A maioria dos pais está introduzindo alimentos complementares na época errada para os bebês
Publicado esta semana no Journal of the Academy of Nutrition and Dietetics, um estudo norte-americano mostrou que nos EUA mais da metade dos bebês estão atualmente sendo introduzidos a alimentos complementares - comida ou bebida que não seja leite materno ou fórmula - mais cedo do que deveria ser. Além disso, uma boa parte deles está recebendo alimentos complementares mais tarde do que o recomendado.
As atuais recomendações das autoridades de saúde estipulam que os bebês deveriam ser introduzidos aos alimentos complementares ao redor dos 6 meses de idade. Os pesquisadores do novo estudo, analisando dados de 2009 a 2014 do NHANES (National Health and Nutrition Examination Survey), conseguiram ter acesso ao consumo alimentar de 1482 crianças com idades entre 6 meses e 36 meses, acumuladas durante entrevistas com várias famílias ao longo do território norte-americano. Tudo o que não é leite materno - o alimento ideal para o bebê (1) - ou fórmula, foi considerado como alimento complementar, incluindo água, açúcar, leite de vaca, comida de bebê, sucos, etc.
A análise dos pesquisadores mostrou que somente cerca de um terço (32,5%) dos bebês nos EUA, estavam sendo introduzidos aos alimentos complementares na idade recomendada. 16,3% foram introduzidos aos alimentos complementares antes de 4 meses de idade e 12,9% aos 7 meses de idade ou mais.
A introdução de alimentos complementares muito cedo aos bebês pode levá-los a perderem importantes nutrientes que vêm do leite materno ou das fórmulas. Já introduzindo-os muito tarde está associado com deficiências nutricionais.
A causa de muitos pais não estarem seguindo a atual recomendação dos profissionais de saúde é parte devida às antigas recomendações de órgãos de saúde entre as décadas de 1950 e 1980, período onde houve uma drástica variação em relação a estipulação de quando seria o melhor momento de introduzir alimentos sólidos para os bebês. 3 meses e 4 meses de idade já chegaram a ser estabelecidos, até ser fixado em 6 meses na década de 1990, à medida que mais estudos científicos de boa qualidade sobre o assunto foram sendo acumulados ao longo das décadas (2).
É sempre bom consultar um profissional de saúde na área e seguir as recomendações oficiais. Nunca saia ouvindo conselhos populares sobre o assunto, especialmente se tratando da saúde de um bebê. O mel é um bom exemplo disso. Seja para oferecer algo novo para o bebê, seja para incentivá-lo a beber água, alguns pais oferecem mel para os pequenos comerem ou adoçam certas bebidas com ele, pensando estar oferecendo um alimento saudável e natural. Mas para crianças menores do que 1 ano de idade, as agências de saúde recomendam nunca dar-lhes mel, pois este alimento pode conter quantidades perigosas para o recém-nascido da bactéria Clostridium botulinum, a causadora do botulismo. Depois de 1 ano de idade, já começa a ser mais seguro dar mel aos bebês, já que o seu sistema imunológico estará mais forte. Mas isso deve ser feito de forma bem restrita.
(1) Sugestão de leitura: Leite ou Fórmula para o bebê?
(2) É difícil fazer estudos clínicos de controle desse tipo com bebês porque nenhum pai quer ter o seu filho como 'cobaia' (e nem seria ético tal coisa). Outras metodologias menos eficientes acabam sendo empregadas, o que gera tais mudanças significativas de posicionamento.
Publicação do estudo: JAND
A maioria dos pais está introduzindo alimentos complementares na época errada para os bebês
Reviewed by Saber Atualizado
on
janeiro 04, 2018
Rating: