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Caranguejo fossilizado do Cretáceo revela importante transição evolutiva


Em um estudo publicado recentemente no periódico Science Advances (1), pesquisadores descreveram uma espécie fossilizada de caranguejo - nomeada Cretapsara athanata - que representa o mais antigo caranguejo com aparência moderna já descoberto, em transição evolutiva para o estilo de vida semi-aquático. Além de estar extremamente bem conservado, o C. athanata é o primeiro caranguejo da era dos dinossauros preservado em âmbar (resina fossilizada).


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Transições de habitats marinhos para habitats não-marinhos são infrequentes na maioria dos grupos no Reino Animal, amplamente devido a requerimentos físicos e fisiológicos bem distintos na água salgada e na água doce, competição com residentes previamente estabelecidos, e exposição a novos predadores. Caranguejos verdadeiros (infraordem Eubrachyura) estão entre os grupos de animais que conquistaram o ambiente terrestre e o aquático (salino e não-salino) múltiplas vezes e de forma independente, apesar de muito mais recente do que outros grupos de artrópodes.


Os caranguejos verdadeiros são o mais diverso grupo de caranguejos hoje existentes em termos de anatomia, ecologia, e diversidade de espécies. Esses animais são divididos em duas principais categorias baseadas na abertura dos órgãos sexuais: heterotremos (incluindo caranguejos primários e secundários de água doce), com aberturas nas pernas em machos e no tórax em fêmeas, e toracotremos (incluindo caranguejos terrestres e semi-terrestres), com aberturas no tórax em ambos os sexos. 


Filogenia inferida por análise molecular sugere que os primeiros caranguejos terrestres e de água doce divergiram dos seus mais próximos parentes evolutivos durante o Cretáceo Inferior ou antes (~125 milhões de anos atrás). Porém, evidência direta da colonização de ambientes não-marinhos por esses animais é esparsa, isso porque os poucos fósseis conhecidos de tais ambientes são representados por fragmentos e pedaços de carapaças ou garras do Cretáceo Superior até o período Quartenário (~73 milhões de anos atrás até o Holoceno). Isso resulta em uma lacuna de ~50 milhões de anos entre o registro fóssil mais antigo já descrito e a divergência molecular teorizada, tornando pouco esclarecido os múltiplos processos de transição evolutiva associados.


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O novo fóssil descrito (C. athanata), preservado em um pedaço de âmbar encontrado em Myanmar, no Sudeste Asiático, foi datado em ~99 milhões de anos atrás, no Cretáceo, próximo da divergência evolutiva prevista. Reconstrução via tomografia micro-computadorizada (CT) digital revelou que as antenas, grandes olhos compostos, peças bucais com múltiplos pelos finos e até mesmo as guelras estavam bem preservadas dentro do âmbar. A carapaça possui 2 milímetros de largura e, as pernas, 5 milímetros de extensão. Características no fóssil, indicam que o espécime estava no estágio pós-larval, mas seu reduzido tamanho sugere que se tratava ou de um indivíduo juvenil ou de um pequeno adulto. Análises subsequentes mostraram uma mistura única de características primitivas e avançadas, refletindo um processo de transição evolutiva.



Para ficar preso em âmbar - e considerando outras evidências encontradas na estrutura fossilizada -, é fortemente sugerido que o C. athanata estava presente em um ambiente de água doce ou ligeiramente salgado próximo de uma floresta produtora de resina-âmbar (ex.: estuário) - não em um ambiente totalmente marinho onde a resina seria exposta a organismos aquáticos através de variações nos níveis da água ou dos ventos. Isso demonstra que caranguejos se tornaram terrestres ou anfíbios há cerca de 100 milhões de anos - muito mais cedo do que previamente pensado -, fechando uma importante lacuna no entendimento da evolução desses animais. Em específico, o C. athanata parece ter sido adaptado a um estilo de vida anfíbio, com base na análise das suas guelras e sistema respiratório inferido.


O achado reforça a hipótese de que águas pouco salinas, sistemas estuarinos e zonas intertidais, os quais são transicionais entre habitats de mar aberto e completamente terrestres, atuaram de forma crucial na evolução de caranguejos terrestres, semi-terrestres e de água doce durante a Revolução Cretácea dos Caranguejos e a emergência dos clados modernos e planos corporais desses crustáceos.


REFERÊNCIA

  • (1) Luque et al. (2021). Crab in amber reveals an early colonization of nonmarine environments during the Cretaceous. Science Advances, Vol. 7, No. 43. https://doi.org/10.1126/sciadv.abj5689


Caranguejo fossilizado do Cretáceo revela importante transição evolutiva Caranguejo fossilizado do Cretáceo revela importante transição evolutiva Reviewed by Saber Atualizado on janeiro 10, 2022 Rating: 5

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