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Essa escultura de quase 12 mil anos atrás pode representar as primeiras visões humanas de demônios e tabus


Em 24 de janeiro de 1894, mineradores de ouro encontraram, próximo da cidade Russa de Yekaterinburg, nos Montes Urais, algo bem estranho: 10 fragmentos de madeira pertencentes a uma estátua entalhada de 5,3 metros de comprimento, e enterrados a 4 metros de profundidade, em um solo de turfa. A peça como um todo estava coberta na frente e atrás com faces humanas e mãos humanas, junto com linhas em zigzag e outros misteriosos detalhes. Além disso, trazia também na ponta uma cabeça humana esculpida com uma boca aberta em um "O". Por mais de um século, a estátua foi exibida como uma curiosidade em um museu de Yekaterinburg, e acreditava-se que possuía apenas alguns poucos milhares de anos.

Agora, um estudo recentemente publicado no periódico Antiquity (1) trouxe evidência de que a estátua possui cerca de 11600 anos, tornando-a um dos mais antigos exemplos de arte monumental. Além disso, é o único trabalho artístico e simbólico feito em madeira conhecido que sobreviveu da Idade da Pedra. Chamado de Estátua Shigir, a obra é semelhante às esculturas de Göbekli Tepe, na Turquia, as quais são geralmente citadas como as primeiras obras monumentais ritualísticas, também construídas por caçadores-coletores na mesma época.


Além disso, o achado implica que obras de arte mais profundas e ritualísticas primeiro emergiram em mais de um lugar no mundo e que a Estátua Shigir  foi trabalho de humanos caçadores-coletores, e não de sociedades agrícolas, como antes se assumia. Em outras palavras, complexos rituais e expressões de ideias não estão necessariamente associados com a ascensão da agricultura, se os resultados do novo estudo forem corroborados por outras análises independentes (!).


Aliás, o novo estudo vêm para corroborar o primeiro trabalho de datação da peça na década de 1990, onde os cientistas determinaram uma idade em torno de 9800 anos. Na época, muitos especialistas na área de arqueologia rejeitaram a datação, argumentando que a obra era implausivelmente muito antiga, já que caçadores-coletores supostamente não possuíam uma criatividade simbólica e background sócio-cultural tão complexos para decorá-la daquela forma.

A nova datação foi realizada com radiocarbono a partir de amostras retiradas do núcleo não contaminado da estrutura de madeira da escultura. Para dar ainda mais confiabilidade aos resultados, um chifre entalhado descoberto no século XIX próximo do local onde a estátua foi desenterrada também possuía uma idade similar ao se utilizar a mesma técnica de datação.

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(!) ATUALIZAÇÃO (24/03/21): Um estudo publicado no periódico Quaternary International (2) encontrou que a relíquia (Estátua de Shigir) é ainda mais antiga: em torno de 12,5 mil anos e produzida a partir de uma árvore que já tinha quase 160 anos de idade. Os pesquisadores reforçaram que a complexa iconografia dos padrões geométricos e da face humana sugere que as antigas sociedades na região eram mais sofisticadas do que previamente pensado, somando-se a outras evidências arqueológicas do Glacial Tardio no mesmo sentido.
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A Estátua Shigir, nesse sentido, foi esculpida em uma época quando as florestas estavam se espalhando ao longo de uma Eurásia pós-glacial mais quente - no início do Holoceno. À medida que a paisagem foi mudando drasticamente, parece que a visão de mundo dos humanos coletores-caçadores também foi mudando, de forma a tentar entender o que estava ocorrendo com o ambiente em volta. Aliás, arte figurativa no Paleolítico e animais naturalísticos pintados em cavernas e entalhados em rochas pararam de serem feitos no fim da Era do Gelo.

Segundo o co-autor do novo estudo e arqueólogo Mikhail Zhilin, da Academia Russa de Ciências, em Moscou, a estátua parece retratar espíritos e demônios de florestas locais, com os riscos gravados em padrões de zigzag podendo ser um tipo de "Mantenha Distância!" para alertar sobre uma área perigosa ou associada a algum tabu.

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(1) Publicação do estudo:  https://www.cambridge.org/core/journals/antiquity/article/early-art-in-the-urals-new-research-on-the-wooden-sculpture-from-shigir/

Referência adicional: Science Magazine


Essa escultura de quase 12 mil anos atrás pode representar as primeiras visões humanas de demônios e tabus Essa escultura de quase 12 mil anos atrás pode representar as primeiras visões humanas de demônios e tabus Reviewed by Saber Atualizado on abril 30, 2018 Rating: 5

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