Novo biodiesel prático e barato pode substituir em 100% o diesel de petróleo!

E um estudo publicado na Science desta semana descreve um novo processamento químico que consegue transformar óleo de semente de colza (e eventuais outros óleos), junto com (bio)etileno, em biocombustível utilizando energia mínima (aquecimento para apenas 60°C), sem a ajuda de solventes, sem produzir subprodutos (lixo, sobras) e o mais importante: capaz de rodar em qualquer motor diesel, não só em alguns poucos especialmente projetados para rodar com puro biodiesel!

Geralmente, os veículos movidos a diesel só aceitam misturas com um máximo de 5 a 20% de biodiesel para funcionarem bem. Isso porque o biodiesel padrão é formado homogeneamente por cadeias moleculares de mesmo tamanho (cerca de 18 carbonos), enquanto o diesel do petróleo é formado por cadeias curtas e longas. Cadeias orgânicas (considerando um mesmo grupo químico) de mesmo tamanho tendem a entrar em ebulição em uma mesma temperatura, sendo que as menores tendem a entrar primeiro em ebulição e as maiores em temperaturas mais altas. E isso é um problema para o biodiesel, porque para não danificar o motor, as moléculas da mistura do combustível não podem entrar todas em ebulição ao mesmo tempo.

O novo método utiliza um catalizador de Pd/Ru (paládio e rutênio), onde o óleo de semente de colza é submetido a uma metátese de isomerização sob um fluxo de gás etileno, produzindo uma mistura definida de olefina, monoéster e diéster. A mistura possui um aspecto químico muito parecido com o diesel convencional, juntando moléculas curtas e longas.

Esse novo e impactante refinamento aumenta bastante o aproveitamento de fontes renováveis para suprir a demanda por combustíveis, e sem diminuição no nível de desempenho do motor a diesel (o biocombustível aqui produzido atende ao padrão EN 590 para motores com (petro)diesel), além de gigantesca economia de energia e recursos em sua produção.

Apesar de já existir um biodiesel com a capacidade de substituir o diesel completamente, o novo método é bem mais barato e prático em sua produção.

Porém, alguns problemas podem surgir na tentativa incorporar o novo biodiesel nos veículos, isso porque o processamento não consegue remover compostos de éster, estes os quais podem atrair água e reduzir o potencial de armazenamento a longo prazo e transporte do mesmo. Além disso, é preciso verificar ainda com inúmeros testes seu real desempenho em diferentes motores para ver se não ocorrerá degradação nesses últimos a longo prazo.

De qualquer forma, é um grande avanço que, com aperfeiçoamentos futuros, poderá reduzir significativamente a demanda por combustíveis fósseis.

Publicação do estudo: Science

Referência adicional: LATimes