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Uso diário de óleo de canabidiol pode estar ligado à regressão de câncer de pulmão

 

Atualmente, o câncer de pulmão é a segunda mais comum forma de câncer diagnosticada e, apesar dos avanços nas opções de tratamento hoje disponíveis, incluindo cirurgia, quimioterapia, radioterapia, imunoterapia e medicamentos anti-cancerígenos, as taxas de sobrevivência permanecem baixas, ao redor de 15% ao longo de 5 anos a partir do diagnóstico. Alguns paciente optam apenas pelo controle dos sintomas, mas a média da taxa de sobrevivência sem tratamento é de 7,15 meses. Nesse sentido, em um relato de caso publicado no periódico British Medical Journal (1), pesquisadores reportaram uma paciente idosa com câncer de pulmão de não pequenas células que recusou tratamento convencional e, sem alertar os médicos, iniciou um tratamento não-convencional com óleo de canabidiol que parece ter tido um dramático impacto positivo no progresso da doença. Em um período de 2,5 anos, o tumor de 41 mm foi reduzido para 10 mm na paciente. Apesar de não suportar quaisquer conclusões no momento, o caso é outra potencial evidência justificando mais estudos sobre o uso medicinal da maconha no tratamento de cânceres.


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O gênero Cannabis - a "planta da maconha", particularmente a espécie C. sativa - engloba plantas angiospermas ('com flores') herbáceas que têm sido usadas como agente terapêutico natural desde tempos antigos. Em 1842, a maconha foi introduzida na medicina moderna pelos seus efeitos analgésicos, sedativos, anti-inflamatórios, antiespasmódicos e anticonvulsivos. Canabinoides são um grupo de compostos fitoquímicos derivados das plantas Cannabis. Das centenas de canabinoides conhecidos, os dois compostos mais pesquisadores são o canabidiol (CBD) e o Δ9-tetrahidrocanabinol (THC), com o THC sendo psicoativo e o CBD não-psicoativo.


Ambos os compostos interagem com o sistema endocanabinoide do nosso corpo. O sistema endocanabinoide é composto de três principais partes: os receptores canabinoides (CB1 e CB2), os endocanabinoides e as enzimas. Os receptores CB1 são encontrados principalmente no cérebro e no sistema nervoso central, e os receptores CB2 são encontrados principalmente nas células de órgãos periféricos associados com os sistemas hematopoiético e imune. Os endocanabinoides (ex.: anandamida e 2-araquidonoilglicerol) são neurotransmissores endógenos lipídio-baseados retrógrados que se ligam a proteínas dos receptores canabinoides que são expressos ao longo dos sistemas nervosos periférico e central de vertebrados. As enzimas (ex.: ácidos graxos amido-hidrolase e ácido monoacilglicerol lipase) são responsáveis pela síntese e eventual inativação dos endocanabinoides. 


O sistema endocanabinoide funciona para regular processos fisiológicos e cognitivos, com os endocanabinoides agindo como neuromoduladores. Os endocanabinoides estão envolvidos em uma variedade de processos, incluindo função neuronal, emoção, alimentação e metabolismo energético. O CBD e o THC são quimicamente similares aos endocanabinoides do nosso corpo. O THC possui alta afinidade aos receptores CB1 e CB2, e o CBD parece interagir sobre as enzimas no sistema endocanabinoide, permitindo mais endocanabinoides de circularem no sistema. Essas interações atuam no controle do destino celular ao permitir a liberação de vários neurotransmissores, modulando os efeitos de proteínas e fatores nucleares que estão envolvidos na proliferação, diferenciação e apoptose celulares.


Nesse sentido, o sistema endocanabinoide tem sido foco de vários projetos de pesquisa explorando potenciais mecanismos farmacológicos terapêuticos, incluindo o uso de extratos e componentes isolados da Cannabis. É amplamente sugerido que os canabinoides podem fornecer benefícios para pessoas sofrendo de dor, e o uso desses compostos é bem estabelecidos como terapia paliativa. Existe também limitada evidência sugerindo benefícios dos canabinoides para o tratamento de náusea causada pela quimioterapia, transtornos de sono, dor crônica, espasticidade, epilepsia severa, vômito/náusea intratável, síndrome de Tourette, autismo (!), e para o aumento de apetite (!) em infecção pelo vírus HIV e outras condições de saúde. Para uma rara condição epiléptica em crianças, existe inclusive um medicamento aprovado pela Administração de Drogas e Alimentos dos EUA (FDA) e baseado em CBD.


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Nos últimos anos, estudos clínicos têm avaliado também o potencial dos canabinoides para o tratamento de doenças cancerígenas, mas com resultados (in vitro e in vivo) até o momento conflitantes. Em alguns casos, o CBD têm sido encontrado de ter efeitos antiproliferativos, aumentar apoptose (auto-destruição) celular e inibir a migração, invasão e metástase de células cancerígenas. Esses efeitos têm sido observados quando células cancerígenas pulmonares são estudadas. Similarmente, THC tem mostrado em alguns estudos de reduzir o crescimento de tumores, incidências de tumores benignos, invasão de células cancerígenas e disseminação metastática, mas também tem mostrado aumentar a proliferação de células cancerígenas, incluindo células cancerígenas pulmonares. Apesar do claro potencial terapêutico contra cânceres (tratamento primário ou adjunto), mais estudos de alta qualidade são necessários para melhor explorar esse campo, e identificar os canabinoides com real e desejável propriedade antitumoral e os tipos de câncer suscetíveis ao tratamento.


