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Alergia pré-natal faz ratos fêmeas se comportarem como ratos machos

Um estudo publicado esta semana na Scientific Reports (1) mostrou que uma única reação alérgica durante a gravidez de ratos leva a mudanças vitalícias no desenvolvimento sexual dos filhotes. Fêmeas nascidas de mães expostas a alergênicos durante a gravidez agem mais caracteristicamente como machos - tentando copular com outras fêmeas, por exemplo - e possuem cérebros e sistema nervoso que expressam um padrão de atividade similar ao dos machos. Os machos nascidos nessa mesma condição também mostram uma tendência a se comportarem como fêmeas, mas via mudanças não tão significativas quanto aquelas vistas nas fêmeas.

Estudos anteriores já haviam mostrado que interferências no sistema imune da mãe, incluindo estresse, infecção e má-nutrição, podem alterar o desenvolvimento normal do cérebro dos fetos. Mas agora é a primeira vez que alergias demonstram atuar de forma semelhante. As alergias induzidas nas fêmeas durante os experimentos para o novo estudo foram comparáveis àquelas vistas em um ataque de asma, ou seja, menos agressiva do que alergias que necessitam de atendimento médico urgente e mais robusta do que alergias típicas de mudanças estacionárias.

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Diferenciação sexual no início da vida é processada dependendo de como o cérebro é preparado para os comportamentos típicos de machos ou fêmeas, e é direcionada pelos cromossomos sexuais, hormônios, provavelmente mecanismos epigenéticos e experiências fora do útero. Essa diferenciação cerebral ocorre durante uma estreita janela de desenvolvimento que começa no pré-natal e se estende até o período inicial do pós-natal. Durante esse período crítico, mamíferos machos (cromossomos XY) são expostos a altos níveis de andrógenos que são derivados dos testículos, e esses andrógenos são convertidos a estrógenos no cérebro e subsequentemente direcionam o desenvolvimento cerebral típico do padrão visto no macho padrão. Na ausência de hormônios esteroides, o cérebro se desenvolve em um padrão típico de fêmeas. Células imunes inatas residindo no cérebro, incluindo micróglias e mastócitos, são mais numerosas no cérebro de ratos machos do que nas fêmeas. Células neuroimunes são também cruciais participantes no processo de diferenciação, especificamente na organização do desenvolvimento sináptico da área pré-óptica e levando ao comportamento sexual típico de machos na fase adulta.

Como os mastócitos - células do tecido conjuntivo que contêm em seu interior vários grânulos armazenando histamina (substância envolvida nos processos de reações alérgicas) - possuem papel importante nas alergias, os pesquisadores no novo estudo resolveram determinar se a exposição a uma resposta alérgica da fêmea grávida no útero alteraria a diferenciação sexual da área pré-óptica (POA) dos filhotes resultando em mudanças no comportamento sócio-sexual mais tarde em vida.

Para isso, ratos fêmeas grávidas foram sensibilizadas com ovalbumina (OVA) no início da gravidez e desafiadas intranasalmente com OVA no 15° dia gestacional, produzindo uma robusta inflamação alérgica apontada pela elevação imunoglobulina E na circulação sanguínea. Os filhotes dessas fêmeas foram então comparados com filhotes de fêmeas não expostas a alergênicos (controle), em termos de atividade das micróglias e mastócitos na região cerebral, padrão dendrítico espinhal nos neurônios POA, e comportamento em geral na fase adulta.

Nos úteros expostas à inflamação alérgica, houve um aumento na ativação dos mastócitos e das micróglias no cérebro neonatal, e levou à masculinização da densidade dendrítica espinhal nos neurônios POA das fêmeas. Na fase adulta, essas fêmeas mostraram um aumento no comportamento sexual típico de machos. Em contraste, machos gerados em fêmeas expostas ao OVA mostraram evidência de desmasculinização, incluindo ativação reduzida de micróglia, densidade dendrítica espinhal reduzida, diminuição no comportamento copulatório típico de machos, e diminuição da preferência olfatória por pistas associadas às fêmeas (urina de fêmeas, por exemplo). 

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Essas mudanças no comportamento sexual e atividade cerebral de fêmeas e machos expostas a efeitos colaterais de alergênicos potencialmente podem ser extrapoladas para humanos. Em outras palavras, isso se soma à lista de fatores biológicos pré- e pós-natal que influencial na determinação dos gêneros (2) e orientação sexual na nossa espécie (3). Os resultados do novo estudo também indicam que a imunoglobulina E é capaz de atravessar a barreira da placenta e atingir o feto, mas os mecanismos por trás da influência dos processos inflamatórios no corpo da mãe no desenvolvimento uterino não são ainda muito bem entendidos. Além disso, como vários transtornos neurológicos mostram uma prevalência sexo-tendenciosas - como o autismo e o TDAH -, reações alérgicas durante o desenvolvimento uterino podem ser um potencial fator de risco para esses problemas.


(1) Publicação do estudo: Nature

(2) Leitura recomendada: O que é a tal da Ideologia de Gênero?

(3) Leitura recomendada: A homossexualidade é biológica ou social?

Alergia pré-natal faz ratos fêmeas se comportarem como ratos machos Alergia pré-natal faz ratos fêmeas se comportarem como ratos machos Reviewed by Saber Atualizado on março 23, 2019 Rating: 5

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