber Atualizado on março 23, 2019 Rating: 5

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