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Turbinas eólicas continuam causando mortes em massa de morcegos, alertam cientistas

 

- Atualizado no dia 13 de janeiro de 2025 -

Dois estudos de 2022 conduzidos na Alemanha reacenderam o alerta para os sérios danos ambientais sendo causados pelo uso não planejado de turbinas de vento (energia eólica), particularmente sobre as populações de morcegos. 


Apesar das turbinas eólicas ajudarem a reduzir de forma significativa as emissões de gases estufas e representarem uma fonte limpa de energia (não geram poluentes atmosféricos), milhões de morcegos estão morrendo ao redor do mundo ao colidir com as gigantescas pás dessas turbinas - e é ainda incerto o porquê desses animais serem tão atraídos por essas estruturas (Ref.1). Turbinas mais modernas já estão levando em consideração esse grave problema, e fechando temporariamente o funcionamento em períodos quando a atividade dos morcegos é alta (1) - uma medida que reduz dramaticamente as mortes desses importantes mamíferos voadores (2), os quais são cruciais em serviços ecológicos de polinização e de controle de insetos. Porém, muitas turbinas eólicas continuam operando de forma negligente.


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(1) Para evitar perdas significativas de eficiência energética com esses desligamentos temporários, existe também uma recente proposta para o uso de drones que transmitem uma combinação de sinais ultrassônicos e luminosos, forçando os morcegos a voarem em mais alta altitude, fora de uma zona de perigo (Ref.4). Isso permitiria operação eficiente e contínua das turbinas eólicas. 


Leitura recomenda:


> Aves voadoras também são notáveis vítimas das enormes pás das turbinas, muitas com dezenas de metros e podendo alcançar velocidades tangenciais de ~300 km/h durante operação. Em 2012, nos EUA, é estimado que a geração de energia eólica matou 600 mil a 888 mil morcegos, 214 mil a 368 mil pequenas aves e 234 mil a 573 mil aves de todos os tamanhos (Ref.5). E como a capacidade de energia eólica dobrou no país de 2012 a 2020, é provável que a mortalidade desses animais envolvendo colisões vem aumentando de forma expressiva. Colisões com turbinas estão associadas com uma queda de sobrevivência de até 30% nos abutres da espécie Aegypius monachus, a maior ave de rapina da Europa (Ref.6).


Aves que planam como o Grifo-eurasiático (Gyps fulvus) não parecem conseguir evitar as pás das turbinas eólicas e várias são mortas após colisões. Ref.7


> Na América do Norte e na Europa Central, as taxas de mortalidade envolvendo colisões de morcegos com turbinas eólicas são de aproximadamente 12 e 14 morcegos por turbina ao ano, respectivamente (Ref.8). Desde a última década, perdas anuais de morcegos mortos nesse contexto são de ~30 mil/ano no Reino Unido, ~50 mil/ano no Canadá, mais de 200 mil/ano na Alemanha e mais de 500 mil/ano nos EUA (Ref.8). 


> Muitos morcegos parecem atraídos pelas turbinas de vento, onde buscam alimento próximo e dentro do plano rotor. Evidência mais recente sugere que a iluminação de obstrução usada nas turbinas pode ser um importante fator de atração para esses animais (Ref.9). Por outro lado, um número de espécies de morcegos evitam áreas com atividade de turbina - provavelmente por causa da poluição sonora gerada -, algo que também gera prejuízo ecológico ao negar áreas de exploração para esses animais.


> Além do problema das colisões entre as pás e animais volantes, as turbinas eólicas podem causar prejuízos ambientais quando áreas são devastadas para a construção de usinas eólicas - similar à problemática das usinas hidrelétricas.

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Na Alemanha, existem em torno de 20 mil turbinas antigas que operam sem o mecanismo de proteção aos morcegos. Em um estudo publicado no periódico Global Ecology and Conservation (Ref.2), pesquisadores registraram 70 mortes de morcegos na média para cada turbina negligente analisada ao longo de dois meses, em especial das espécies noturnas Nyctalus noctula e Pipistrellus pipistrellus. Embora essa média não possa ser extrapolada para todas as turbinas antigas em operação no território Alemão, as prováveis taxas de mortalidade a longo prazo são alarmantes e contribuintes para significativos declínios populacionais, incluindo de espécies ameaçadas.


