Últimas Notícias

[5]

Estudo genético traz nova evidência sobre a evolução da homossexualidade

 
A orientação homossexual entre humanos modernos (Homo sapiens) é amplamente disseminada, historicamente e sócio-culturalmente. Comportamento homossexual também é observado em vários animais não-humanos e pelo menos duas espécies conhecidas expressam orientação homossexual além do H. sapiens. Fatores biológicos, incluindo genéticos, estão solidamente associados com a orientação sexual. Existe um número de hipóteses que tentam explicar a persistência da homossexualidade, a qual é contra-intuitiva em termos reprodutivos. Agora, um novo estudo publicado no periódico Nature Human Behaviour (Ref.1), pode ter encontrado uma possível causa de persistência da atração sexual por indivíduos do mesmo sexo: traços genéticos associados à interação com mais parceiros sexuais. E o achado corrobora evidências prévias.


- Continua após o anúncio -


Comportamento sexual humano exclusivo entre indivíduos do mesmo sexo (homossexualidade) pode ser herdado (fatores genéticos) (!) e possui significativa ampla disseminação, porém sem óbvio benefício reprodutivo direto ou de sobrevivência, resultando potencialmente em prejuízo para as oportunidades reprodutivas da espécie. Somando-se a isso, comportamento homossexual em qualquer grau ou variação (incluindo bissexualidade) afeta uma grande porção minoritária da população humana, independentemente do contexto sócio-cultural. Isso representa, portanto, um paradoxo Darwiniano: qual o motivo da persistência da homossexualidade e do comportamento homossexual apesar da aparente seleção contra esse fenótipo?


(!) Existem outros fatores biológicos associados, incluindo hormonal-uterinos e epigenéticos. Para mais informações, acesse: Homossexualidade é Biológica ou Social?


Existem várias hipóteses evolucionárias que tentam explicar o comportamento homossexual entre humanos e espécies em geral. No caso específico dos humanos modernos (nossa espécie, H. sapiens), a orientação homossexual tem sido associada com potenciais benefícios conferidos que vão desde proteção comunitária até maior grau de pró-socialidade e de fertilidade (!). Nesse sentido, o fenótipo homossexual pode aparecer tanto como um traço benéfico direto ou como um traço deletério em termos reprodutivos mas acompanhando traços benéficos.


- Continua após o anúncio -


No novo estudo publicado na Nature, pesquisadores analisaram os dados genômicos de 477522 pessoas que afirmaram manter relações sexuais pelo menos uma vez com alguém do mesmo sexo, então compararam esses dados com os dados genômicos de 358426 pessoas que reportaram ter mantido apenas relações sexuais com indivíduos do sexo oposto. Os dados genômicos e questionários associados foram obtidos do UK Biobank, do Estudo Nacional Longitudinal da Saúde de Adolescentes e de Adultos dos EUA, e da companhia 23andMe (baseada em Sunnyvale, Califórnia, e a qual sequencia genomas e usa questionários para coletar informações dos participantes). O estudo focou apenas em participantes cisgêneros, excluindo participantes cujas identidades de gênero não correspondiam ao sexo biológico (ex.: transgêneros).


Estudo prévio realizado pelos mesmos pesquisadores responsáveis pelo novo estudo - geneticista evolucionário Brendan Zietsch da Universidade de Queensland, Austrália, e colegas - tinha encontrado que pessoas que tiveram pelo menos um parceiro sexual do mesmo sexo carregavam variações genéticas diferenciais em relação a indivíduos heterossexuais, explicando entre 8% e 25% do comportamento homossexual (Para mais informações, acesse: Genética pode explicar até 25% do comportamento homossexual, mas não existe um "gene gay").


No próximo passo, os pesquisadores usaram os resultados desse estudo prévio e um algoritmo computacional para simular um cenário de evolução humana envolvendo 60 gerações. Eles encontraram que o conjunto de variações genéticas (alelos) associadas ao comportamento homossexual teria eventualmente desaparecido, exceto se algo estivesse de alguma forma atuando para manter esses alelos.


Analisando os alelos fortemente ligados ao comportamento homossexual na população geral de participantes, os pesquisadores encontraram que os indivíduos heterossexuais que reportaram manter ao longo da vida vários parceiros sexuais tendiam a compartilhar parte desses alelos. Além disso, indivíduos que se descreveram como abertos a novas experiências e que se arriscavam mais também compartilhavam esses marcadores genéticos comuns aos indivíduos com comportamento homossexual. Uma pequena sobreposição genética entre heterossexuais e homossexuais também foi encontrada em indivíduos heterossexuais avaliados como fisicamente atrativos.


Os pesquisadores sugeriram que traços como carisma e maior apetite sexual estão associados com marcadores genéticos ligados ao comportamento homossexual e, portanto, à homossexualidade. Portanto, os alelos responsáveis em parte por determinar a orientação homossexual podem ter persistido ao longo da história evolutiva humana porque também incluem alelos que beneficiam a reprodução da nossa espécie, atuando como catalisadores sexuais e favorecendo múltiplos parceiros sexuais.


A sugestão levantada pelo estudo corrobora um estudo publicado em 2015 envolvendo a análise de centenas de gêmeos do sexo feminino, onde foi novamente reforçado o forte fator genético como determinante da orientação sexual e encontrado que mulheres masculinizadas - mais propensas a expressarem orientação homossexual - tendiam a ter mais parceiros sexuais (Ref.3). Os achados do novo estudo também podem corroborar hipóteses associando a homossexualidade com traços pró-sociais. Importante ressaltar que as hipóteses de catalisador sexual e de pró-socialidade não excluem outras hipóteses, assim como fatores genéticos não são os únicos fatores biológicos ligados à orientação sexual.


- Continua após o anúncio -


Limitações do novo estudo incluem a especificidade sócio-cultural das amostras (oriundas do Reino Unido e dos EUA), a regulação social do comportamento sexual nessas populações - fatores que podem influenciar, por exemplo, nos auto-reportes dos questionários -, a dificuldade de se medir o sucesso de acasalamento e o fato das variantes genéticas analisadas capturarem uma minoria do total de variações genéticas nos traços associados. Além disso, comportamento homossexual aferido pelos questionários analisados não refletem, necessariamente, orientação homossexual ou bissexual.


REFERÊNCIAS

  1. https://www.nature.com/articles/s41562-021-01168-8 
  2. https://www.nature.com/articles/d41586-021-02312-0 
  3. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/25711174/


Estudo genético traz nova evidência sobre a evolução da homossexualidade Estudo genético traz nova evidência sobre a evolução da homossexualidade Reviewed by Saber Atualizado on agosto 25, 2021 Rating: 5

Sora Templates

Image Link [https://2.bp.blogspot.com/-XZnet68NDWE/VzpxIDzPwtI/AAAAAAAAXH0/SpZV7JIXvM8planS-seiOY55OwQO_tyJQCLcB/s320/globo2preto%2Bfundo%2Bbranco%2Balmost%2B4.png] Author Name [Saber Atualizado] Author Description [Porque o mundo só segue em frente se estiver atualizado!] Twitter Username [JeanRealizes] Facebook Username [saberatualizado] GPlus Username [+jeanjuan] Pinterest Username [You username Here] Instagram Username [jeanoliveirafit]