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Qualquer sangramento vaginal após a menopausa deve ser tratado como um sinal de alerta para câncer endometrial, alerta estudo

 

Apesar do fato de o câncer endometrial representar a doença cancerígena mais comum dos órgãos reprodutivos femininos, significativa parte da mulheres não sabem que sangramento vaginal na fase de pós-menopausa - independentemente do número de episódios - é um importante sinal de alerta para esse tipo de câncer. Pior, muitas mulheres reportam que não receberam qualquer esclarecimento sobre o assunto de médicos. Esses preocupantes achados foram reportados recentemente no periódico Menopause (Ref.1).


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O câncer endometrial é um tipo comum de tumor maligno que afeta o útero, especificamente o revestimento interno do órgão (endométrio). Aliás, cerca de 95% das neoplasias malignas do corpo do útero se original no endométrio. Os tumores surgem quando as células do endométrio crescem descontroladamente, sendo o adenocarcinoma o tipo histológico mais frequente e com a maioria dos casos (60-70%) caracterizados por tumores estrógeno-dependentes. O câncer endometrial afeta, principalmente, mulheres na fase de pós-menopausa com mais de 60 anos de idade, sendo incomum naquelas com menos de 45 anos. 


Em 2020, foram diagnosticados mais de 417 mil novos casos de câncer endometrial ao redor do mundo e quase 97,4 mil mortes relacionadas (Ref.3). É esperado que a incidência de câncer endometrial continue aumentando (>2%/ano) devido ao envelhecimento da população global e ao aumento das taxas de obesidade e de diabetes. O tratamento primário tipicamente envolve uma combinação de cirurgia, braquiterapia vaginal, radioterapia de feixe externo e quimioterapia adjuvante (Ref.4). O prognóstico para a maioria dos novos casos diagnosticados de câncer endometrial é bom, com uma taxa de sobrevivência de ~81% ao longo de 5 anos. Enquanto a maioria das mulheres com a doença localizada são curadas com cirurgia, cerca de 10-20% desenvolvem recorrências distantes - e tipicamente incuráveis (Ref.5).


Múltiplos fatores de risco estão associados com o desenvolvimento de câncer endometrial, onde podemos citar (Ref.6):


- alterações nos níveis hormonais (ligadas ao estrogênio), como em mulheres com menarca precoce, que nunca geraram filhos, que entraram na menopausa tardiamente ou que fizeram terapia de reposição hormonal; (1)


- condições como síndrome do ovário policístico (SOP) e hiperplasia endometrial com atipia (espessamento do endométrio, presente em mulheres que não ovulam todos os meses);


- sobrepeso e obesidade, pois o excesso de tecido adiposo aumenta os níveis de estrogênio; (2)


- idade avançada;


- dieta rica em gordura e sedentarismo;


- diabetes tipo 2;


- histórico familiar para câncer endometrial ou colorretal (ex.: síndrome de Lynch e polipose adenomatosa familiar); (3)


- ter tido câncer de mama ou de ovário no passado;


- ter realizado radioterapia na pelve.


Leitura recomendada:


Apesar do número de mortes associadas ao câncer endometrial ter quase dobrado desde 1990, a taxa de mortalidade controlada para idade diminuiu significativamente em quase todas as regiões do mundo, refletindo avanços no diagnóstico precoce e no tratamento. Não existe um teste de rastreamento para o câncer endometrial, mas diagnóstico frequentemente ocorre em um estágio precoce porque a doença é acompanhada por sintomas detectáveis.


A maioria das pacientes com essa neoplasia apresenta sangramento vaginal anormal ou algum corrimento. No primeiro caso, pode-se notar um aumento do fluxo nos ciclos menstruais, sangramento irregular entre os períodos ou, ainda, hemorragia pós-menopausa. No segundo, mesmo que não haja a presença de sangue, é preciso ficar alerta. Além disso, a paciente acometida pela doença pode sentir dor pélvica ou notar a presença de uma massa palpável na região. A perda de peso sem causa aparente também pode estar relacionada ao problema.