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No relato de caso descrito no BMJ, uma paciente com mais de 80 anos de idade apresentou-se ao hospital em fevereiro de 2018 com uma tosse que persistia há alguns meses. Uma primeira radiografia do peitoral revelou um quadro aparentemente normal, e ela foi tratada com antibióticos. Porém, a tosse persistiu, e, em junho de 2018, uma nova radiografia mostrou uma lesão na zona mediana direita do pulmão, determinada ter 41 milímetros de diâmetro no seu mais longo eixo através de um escaneamento via tomografia computacional (CT). Uma eventual biópsia pulmonar em julho de 2018 suportou o diagnóstico da lesão como um carcinoma pulmonar de não pequenas células. Investigações subsequentes mais detalhadas não evidenciaram sinais de metástase.


A paciente tinham um background de doença obstrutiva pulmonar crônica leve, osteoartrite e hipertensão. Na avaliação médica, ela reportou fumar 68 maços de cigarro anualmente (provável causa do câncer pulmonar), mas sem histórico de consumo alcoólico. Não existia significativo histórico médico de qualquer condição médica na família. Os medicamentos historicamente usados pela paciente: tiotrópio, inaladores com budesonida/formoterol fumarato e salbutamol, ramipril, bendroflumetiazida, atorvastatina, aspirina, anlodipino, lansoprazol e co-codamol. 


Em setembro de 2018, um novo escaneamento CT mostrou uma inesperada redução de 11 mm na lesão tumoral da paciente e uma tomografia de emissão de pósitrons (PET) mostrou uma redução de 18 mm. A paciente recusou qualquer tratamento convencional, e os médicos, então, resolveram 'observar e esperar', conduzindo regulares escaneamentos CT (intervalos de 3-6 meses) para acompanhar o progresso clínico da paciente. Ao longo dos próximos 2,5 anos, o tumor foi encolhendo progressivamente. A lesão inicial de 41 mm em junho de 2018 tinha reduzido para 10 mm em fevereiro de 2021, refletindo uma redução geral de 76% no eixo de maior diâmetro (média de 2,4%/mês) ao longo do período de monitoramento.




Questionada pelos médicos responsáveis pelo seu acompanhamento, a paciente revelou estar tomando 'óleo de CBD' (0,5 mL por dose, duas vezes ao dia) como um auto-tratamento alternativo após conselho de um membro da família, desde agosto de 2018, pouco após o diagnóstico inicial. Residente no Reino Unido, o óleo estava sendo importado de fora do bloco Europeu. Segundo o fornecedor, os principais ingredientes ativos do óleo eram o THC a 19,5%, CBD a 20,05% e ácido tetrahidrocanabinólico (THCA) a 23,8%. A paciente reportou um apetite reduzido desde que iniciou o consumo do óleo que pode ou não estar relacionado a esse consumo. Fora esse potencial efeito colateral, nenhuma outra mudança foi reportada em sua dieta ou estilo de vida, ou na prescrição da sua medicação normal. A paciente foi aconselhada a parar de fumar, mas ela recusou e continuou consumindo um maço de cigarro por semana ao longo do período de acompanhamento.


É incerto se o óleo de CBD - no caso, um extrato da Cannabis mais rico em CBD - foi o responsável pela regressão da lesão tumoral na paciente, mas nenhum outro fator foi encontrado como plausível explicação. Segundo os autores do relato de caso, existe um caso prévio similar reportado na literatura acadêmica, envolvendo um paciente com câncer de pulmão (adenocarcinoma) tratado com óleo de CBD - porém, com o único composto ativo sendo, de fato, CBD. Em ambos os casos, não houve mudança no estilo de vida, medicação ou dieta que pudessem explicar a melhora clínica dos pacientes. Nesse sentido, é incerto também se o CBD foi o único canabinoide com potencial efeito benéfico em ambos os casos.


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Obviamente, não é possível concluir com apenas dois casos relatados que óleo de CBD é um tratamento efetivo para tumores pulmonares, e estudos clínicos de alta qualidade (randomizados, placebo-controlados, duplo-cegos e de suficiente porte) são necessários para firmes conclusões. Porém, corroboram evidências clínicas in vitro e justificam mais pesquisas nesse sentido. Existem também fatores individuais (ex.: genética) que podem ser determinantes para o sucesso terapêutico com a Cannabis. De fato, é notável que a paciente tenha reportado uma redução no apetite, sendo que derivados da maconha com THC promovem geralmente o contrário.


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ATENÇÃO: Uso medicinal da maconha/Cannabis NÃO é uso recreativo e indiscriminado, especialmente na forma de fumo. O uso terapêutico da maconha deve ser feito idealmente sob prescrição, orientação e acompanhamento por profissionais de saúde. Leitura recomendada: Fumo e uso recreativo da maconha: lobo sob pele de cordeiro


> Grávidas NÃO devem usar nenhum derivado da Cannabis, algo, infelizmente, ficando cada vez mais comum para o alívio de náuseas e enjoos associados à gravidez. Por causa do sistema endocanabinoide em crítico amadurecimento, o mesmo é válido para crianças e adolescentes, exceto sob expressa e responsável orientação médica. Para mais informações: Agências de saúde alertam: Maconha NÃO deve ser usada durante a gravidez e a lactação

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(1) Publicação do relato de caso: https://casereports.bmj.com/content/14/10/e244195

Uso diário de óleo de canabidiol pode estar ligado à regressão de câncer de pulmão Uso diário de óleo de canabidiol pode estar ligado à regressão de câncer de pulmão Reviewed by Saber Atualizado on outubro 17, 2021 Rating: 5

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