Cientistas revelam morcegos que balbuciam como bebês humanos quando filhotes
Em um estudo publicado no periódico Science (1), pesquisadores mostraram que os morcegos da espécie Saccopteryx bilineata desenvolvem suas habilidades vocais via balbuciação, de forma similar ao que os humanos fazem. A descoberta pode ajudar a comunidade científica a explorar os mecanismos neurais que permitem aos mamíferos aprender a se comunicarem uns com os outros. Além disso, traz mais um notável exemplo reforçando que a linguagem humana está longe de ser algo realmente único na natureza, algo frequentemente citado pelos criacionistas em uma tentativa pífia - e ignorando outras espécies homininis já extintas, como os Neandertais - de desqualificar a evolução biológica (!).
(!) Leitura recomendada: Linguagem humana: Criação ou Evolução Darwiniana?
Bebês humanos balbuciam para praticar e imitar os sons de fala que eles ouvem dos adultos, o que requer preciso controle motor sobre a caixa sonora. Filhotes de aves de canto também balbuciam, mas existem poucos outros exemplos no Reino Animal ainda vivos além dos humanos modernos (Homo sapiens). Filhotes de morcego S. bilineata são os primeiros mamíferos não-primatas identificados com essa habilidade vocal.
Assim como humanos, morcegos precisam de um extraordinário controle sobre suas cordas vocais, porque eles dependem da vocalização para navegar e encontrar alimento através de ecolocalização, e para comunicar entre si durante rituais de acasalamento.
No novo estudo, os pesquisadores registraram os sons de 216 sonorizações de 20 filhotes selvagens de S. bilineata na Costa Rica e no Panamá. Equipamento de som ultrassônico foi usado para capturar as 'sílabas' individuais dos guinchos, identificando a maioria das 25 diferentes sílabas ouvidas no repertório vocal dos morcegos adultos.
Os pesquisadores então converteram essas 'sílabas' em imagens chamadas de espectrogramas que mostram o tom e a intensidade do som ao longo do tempo. Isso permitiu a eles procurarem por oito características chaves que caracterizam o balbuciamento em bebês humanos, incluindo repetição de sílabas e ritmos nos sons. A análise encontrou que os sons dos filhotes tinham todas as oito dessas características.
Os componentes de balbuciamento (mostrado no vídeo acima) compartilhados entre espécies separadas filogenicamente por vários milhões de anos sugerem que o aprendizado vocal pode ter mecanismos específicos similares ao longo de um amplo espectro de espécies de mamíferos.
(1) Publicação do estudo: https://science.sciencemag.org/content/373/6557/923
Reviewed by Saber Atualizado
on
setembro 14, 2021
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