Cuidado com as medicinas alternativas envolvendo ervas
Como já explorado em um artigo para o Saber Atualizado (O que não é 'Natural'?), muitos tendem a achar que ervas e outras medicinas ligadas diretamente à natureza são a melhor e mais saudável opção porque são 'naturais', independentemente do tipo. E isso é perigoso, tanto por afastar as pessoas de tratamentos tradicionais muito mais eficientes quanto ao expô-las a toxinas diversas.
Nesse sentido, um estudo publicado esta semana na Science reforçou o alerta contra medicinas alternativas que usam ervas contendo um composto chamado ácido aristolóquico. Os pesquisadores mostraram que o consumo dessa substância permanece bastante disseminado na Ásia e, particularmente, em Taiwan, algo que parece estar aumentando o risco de múltiplos tipos de câncer.
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Essa substância já havia sido previamente ligado à falência renal assim como a cânceres do trato urinário. Por causa disso, ervas contendo esse composto foram restritas ou banidas em alguns países, mas ainda estão disponíveis para compra na internet e formulações alternadas. Entre as fontes primárias, encontramos plantas do gênero Aristolochia e outras relacionadas, as quais contêm nefrotoxinas e mutagênicos na forma do já citado ácido aristolóquico e compostos similares (coletivamente conhecidos como 'AA').
A prevalência de falhas renais e cânceres do trato urotelial superior é alta em Taiwan, algo fruto do alto consumo dessas ervas "medicinais" na região.
No novo estudo, os pesquisadores também investigaram o papel dos AA nos carcinomas hepatocelular. Para isso, foi sequencidado o exoma inteiro de 98 pacientes de dois hospitais em Taiwan e encontraram que 78% deles mostraram distintas assinaturas de mutações de exposição aos AA, contando pela maior parte das mutações não-silenciosas em conhecidos genes promotores de câncer. Em seguida os pesquiadores fizeram o mesmo procedimento com outras 1400 pessoas com esse tipo de carcinoma em várias regiões geográficas na Ásia.
O resultado foi que 29% dos pacientes analisados no Sul Asiático e 47% na China continham tal assinatura derivada dos AA. Além disso, na Coreia, Japão, América do Norte e Europa também continham número significativo de pacientes com o problema ligado aos AA.
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Infelizmente, a exposição a essas substâncias e perigosas ervas ainda é alta e está sendo responsável por graves danos nas populações de diversas regiões, especialmente na Ásia, onde o consumo dessas ervas é maior.
Portanto, fica o alerta: sempre pesquise bem antes de consumir tais produtos e, se possível, sempre siga as orientações de um médico responsável, preferindo vias terapêuticas comprovadamente eficazes e seguras. Não acredite em qualquer propaganda espalhada por aí, por mais "natural" que ela seja. É a sua saúde em jogo.
Publicação do estudo: Science
Cuidado com as medicinas alternativas envolvendo ervas
Reviewed by Saber Atualizado
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outubro 26, 2017
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