Esteroides anabolizantes estão ligados a um risco 3 vezes maior de morte prematura nos homens

De acordo com um estudo publicado esta semana no periódico Journal of Internal Medicine, homens que usam esteroides anabolizantes - como testosterona - podem encarar um risco expressivamente maior de morrerem mais cedo e de experienciarem mais admissões nos hospitais.

Para o estudo, 545 homens que usavam anabolizantes androgênicos foram comparados com 5450 homens no grupo de controle (não usavam anabolizantes). Somando-se a isso, 644 homens que se recusaram a se submeter a um teste de drogas específico* (inferindo-se que provavelmente estavam usando os anabólicos hormonais) foram comparados com 6440 homens em outro grupo de controle como um cohort de replicação. Todos os participantes possuíam a mesma idade, residiam na Dinamarca e foram escolhidos de forma aleatória. O uso de esteroides entre os participantes era feito de forma indiscriminada, sem necessidade médica (no cohort de replicação, todos praticantes de musculação).

Ao longo de 7,4 anos (média), houve 7 mortes (1,3%) entre os usuários de esteroides anabolizantes androgênicos e 23 mortes (0,4%) entre os participantes no grupo de controle. Em outras palavras, um risco três vezes maior de morte prematura associado ao uso de anabolizantes. Já o número médio de admissões nos hospitais foi de 0,81 no grupo dos anabolizantes e 0,36 no controle. Acne, ginecomastia (1), infertilidade e disfunções eréteis afetaram mais de 10% dos usuários de anabolizantes, com a prevalência dessas desordens sendo bem maior do que nos homens incluídos no controle (2 vezes mais no caso de infertilidade e 10 vezes mais em disfunções testiculares, por exemplo). Resultados similares foram reportados no segundo no cohort de replicação, com um risco de morte prematura entre os usuários suspeitos 4,6 vezes maior do que aquele encontrado no controle.

• (1) Soluções naturais para a aromatização de andrógenos?

A testosterona e seus derivados aplicados de forma exógena interferem com o eixo hipotalâmico-pituitário-gonadal, resultando em baixos níveis de gonadotropinas e levando a uma diminuição da produção endógena de testosterona. Esse processo resulta nos problemas relativos às disfunções eréteis e testiculares. Além disso, os anabolizantes androgênicos estão associados com efeitos adversos nas funções cardiovasculares, interferindo negativamente com a pressão arterial, aumentando a rigidez aórtica, e diminuindo o HDL no sangue ("bom colesterol") e aumentando o LDL ("mau colesterol").

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Ao redor do mundo, é estimado que 6% dos homens utilizem anabolizantes androgênicos em algum momento da vida, especialmente para o propósito de crescimento muscular acelerado entre atletas e fisiculturistas. Os resultados do novo estudo vêm para reforçar que essas drogas estão longe de serem seguras sob uso indiscriminado e abusivo, e acabam tendendo a cortar e reverter os efeitos benéficos associados às atividades físicas (musculação, entre outras).

Importante também lembrar que, segundo os autores, outras co-variáveis também podem estar presentes amplificando os efeitos adversos dos anabolizantes androgênicos, como drogas estimulantes. Usuários de anabolizantes geralmente estão mais dispostos a tomar decisões associadas a um maior risco à saúde do que outras pessoas.


*Na Dinamarca, o programa Anti-Doping Denmark fiscaliza 342 grandes centros de atividades físicas (academias), realizando cerca de 1000 inspeções anuais nesses locais e testando pessoas suspeitas de estarem usando anabolizantes androgênicos. Pessoas que se recusam a fazer o teste são banidas por 2 anos como membro dessas academias.


Publicação do estudo: JIM