Geralmente, os sinais e sintomas de câncer de endométrio ocorrem à medida que o tumor cresce e se espalha, tornando-se avançado. No entanto, algumas vezes os tumores progridem sem se manifestar.


Quando os sintomas são diagnosticados em um estágio precoce, a taxa de sobrevivência ao longo de 5 anos é de quase 95%. Se não reconhecido e diagnosticado a tempo, o câncer pode progredir e entrar em metástase, espalhando-se pelo corpo além do útero e resultando em uma taxa de sobrevivência inferior a 19%.


Apesar dos sintomas facilmente identificáveis, muitas mulheres com desenvolvimento inicial de câncer endometrial acabam não sendo diagnosticadas porque elas desconhecem que sangramento vaginal pós-menopausa é um sintoma dessa doença - mesmo se o sangramento ocorrer apenas uma única vez.


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No novo estudo, pesquisadores analisaram quase 650 participantes do sexo feminino - incluindo 145 mulheres na menopausa - recrutadas em Minnesota, EUA. A análise encontrou que mais de um terço das participantes (37%) não reconheciam sangramento pós-menopausa como um sintoma importante, e 41% reportaram que não informariam ao médico/a caso tivessem sangramento na pós-menopausa após um único episódio. E o estudo revelou que parte do problema é devido ao fato de que menos da metade das mulheres analisadas (apenas 46,5%) entendiam a correta definição de menopausa: não ter menstruado por 1 ano ou mais (4).


Leitura complementar:


E, mais preocupante, profissionais de saúde parecem também despreparados nesse quesito, porque menos do que 50% das mulheres analisadas reportaram que o médico/a não aconselharam sobre sangramentos na pós-menopausa. Isso aponta que existe uma urgente necessidade de melhora na educação de pacientes e de médicos, além de maior conscientização da população feminina sobre o câncer endometrial, sintomas e sinais de alerta em geral.


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Importante reforçar: a melhor maneira de identificar o câncer endometrial de forma precoce é indo às visitas médicas periódicas, especialmente se a mulher exibe fatores de risco para a doença. Nesses casos, as chances de o tratamento ser bem-sucedido aumentam consideravelmente. Como não existe triagem (testagem precoce) para mulheres assintomáticas, recomenda-se relatar ao médico a ocorrência de qualquer vazamento vaginal anormal. Com esse cuidado, pode-se identificar tumores em estágios iniciais, quando ainda são pequenos e estão restritos ao local de origem.

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REFERÊNCIAS

  1. Wise et al. (2024). Public awareness and provider counseling regarding postmenopausal bleeding as a symptom of endometrial cancer. Menopause. https://doi.org/10.1097/GME.0000000000002411
  2. https://www.menopause.org/docs/default-source/press-release/postmenopausal-bleeding-and-endometrial-cancer.pdf
  3. Baker-Rand & Kitson (2024). Recent Advances in Endometrial Cancer Prevention, Early Diagnosis and Treatment. Cancers 16(5), 1028. https://doi.org/10.3390/cancers16051028
  4. Bao et al. (2023). Molecular subtypes of endometrial cancer: Implications for adjuvant treatment strategies. Gynecology & Obstetrics, Volume164, Issue2, Pages 436-459. https://doi.org/10.1002/ijgo.14969
  5. Volinsky-Fremond et al. (2024). Prediction of recurrence risk in endometrial cancer with multimodal deep learning. Nature Medicine 30, 1962–1973. https://doi.org/10.1038/s41591-024-02993-w
  6. https://sbco.org.br/quais-sao-os-sintomas-de-cancer-de-endometrio/

Qualquer sangramento vaginal após a menopausa deve ser tratado como um sinal de alerta para câncer endometrial, alerta estudo Qualquer sangramento vaginal após a menopausa deve ser tratado como um sinal de alerta para câncer endometrial, alerta estudo Reviewed by Saber Atualizado on agosto 07, 2024 Rating: 5

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