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Dois estudos trazem mais suporte neurobiológico e genético na determinação da orientação sexual

 
Apesar de ser amplamente alegado por bandeiras ideológicas e políticas que a orientação sexual (homossexualidade, heterossexualidade, bissexualidade) é algo determinado por fatores psicossociais (ex.: educação), evidência nesse sentido é fraca ou não-existe. Por outro lado, um enorme número de evidências científicas - desde experimentos laboratoriais até análises genômicas e históricas - dão forte suporte para fatores biológicos como determinantes primários da orientação sexual. Talvez a prova mais mais convincente e conclusiva nesse sentido é o registro entre animais não-humanos de comportamentos homossexuais em vários clados e de real orientação homossexual em pelo menos duas espécies (!).


(!) Para uma ampla discussão sobre o tema, acesse: A homossexualidade é biológica ou social?


Fatores genéticos e atuação de hormônios sexuais durante o desenvolvimento uterino parecem influenciar tanto diferenças sexuais no cérebro quanto a determinação da orientação sexual. É proposto que esses fatores podem moldar o desenvolvimento cerebral de tal maneira a organizar sexualidade e seus comportamentos correlatos. De fato, vários estudos prévios têm reportado padrões volumétricos, conteúdo variante de matéria cinzenta, e outros parâmetros neuroanatômicos diferenciais entre indivíduos heterossexuais e homossexuais. 


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Nesse caminho, dois recentes estudos publicados nos periódicos Human Brain Mapping e Scientific Reports trouxeram nova importante evidência de suporte para fatores biológicos primariamente determinando a orientação homossexual - algo já amplamente aceito como fato científico pela comunidade acadêmica em geral.


CÉREBRO E GENÉTICA


O maior estudo de associação genômica-ampla (GWAS) até o momento publicado, incluindo dados genéticos de 450 mil indivíduos do UK Biobank, encontrou que, no agregado, todas as variantes genéticas respondiam por 8-25% das variações no comportamento sexual, realçando que as influências genéticas nesse sentido são altamente poligênicas (!).


(!) Para mais informaçõesGenética pode explicar até 25% do comportamento homossexual, mas não existe um "gene gay"


Em um novo estudo publicado no periódico Human Brain Mapping (Ref.1), recorrendo ao mesmo banco de dados genômicos do estudo anterior (UK Biobank), analisou um subgrupo de 21407 participantes que também realizaram imagem com ressonância magnética (MRI) como complemento dos dados clínicos associados às amostras genômicas. Desse total, 20703 responderam ao questionário sobre comportamento sexual. Excluindo participantes transgêneros e controlando para diagnósticos psiquiátricos, os pesquisadores analisaram associações entre estruturas neuroanatômicas, fatores genéticos e orientação sexual.  


No questionário, em específico, a pergunta foi a seguinte: "Você já teve relação sexual [sexo vaginal, oral e/ou anal] com alguém do mesmo sexo?" As respostas englobavam 'Sim', 'Não' e 'Prefiro não responder'. Indivíduos que responderam 'Prefiro não responder' (14 do sexo masculino e 12 do sexo feminino) foram excluídos. Para aqueles que responderam 'Sim', estes foram englobados em um grupo de comportamento não-heterossexual. Para aqueles que responderam 'Não', estes foram englobados em um grupo com comportamento heterossexual. Importante mencionar que 'comportamento' não é orientação, mas comportamentos não-heterossexuais aumentam a probabilidade do indivíduo possuir orientação homossexual.


De acordo com a teoria do deslocamento sexo-cruzado (cross-sex shift theory), diferenças cerebrais entre homens não-heterossexuais e mulheres heterossexuais são esperadas de ser menos pronunciadas do que entre homens e mulheres heterossexuais. Nesse sentido, os pesquisadores também treinaram um classificador multivariável (programa computacional) para separar indivíduos do sexo masculino e do sexo feminino usando parâmetros volumétricos estruturais e imagem por tensor de difusão (DTI).


A análise final incluiu 18645 participantes que tinham dados sobre o comportamento sexual, DTI e dados estruturais de MRI, e controlou para um número de cofatores.


Os resultados mostraram que padrões importantes para a classificação entre homens (sexo masculino) e mulheres (sexo feminino) foram menos pronunciados em indivíduos não-heterossexuais. Predominantemente em mulheres não-heterossexuais, padrões cerebrais multivariados mostraram-se mais deslocados no sentido do sexo oposto. Diferenças em regiões especificamente relacionadas ao comportamento homossexual foram observadas tanto em homens quanto em mulheres. Entre os achados neuroanatômicos corroborando estudos prévios, o sulco calcarino (parte do córtex visual) mostrou ser o mais consistentemente associado com a orientação sexual.



Padrões poligênicos associados com o comportamento homossexual foram reforçados pelo estudo e associados positivamente com volumes cerebrais do occipital lateral e dos córtices temporal-occipitais.


No geral, o estudo - o maior do tipo já feito até o momento - demonstrou associações neuroanatômicas multivariadas ao comportamento homossexual, e sugere que fatores genéticas relacionados ao comportamento homossexual pode contribuir para a variação estrutural em certas estruturas cerebrais, não apenas fatores hormonal-uterinos. Apesar de limitações - como ausência de um grupo de comparação composto exclusivamente por homossexuais e um grupo comparativo composto exclusivamente de heterossexuais, e apenas participantes possuindo ancestralidade direta Europeia - os pesquisadores concluíram que os achados do estudo suportam uma base neurobiológica para diferenças na sexualidade humana, e fortalecem a teoria do deslocamento sexo-cruzado.


MATÉRIA CINZENTA


O segundo estudo, publicado no periódico Scientific Reports (Ref.2), analisou um grupo de 74 participantes, incluindo 37 homens (21 homossexuais) e 37 mulheres (19 homossexuais) na busca por potenciais diferenças na estrutura cerebral ligadas à orientação sexual, a partir de morfometria voxel-baseada (VBM). Volumes de matéria cinzenta (regiões cerebrais com alta concentração de corpos celulares) foram comparadas com respeito à orientação sexual e ao sexo biológico ao longo de toda a amostra, controlando-se para o volume intracraniano total, idade, dextralidade e educação. 


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Os resultados da análise comparativa revelaram um significativo efeito da orientação sexual para o tálamo e o giro pré-central, com mais volume de matéria cinzenta em heterossexuais do que em homossexuais, e, para o putâmen, com mais volume de matéria cinzenta em homossexuais do que em heterossexuais. Além disso, os pesquisadores encontraram significativas interações entre sexo biológico e orientação sexual, indicando que as diferenças na estrutura do putâmen foram dirigidas pelas mulheres homossexuais, e onde que as mulheres heterossexuais possuíam um aumento de volume de matéria cinzenta no giro pré-central. Homens heterossexuais exibiram maior volume de matéria cinzenta no tálamo do que em homens homossexuais. 



Os achados do estudo, mais uma vez, reforçam que a orientação sexual é refletida nas características estruturais do cérebro e que essas diferenças diferem entre os sexos. Esses achados, segundo os pesquisadores, também enfatizam a necessidade de incluir ou controlar para potenciais efeitos da orientação sexual dos participantes em estudos baseados em neuroimagens.


REFERÊNCIAS

  1. https://onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1002/hbm.25370 
  2. https://www.nature.com/articles/s41598-021-84496-z


Dois estudos trazem mais suporte neurobiológico e genético na determinação da orientação sexual Dois estudos trazem mais suporte neurobiológico e genético na determinação da orientação sexual Reviewed by Saber Atualizado on julho 07, 2021 Rating: 5

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