Concentração e número de espermatozoides estão em forte declínio ao redor do mundo, apontam estudos

- Atualizado no dia 17 de maio de 2024 -

No primeiro estudo de revisão sistemática e meta-análise sobre as tendências de contagem de espermatozoides na população humana contemporânea, pesquisadores da Hebrew University-Hadassah Braun e da Escola de Medicina Icahn no Monte Sinai reportaram um forte declínio na concentração e quantidade total de espermatozoides entre homens de países Ocidentais nos últimos 40 anos.

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O preocupante achado, reportado e detalhado em 2017 no periódico Human Reprodution Update (Ref.1), foi feito a partir da análise de 7500 estudos prévios e condução de uma meta-regressão em 185 estudos entre os anos de 1973 e 2011. Os resultados mostraram um declínio médio de 52,4% na concentração de espermatozoides e um declínio médio de 59,3% na contagem total de espermatozoides entre homens da América do Norte, Europa, Austrália e Nova Zelândia. E, para piorar, o estudo também mostrou que a taxa de declínio não está diminuindo. A inclinação de curva continuou bastante negativa mesmo quando o intervalo analisado era entre 1996 e 2011.

Já entre os homens da América do Sul, Ásia e da África, não houve observação de significativos declínios, porém os dados acumulados e analisados para populações nesses continentes foram limitados (!).

Em todas as amostras de controle analisadas, não houve seleção em relação ao status de fertilidade dos homens, ou seja, foi aleatória.

Declínios na contagem de espermatozoides já eram reportados desde 1992, mas essas alegações eram controversas e baseadas em evidências muito limitadas. O novo estudo de revisão reforça essas evidências prévias, apontando também que a situação era mais grave do que o pensado, e que o número de homens com contagens abaixo da linha de fertilidade está aumentando pronunciadamente. Uma baixa contagem de espermatozoides afeta diretamente a capacidade fértil do homem e também é um potencial reflexo da saúde masculina em geral. Aliás, os resultados do estudo também podem ajudar a explicar ou corroborar reportes de substancial queda de fertilidade da população humana nos últimos anos - apesar do tópico permanecer controverso.

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(!) Atualização: Um estudo de revisão sistemática e meta-regressão mais recente e bem mais compreensivo conduzido pelo mesmo time de pesquisadores do estudo de 2017 reforçou a existência de uma forte e acelerada queda na contagem de espermatozoides e a nível global, incluindo continentes com dados prévios limitados (América do Sul, África e Ásia). Os autores do estudo reforçaram que medidas urgentes são necessárias para encontrar a causa e prevenir piora da situação nos próximos anos e décadas.

Contagem de espermatozoides continua declinando no século XXI a uma taxa acelerada e a nível global. Entre 1973 e 2018, declínio médio encontrado foi de 51,6%. Ref.2

Por outro lado, um estudo de revisão sistemática e meta-regressão publicado em 2023 no periódico Andrology (Ref.7), analisando dados acumulados nas últimas duas décadas (2010-2020), não encontrou variações significativas ao longo do tempo nos parâmetros de contagem e de concentração de espermatozoides nas populações humanas de países Europeus Ocidentais e dos EUA. Foram analisados 62 papers relevantes incluindo informações de >24 mil homens. Os autores dessa revisão também apontaram potenciais problemas metodológicos nos estudos conduzidos por Levine et al. (Ref.1-2).

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Especialistas ainda não se sabem o que está causando o alegado forte declínio de concentração e contagem de espermatozoides ao redor do mundo. É provável que substâncias químicas em produtos industrializados estejam ligadas ao aparente fenômeno. Fatores diversos associados ao estilo de vida mais moderno apontados como suspeitos incluem a crescente crise de obesidade, problemas de sono e estresse, poluição excessiva, e maior exposição a pesticidas, microplásticos, bisfenol A, aditivos alimentares, metais pesados, entre outros.

REFERÊNCIAS