Em outro estudo, publicado no periódico Conservation Science and Practice (Ref.3), pesquisadores mostraram que cruciais serviços ecológicos prestados pelos morcegos estão sendo perdidos com as altas taxas de mortalidade associadas às turbinas eólicas, em especial na agricultura. Eles encontraram que 20% das espécies de insetos consumidas apenas pela espécie N. noctula são consideradas pestes na agricultura e na silvicultura na Alemanha. Essa perda de controle biológico pode levar, por exemplo, ao aumento no uso de agrotóxicos para reduzir as perdas de produtividade, além de óbvios prejuízos no equilíbrio ambiental. Os prejuízos podem ser ainda mais pronunciados quando o excesso de mortalidade afeta espécies de morcegos com alto apetite por insetos que são potencialmente pestes na agricultura ou transmissores de doenças.


Aqui no Brasil e em outros países em desenvolvimento, estudos nessa linha são ainda escassos e limitados. A comunidade científica pede que mais atenção seja dada a esse problema, para que fontes de energia "verde" não se tornem mais um fator de perda de biodiversidade no planeta.


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> Reduzir a operação das turbinas eólicas nos períodos de migração dos morcegos parece diminuir dramaticamente a mortalidade desses animais e em detrimento muito pequeno de geração energética. Porém, para aves voadoras, a mesma estratégia não parece ser efetiva para reduzir mortalidade de forma significativa. Ref.5


> Restringir as operações das turbinas eólicas durante períodos de alta atividade dos morcegos é a forma mais efetiva de mitigação atualmente disponível para reduzir fatalidades por colisão. Ref.8


> No caso das aves, descontrole populacional de gatos domésticos são o maior problema a nível global, seguido pelas janelas com vidros transparentes, mas usinas eólicas têm se tornando um problema cada vez maior nesse sentido. Sugestão de leitura: Vidro: o segundo maior assassino de pássaros do mundo 

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REFERÊNCIAS

  1. Guest et al. (2022). An Updated Review of Hypotheses Regarding Bat Attraction to Wind Turbines. Animals, 12(3), 343. https://doi.org/10.3390/ani12030343
  2. Voigt et al. (2022). Wind turbines without curtailment produce large numbers of bat fatalities throughout their lifetime: A call against ignorance and neglect. Global Ecology and Conservation, Volume 37, September 2022, e02149. https://doi.org/10.1016/j.gecco.2022.e02149
  3. Voigt et al. (2022). Diet analysis of bats killed at wind turbines suggests large-scale losses of trophic interactions. Conservation Science and Practice, Volume4, Issue7, e12744. https://doi.org/10.1111/csp2.12744
  4. Werber et al. (2022). Drone-mounted audio-visual deterrence of bats: implications for reducing aerial wildlife mortality by wind turbines. Remote Sensing in Ecology and Conservation. https://doi.org/10.1002/rse2.316
  5. Smallwood & Bell (2020). Effects of Wind Turbine Curtailment on Bird and Bat Fatalities. The Journal of Wildlife Management, Volume 84, Issue 4, Pages 685-696. https://doi.org/10.1002/jwmg.21844
  6. Nebel et al. (2024). Reduced survival in a soaring bird breeding in wind turbine proximity along the northern Baltic Sea coast. Biological Conservation, Volume 294, 110604. https://doi.org/10.1016/j.biocon.2024.110604
  7. Sassi et al. (2024). Empirical and simulation data reveal a lack of avoidance of wind turbines by Gyps fulvus (Griffon Vulture), Ornithological Applications, Volume 126, Issue 3, duae019. https://doi.org/10.1093/ornithapp/duae019
  8. Voigt et al. (2024). Toward solving the global green–green dilemma between wind energy production and bat conservation. BioScience, Volume 74, Issue 4, Pages 240–252. https://doi.org/10.1093/biosci/biae023
  9. Jonasson et al. (2024). A multisensory approach to understanding bat responses to wind energy developments. Mammal Review, Volume 54, Issue 3, Pages 229-242. https://doi.org/10.1111/mam.12340

Turbinas eólicas continuam causando mortes em massa de morcegos, alertam cientistas Turbinas eólicas continuam causando mortes em massa de morcegos, alertam cientistas Reviewed by Saber Atualizado on agosto 09, 2022 Rating: 5

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