Últimas Notícias

[5]

CoronaVac é altamente efetiva contra hospitalização e morte por COVID-19 no Chile

 

- Atualizado no dia 9 de julho de 2021 -


Campanhas de vacinação em massa contra a COVID-19 - doença causada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2) - continuam avançando em vários países. Uma das vacinas mais amplamente adotadas - incluindo Brasil, Turquia, China e Chile - é a CoronaVac, um imunizante baseado em tecnologia tradicional (vírus inativado) desenvolvido pela empresa Chinesa Sinovac. Estudos clínicos de Fases 1, 2 e 3 investigando a CoronaVac têm mostrado uma eficácia global variável (>50-91%) e uma alta eficácia clínica contra hospitalização e morte por COVID-19. Porém, robustos estudos clínicos avaliando a eficácia em mundo real (efetividade) ainda não haviam sido publicados. Agora, em um cohort nacional prospectivo publicado no periódico The New England Journal of Medicine (Ref.1) e analisando dados clínicos da população Chilena, pesquisadores encontraram uma efetividade da CoronaVac de 65,9% para prevenção de COVID-19 sintomática e em torno de 86-90% para prevenção de hospitalização, internação em UTI e morte.


- Continua após o anúncio -


A vacina CoronaVac é uma vacina contra a COVID-19 baseada em partículas virais inativadas produzidas com o auxílio de células renais do macaco-verde-Africano (Chlorocebus aethiops) chamadas de 'células Vero'. Para a produção da vacina, as células Vero são inoculadas com partículas virais infecciosas do SARS-CoV-2 (cepa CN02), e, no final do período de incubação, os vírus são colhidos, inativados com o composto químico β-propiolactona (tornando-os incapazes de infectar o nosso corpo), concentrados, purificados e, finalmente, absorvidos em hidróxido de alumínio. O complexo de hidróxido de alumínio formado é então diluído em uma solução aquosa de cloreto de sódio fosfato-tamponada, antes de ser esterilizada e filtrada, onde fica pronta para a administração/injeção. 


Após a injeção no paciente, as partículas virais desativadas induzem a produção de anticorpos e células-T, deixando o corpo imunologicamente preparado para futuras infecções naturais com partículas virais infecciosas ("ativadas") do SARS-CoV-2.


A tecnologia de inativação de patógenos associados à doença alvo é a mais tradicional para a produção de vacinas, com mais de 100 anos de uso e conhecimento acumulado. De fato, os estudos clínicos até o momento publicados asseguram que a CoronaVac - duas doses (3 μg do ingrediente ativo) separadas por um intervalo de 28 dias - é muito segura.


- Continua após o anúncio -


Em 2 de fevereiro deste ano, o Chile começou uma campanha de vacinação em massa com a CoronaVac, com aprovação de uso emergencial em 20 de janeiro. A vacina tem sido administrada no país em um intervalo de 28 dias para cada dose, e tem priorizado idosos, profissionais de saúde na linha de frente e indivíduos com comorbidades associadas a progressão mais severa da COVID-19. Até 10 de maio, o Ministério da Saúde Chileno administrou 13,98 milhões de doses da vacina (7,62 milhões de primeiras doses e 6,36 milhões de segundas doses), e a introdução das vacinas ocorreu durante um período com as maiores taxas infecção pelo SARS-CoV-2.


No novo estudo prospectivo, os pesquisadores analisaram dados da população vacinada e não vacinada no Chile coletados de 2 de fevereiro até 1 de maio, incluindo aproximadamente 10,2 milhões de pessoas. Esses dados foram oriundos do sistema nacional de saúde pública Chileno e corresponderam a dois períodos específicos: ≥14 dias após a primeira dose (imunização parcial) e ≥14 dias após a segunda dose (imunização completa). Após ajuste para características demográficas e clínicas, os pesquisadores encontraram que entre as pessoas completamente imunizadas, a efetividade da vacina era de 65,9% para prevenção contra COVID-19 sintomática, 87,5% para prevenir hospitalização, 90,3% para prevenir admissão na unidade de tratamento intensivo (UTI), e 86,3% para prevenir morte.


A efetividade e a eficácia clínica encontradas persistiram em todos os grupos de idade analisados. Mesmo com predominância de indivíduos idosos e em meio à disseminação de variantes de preocupação (P.1 e B.1.1.7), a CoronaVac mostrou-se altamente efetiva contra doença severa, hospitalizações e morte, o que reforça a importância dessa vacina para salvar vidas e substancialmente reduzir a pressão sobre o sistema de saúde. Essa conclusão também corrobora evidências de mundo real em outros países.


