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Nomofobia está afetando até o idosos, alertou estudo conduzido na UFMG


Vitor Pepino | Centro de Comunicação da Faculdade de Medicina (UFMG)* - O uso excessivo de telas está relacionado a uma piora da saúde mental de seus usuários, independentemente da idade, constatou tese defendida no Programa de Pós-graduação em Medicina Molecular da Faculdade de Medicina da UFMG. Os resultados da pesquisa mostraram, de forma inesperada, a presença da nomofobia (medo de ficar longe do celular) (!) em idosos. Considerando apenas os estudos que avaliaram crianças, 72% deles constataram aumento da depressão associado ao abuso da exposição a telas nesse grupo. 


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(!) Nomofobia - no inglês Nomophobia (No MObile PHone PhoBIA) - faz referência à preocupação, desconforto, ansiedade ou medo dos indivíduos de ficarem sem o smartphone ou Iphone ou ficarem incapacitados de usarem esses dispositivos. O termo primeiro emergiu em 2008 e a condição é considerada um tipo moderno de fobia, à medida que o uso dessas tecnologias se tornou parte integral da vida da maioria das pessoas. Estudos de revisão vêm apontando que o uso excessivo desses dispositivos - incluindo o conteúdo consumido nas redes sociais - é uma emergente ameaça para a saúde social, mental e física da população em geral, com a nomofobia representando uma dessas consequências deletérias (Ref.1). A nomofobia negativamente afeta a personalidade, autoestima, ansiedade, estresse, performance acadêmica e outros parâmetros de saúde física e mental, em especial de indivíduos mais jovens.


A nomofobia é estruturada em quatro principais dimensões e/ou causas (Ref.2): (1) medo ou nervosismo por não ser capaz de se comunicar com outras pessoas; (2) medo de não ser capaz de se conectar; (3) medo de não ser capaz de ter acesso imediata a informações; e (4) medo da renúncia ao conforto fornecido pelos dispositivos móveis.


É estimado que hoje aproximadamente 75% das pessoas exibem sintomas leves a moderados de nomofobia e 20% exibem sintomas severos do transtorno (Ref.3). Estudantes universitários parecem ser os mais impactados pela nomofobia.

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Uma possível explicação dessa relação é o aumento do tempo em frente às telas no dia a dia, após a pandemia de Covid-19. As telas são, cada vez mais, utilizadas para trabalho, entretenimento e estudo. “Percebeu-se que os pacientes jovens com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, além de depressão, tinham as telas a todo momento, e, no período de pandemia, elas foram as principais aliadas contra a solidão. Porém, as consequências desse uso excessivo podem ser vistas agora”, afirma Renata Maria Silva Santos, autora da pesquisa.


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Outra motivação para esses resultados é a utilização dos dispositivos como distração para as crianças, enquanto os pais fazem suas tarefas, o que contribui para a elevação das horas de uso. Nesse sentido, o distanciamento entre pais e filhos pode provocar um aumento da disposição para a depressão nas crianças.


Revisão sistemática


O estudo foi feito por revisão sistemática, isto é, análise de estudos primários sobre o assunto – foram 142 artigos e mais de dois milhões de pessoas de diferentes países acompanhadas. “A maior parte dessas pessoas são adolescentes, porque eles são os nativos digitais. Mas chama a atenção a quantidade de idosos que desenvolveram a fobia de ficar separados do celular. Esse estudo é um alerta sobre o uso excessivo das telas, a relação das pessoas com elas e o conteúdo consumido”, diz a pesquisadora.


A tese mostra ainda que a participação em redes sociais foi responsável por maior risco de depressão em meninas, uma vez que parte considerável do que exibe nas redes são corpos considerados perfeitos, o que gera comparações e afeta a saúde mental. O mesmo ocorre com idosos que consomem conteúdos violentos na televisão. 


“A conclusão é que não basta limitar o tempo de tela, é necessário também enriquecer o tempo fora dela, tentando manter a mente ativa. A falta de gerenciamento do tempo aumenta o estresse de forma considerável. Nos Estados Unidos, por exemplo, mais de 30% dos adultos jogam em seus aparelhos, o que atrapalha as tarefas do dia a dia”, defende a pesquisadora.


Com base nesses resultados, os pesquisadores sugerem algumas alternativas, como a determinação do tempo de tela de acordo com a idade e a busca por atividades que propiciem mais possibilidades de socialização, como o cinema. Além disso, o incentivo à prática de atividades físicas ao ar livre é essencial para combater o uso excessivo de aparelhos. “O estudo indica que a dependência pode diminuir em 10% caso o smartphone esteja a um metro do usuário, o que contribui para elevar a carga cognitiva, fator responsável pelo raciocínio”, completa Renata Santos.


Telas e QI


A pesquisa também revelou que o uso excessivo de telas pode levar à diminuição do quociente de inteligência (QI) antes do previsto. Isso ocorre porque falta incentivo a atividades que exigem pensamento rápido e outras habilidades que contribuem para o funcionamento ativo do cérebro. 


A pesquisadora ressalva que algumas atividades podem ser realizadas, mesmo com a tela, desde que haja interação: “Quando a pessoa interage com a tela, ocorrem estímulos cognitivos. Isso pode melhorar a memória e o raciocínio, principalmente em idosos. Com esses ganhos, o processo depressivo pode demorar mais a se instaurar”, afirma.


Renata Santos defende ainda que seu trabalho pode auxiliar as pessoas que procuram ajuda para problemas de saúde mental, na medida em que demonstrou o impacto das telas nesse campo. Segundo a autora, a tese também sugere formas saudáveis de manejo delas. “Mesmo quando se está imerso no mundo digital, é preciso buscar maneiras de conviver de forma saudável com as telas. E precisamos auxiliar as pessoas que são afetadas pelo seu uso inadequado”, conclui.


*Publicação original do texto


Referência adicional:

  1. Notara et al. (2021). The Emerging Phenomenon of Nomophobia in Young Adults: A Systematic Review Study. Addiction & Health, 13(2): 120-136. https://doi.org/10.22122%2Fahj.v13i2.309
  2. Rodríguez-Garcia et al. (2020). Nomophobia: An Individual’s Growing Fear of Being without a Smartphone—A Systematic Literature Review. International Journal of Environmental Research and Public Health 17(2), 580. https://doi.org/10.3390/ijerph17020580
  3. Jahrami et al. (2023). The Prevalence of Mild, Moderate, and Severe Nomophobia Symptoms: A Systematic Review, Meta-Analysis, and Meta-Regression. Behavioral Sciences 13(1), 35. https://doi.org/10.3390/bs13010035

Nomofobia está afetando até o idosos, alertou estudo conduzido na UFMG Nomofobia está afetando até o idosos, alertou estudo conduzido na UFMG Reviewed by Saber Atualizado on novembro 06, 2023 Rating: 5

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