Asma ligada à infertilidade, mas não para mulheres submetidas aos tratamentos de longa ação para o problema
Segundo um estudo publicado esta semana no periódico European Respiratory Journal, mulheres com asma que somente usam aliviadores asmáticos de curta ação levam mais tempo para se tornarem grávidas do que as outras mulheres. No entanto, o estudo, envolvendo quase 6 mil mulheres da Austrália, Nova Zelândia, Reino Unido e Irlanda, também mostrou que as mulheres com asma que usam interventores asmáticos de longa ação não apresentam um risco maior de infertilidade gerado pela asma.
Os pesquisadores da Universidade de Adelaide - responsáveis pelo novo estudo - analisaram dados de um estudo anterior conhecido como SCOPE (International Screening for Pregnancy Endpoints), este o qual englobou 5617 mulheres esperando seus primeiros bebês nos estágios iniciais de gravidez. Essas mulheres foram questionados sobre se tinham sido diagnosticada com asma e, se sim, qual medicamento elas estavam usando. As mulheres também foram questionadas sobre o tempo que levaram para engravidar após contínuas tentativas.
Mais de 10% das mulheres analisadas disseram ter asma e, em geral, demoraram mais tempo para engravidar do que o normal. Mas quando os pesquisadores separaram essas mulheres em dois grupos de acordo com o tipo de tratamento para a asma que elas estavam sendo submetidas, nenhuma diferença de fertilidade foi encontrada entre mulheres usando tratamentos de longa ação e mulheres sem asma.
No caso das mulheres usando somente beta-agonistas de curta ação, essas demoraram cerca de 20% mais tempo para engravidarem do que a média. Elas também eram 30% mais prováveis de terem levado mais de 1 ano para engravidarem, limite de tempo que os especialistas definem como a linha separando mulheres com problemas de infertilidade.
Essas diferenças persistiram mesmo quando os pesquisadores levaram em conta outros fatores conhecidos por influenciarem a fertilidade, como a idade e a porcentagem de massa adiposa no corpo.
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Estudos anteriores já tinham mostrado uma forte ligação entre a asma e a infertilidade, algo confirmado pelo novo estudo. O que ainda é incerto seria como a asma ou os medicamentos para a condição, baseados em supressores corticosteroides (longa ação) e beta-agonistas (curta ação), agem interferindo na fertilidade da mulher. Existem hipóteses de que a asma reduz o suprimento de sangue uterino ou aumenta a infiltração de células inflamatórias na camada mucosa do útero, com ambos os efeitos dificultando a implantação. Isso é reforçado por estudos mostrando que mulheres asmáticas possuem um reduzido fator de crescimento vascular endotelial comparado com mulheres não-asmáticas.
Levando uma das hipóteses (células inflamatórias) em consideração - e lembrando que inaladores corticosteroides suprimem o sistema imune, enquanto os tratamentos de curta-ação não alteram as funções imunes -, em mulheres usando apenas aliviadores é possível que, enquanto os sintomas da asma melhoram temporariamente, inflamações podem ainda estar presentes no pulmão e outros órgãos do corpo.
Cerca de 5-10% de todas as mulheres ao redor do mundo possuem asma, sendo uma das condições médicas crônicas mais comuns em mulheres na idade reprodutiva (8-13%). Esse novo achado vem para reforçar que os inaladores de corticosteroides não parecem reduzir a fertilidade ou causar danos à gravidez, apesar da crença contrária de muitas mulheres asmáticas. Além disso, existem muitas evidências mostrando que a asma materna não controlada possui um sério impacto negativo na saúde de mulheres grávidas e para seus bebês, o que reforça ainda mais a importância de controlar o problema continuamente antes, durante e depois da gravidez com vias terapêuticas de longa ação.
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Publicação do estudo: ERJ
Asma ligada à infertilidade, mas não para mulheres submetidas aos tratamentos de longa ação para o problema
Reviewed by Saber Atualizado
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fevereiro 16, 2018
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