Encontrado lagarto de quatro olhos que viveu há 49 milhões de anos

Um time de pesquisadores reportaram, em uma publicação hoje da Current Biology, a descoberta do único exemplar conhecido de uma criatura vertebrada e com mandíbula que apresenta um sistema de quatro olhos. A espécie, nomeada de Saniwa ensidens, viveu no planeta há cerca de 49 milhões de anos e possuía dois olhos normais e também duas estruturas visuais (fotossensíveis) - chamadas de "olhos" pineal e parapineal - no topo da sua cabeça.

A descoberta dessa peculiar configuração ocular foi feita a partir da análise de dois fósseis pertencentes a dois espécimes dessa espécie desenterrados em 1871. Detalhados por escaneamento via raios-X,  uma tomografia computadorizada revelou dois buracos no topo do crânio desse réptil. Os buracos estariam conectando o cérebro do lagarto às estruturas visuais (órgãos pineal e parapineal).

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Apesar de incomuns, muitos vertebrados vivos hoje - como tartarugas, lagartos e peixes - possuem um terceiro "olho" no topo da suas cabeças, os quais são usados para amplificar a fotossensibilidade - particularmente para luzes de ondas mais curtas - e podem ser importantes para o senso de direção (orientação celestial) ou para a regulação do relógio biológico desses animais. Mas, com exceção de lampreias sem mandíbulas, o extinto lagarto é o único vertebrado conhecido a ter duas dessas estruturas (muito provavelmente via atavismo). Segundo os pesquisadores, é provável que essa espécie as usavam como um compasso, ajudando na orientação geográfica.

A descoberta também levanta questões sobre a evolução e interpretação funcional do órgão fotossensor em outras clades tetrápodes, considerando a presença do parapineal apenas no Saniwa ensidens entre os seres com mandíbula (pelo menos até onde se sabe). Além disso, o novo achado pode ajudar a responder o porquê do olho pineal ter sido perdido tantas vezes ou mantido de forma menos frequente durante a evolução dos vertebrados.

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Publicação do estudo: Cell