Aumento dos níveis dos mares decorrente do aquecimento global está criando os primeiros Nativos Americanos refugiados

O aumento dos níveis dos mares consequente das mudanças climáticas -  estas disparadas pelo aquecimento global -, junto com atividades humanas diversas, estão rapidamente criando o pior cenário possível para os Nativos Americanos do Delta Mississipi, EUA. Os habitantes ali não só estão perdendo suas casas mas também sua cultura.

Apesar de muitos negacionistas não darem crédito ao aquecimento global antropogênico - ou mesmo ao aquecimento global em geral, no caso dos mais desinformados -, subestimarem os danos das atividades humanas na superfície do planeta e acreditarem que não existe contínuo e gradual aumento do nível dos mares nos últimos anos - algo já comprovado há tempos - essa nova tragédia vem para provar a realidade contrária.

Devido à construção de canais, extração de óleo e gás da Costa do Golfo, mudanças climáticas e interferência nos sistema de deltas do Rio Mississipi, a gigantesca perda de terra foi inevitável para a região. E mesmo as poucas áreas com "terra seca" foram afetadas negativamente pelos alagamentos das terras ao redor. É, basicamente, um conjunto de ações antropogênicas levando pesados danos a quem não tem nada a ver com a devastação ambiental.

Os membros tribais na região de Dulac vivem a 27 quilômetros da costa, mas, apesar disso, a comunidade vem perdendo território para as águas em uma média de 1% ao ano, entre 1974 e 1990. Uma análise mais recente mostra que os índices de subsidência na área de Dulac estão em uma média de 12,5 milímetros por ano - um valor figurando entre os mais altos no sul de Louisiana.

Várias áreas agora precisam ser cruzadas por barco e, em Dulac, locais que antes nunca eram inundados pelo mar agora regularmente o são. Não mais é necessário uma tempestade para alagar diversas áreas, bastando apenas que um vento do sul coincida com a maré alta de verão. Nesses alagamentos, até mesmo caixões em túmulos sagrados acabam sendo carregados para sempre pelas águas marinhas, dando um golpe ainda mais profundo na cultura do povo que ali habita.

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Para minimizar os efeitos dos alagamentos, muitas casas têm sido elevadas em torno de 4 metros com a ajuda de "pernas de pau", com uma delas alcançando incríveis 5,8 metros de elevação para escapar das águas invasoras. Já outras propriedades simplesmente foram perdidas por falta de recursos para elevá-las. Além disso, esses novos esforços de proteção estão tornando o dia-a-dia desse povo extremamente difícil, especialmente para os idosos (em termos de deslocamento).

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Uma solução seria relocar as pessoas que ali vivem, porém isso é bastante difícil, porque prejudica a tradição dos nativos e seu apego pelas terras dos seus ancestrais. Mesmo assim, muitos estão fugindo da região, por falta de opções, e estão sendo oficialmente considerados os primeiros refugiados nativos americanos gerados pelas mudanças climáticas. Tribos de regiões vizinhas também estão sendo afetadas em alguma intensidade com o processo.

O preocupante processo afetando esses nativos será apresentado nessa próxima segunda-feira, durante um encontro da Sociedade Americana de Geologia, em Seattle, Washington.

Referências:
1. https://gsa.confex.com/gsa/2017AM/webprogram/Paper295019.html
2. http://www.geosociety.org/GSA/News/Releases/GSA/News/pr/2017/17-54.aspx