Na Turquia, dados de janeiro a abril deste ano relativos a profissionais de saúde totalmente vacinados (duas doses) com a CoronaVac mostrou uma robusta redução de mortalidade, indicando eficácia clínica contra morte por COVID-19 de quase 95%, mesmo em um ambiente (hospitalar) de alto risco de contaminação e onde variantes de preocupação dominam o cenário epidêmico (Ref.2).


No Brasil, um estudo recentemente conduzido em Serrana, São Paulo, com uma população de 45 mil habitantes, mostrou que 75% da população vacinada com a CoronaVac (duas doses) derrubou as taxas de mortalidade por COVID-19 em 95%, alcançando-se também um efetivo controle epidêmico na região e mesmo com a dominância da variante P.1 (Ref.3). É válido aqui realçar que, apesar disso, existe significativa menor capacidade de neutralização dos anticorpos induzidos pela CoronaVac - e de outros imunizantes de primeira geração - contra a variante P.1, o que provavelmente irá reduzir sua eficácia global (Ref.4).


O estudo no NEJM também coincide com um estudo clínico duplo-cego randomizado de Fase 3 realizado na Turquia, envolvendo participantes de 18-59 anos e publicado no periódico The Lancet (Ref.5), o qual visou avaliar a segurança e a eficácia da vacina CoronaVac. Com um total de 11303 voluntários divididos de forma randômica em dois grupos (placebo e vacina), e conduzido entre setembro de 2020 e janeiro deste ano, os resultados revelaram uma alta eficácia global de 83,5%. Efeitos adversos foram similares (taxa e gravidade) entre os dois grupos. A vacina induziu resposta de anticorpos em 90% dos vacinados.


Dados sobre a efetividade e eficácia clínica da CoronaVac contra variantes ainda mais preocupantes, como a Delta (B.1.167) e a Beta (B.1.135), ainda são necessários. Por isso a importância de se manter as medidas não-farmacológicas de controle epidêmico, como uso de máscara, distanciamento social e melhor ventilação em ambientes fechados. Aqui no Brasil, muitos ainda não foram vacinados com as duas doses das três principais vacinas sendo aplicadas (Pfizer, AstraZeneca e CoronaVac), e mesmo indivíduos imunizados podem ser infectados e potencialmente espalhar o vírus. Além disso, quanto maior a disseminação do vírus, maior a taxa de mutações e maior o risco de variantes com mais forte evasão imune, virulência e/ou transmissibilidade.


> IMPORTANTE: O Chile, em abril, testemunhou um aumento no número de casos, hospitalizações e mortes mesmo com o grande avanço da vacinação com a CoronaVac (93%) e a Pfizer (7%) (> 40% da população vacinada com pelo menos 1 dose). Além de variantes de preocupação terem começado a se disseminar rápido no país, o governo errou em flexibilizar muito apressadamente as restrições de controle epidêmico e muitas pessoas começaram a voltar à rotina normal com apenas uma dose aplicada, facilitando a contaminação de quem não foi vacinado. De fato, como explorado por um artigo recente publicado no periódico BMJ (Ref.6), as pessoas, no geral, começaram a se aglomerar, e pararam de usar máscaras e a tomar outras medidas de prevenção, como se a pandemia tivesse acabado. Piora o fato de que a eficácia global após 1 dose da CoronaVac ser muito baixa em relação a 2 semanas após a segunda dose, algo que o governo Chileno falhou em informar para a população. 


REFERÊNCIAS

  1. https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa2107715
  2. https://www.journalofinfection.com/article/S0163-4453(21)00285-1/fulltext
  3. https://www.sciencemag.org/news/2021/06/brazilian-town-experiment-shows-mass-vaccination-can-wipe-out-covid-19
  4. https://www.thelancet.com/journals/lanmic/article/PIIS2666-5247(21)00129-4/fulltext
  5. https://www.thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140-6736(21)01429-X/fulltext
  6. https://www.bmj.com/content/373/bmj.n1023



CoronaVac é altamente efetiva contra hospitalização e morte por COVID-19 no Chile CoronaVac é altamente efetiva contra hospitalização e morte por COVID-19 no Chile Reviewed by Saber Atualizado on julho 08, 2021 Rating: 5

Sora Templates

Image Link [https://2.bp.blogspot.com/-XZnet68NDWE/VzpxIDzPwtI/AAAAAAAAXH0/SpZV7JIXvM8planS-seiOY55OwQO_tyJQCLcB/s320/globo2preto%2Bfundo%2Bbranco%2Balmost%2B4.png] Author Name [Saber Atualizado] Author Description [Porque o mundo só segue em frente se estiver atualizado!] Twitter Username [JeanRealizes] Facebook Username [saberatualizado] GPlus Username [+jeanjuan] Pinterest Username [You username Here] Instagram Username [jeanoliveirafit]