Estudo encontra que bebidas açucaradas parecem ser tão viciantes quanto drogas de abuso

Além de fazerem mal à saúde, pesquisadores da Universidade da Califórnia, EUA, mostraram que as bebidas açucaradas parecem ser viciantes, assim como bebidas alcoólicas e cigarros. Adolescentes entre 13 e 18 anos que são privados de consumir bebidas açucaradas por apenas três dias reportaram dores de cabeça, fortes ânsias e outros sintomas que tipicamente emergem quando uma droga de vício é retirada de um viciado (abstinência). O achado foi publicado esta semana no periódico Appetite.

Para chegarem nesse achado, os pesquisadores analisaram 25 participantes adolescentes que reportaram consumir, no mínimo, três bebidas açucaradas diariamente (como refrigerantes e sucos industrializados). Eles foram escolhidos aleatoriamente e receberam, além de compensação pelos gastos de locomoção, um incentivo de $160 pela participação. 72% dos participantes eram mulheres e viviam na área de San Francisco Bay, e 76% estavam com sobrepeso ou eram obesos.

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Os participantes foram deixados por 5 dias consumindo bebidas açucaradas - como normalmente faziam - e depois deixados 3 dias privados dessas bebidas, consumindo apenas água ou leite. Foram feitos também testes de saliva durante os 5 dias iniciais, para verificar a presença de cafeína, já que esta substância também costuma provocar sintomas de abstinência. A maioria dos participantes não possuíam altos níveis de cafeína no sangue, reduzindo as chances de sintomas conflitantes.

Durante os 3 dias de abstinência, os participantes reportaram um aumento em ânsias, dores de cabeça, uma diminuição de motivação, menor contentamento, menor habilidade de concentração e, no geral, uma diminuição na sensação de bem-estar. Esses sintomas prevaleceram associados com a retirada das bebidas açucaradas mesmo quando outras co-variáveis foram levadas em conta.

O potencial caráter viciante das bebidas açucaradas encontrado neste estudo corrobora estudos anteriores que também sugeriam tal associação. Esse é mais um alerta de que campanhas mais pesadas deveriam ser dirigidas para esses alimentos, especialmente no marketing voltado para crianças e adolescentes. O excesso no consumo de açúcar (sacarose no geral) aumenta e muito os riscos de obesidade, diabetes, cáries e diversos outros problemas crônicos cardiometabólicos associados a essas duas condições.


Publicação do estudo: Appetite