Forte conexão evolucionária entre plasmídeos e vírus!
Pesquisadores da University of New South Wales, estudando micróbios em lagos salgados na Antártica, descobriram um novo modo de compartilhamento de DNA por microrganismos do reino Archaea - Haloarchaea - que pode ajudá-los a crescer e sobreviver, e que pode explicar parte da história evolucionária dos vírus no planeta.
O estudo, publicado na Nature Microbiology, analisou amostras de água salgada do Lado da Ilha Rauer, na Antártica, onde encontrava-se os micróbios Haloarchea, os quais são procariontes e similares às bactérias. Esses seres unicelulares podem sobreviver até mesmo no Lago Profundo, formado há cerca de 3500 anos e tão salgado que sua porção de água - 36 metros de profundidade e 5 km de extensão - fica líquida mesmo sob temperaturas de 20°C negativos (1).
Entre as cepas analisadas desses micróbios, os pesquisadores encontraram uma que continha plasmídeos - pequenas moléculas de DNA que podem se replicar independentemente em uma célula hospedeira, e que frequentemente contêm genes úteis para um organismo. Ao contrário de vírus, os quais possuem seu material genético envolto por uma cápsula proteica protetora, os plasmídeos geralmente se movem de célula para célula por contato ou como pedaços "nus" de DNA.
Porém, os plasmídeos que os pesquisadores encontraram nesses micróbios eram meio que similares a vírus. Esses plasmídeos produziam proteínas que penetravam na membrana das células hospedeiras e permitiam que pedaços da dessa última os envolvessem durante a saída da célula. Encapsulados nessas membranas, os plasmídeos conseguiam infectar outras células da mesma espécie que não possuíam plasmídeos e, posteriormente, iniciar sua replicação.
Além disso, os pesquisadores também mostraram que esses plasmídeos podiam incorporar parte do DNA da célula hospedeira e, assim, produzir membranas para servirem de vesículas protetoras. Encapsuladas desse modo, esses plasmídeos ficam prontos para infectar outras células.
Essa é a primeira vez que tal mecanismo é documentado e pode representar a provável origem para certos tipos de vírus no planeta. A partir desses plasmídeos especiais, estruturas protetoras mais sofisticadas podem ter surgido, gerando potentes invasores. Em outras palavras, alguns vírus podem ter evoluído de plasmídeos.
Publicação do estudo: Nature
(1) Para um melhor entendimento sobre esse processo físico-químico, sugiro a leitura do artigo: Por que o sal derrete o gelo
Forte conexão evolucionária entre plasmídeos e vírus!
Reviewed by Saber Atualizado
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agosto 21, 2017
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