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Nova vacina contra a COVID-19 proteína-baseada mostra eficácia global superior a 90%

 
A companhia Novavax anunciou hoje os resultados do teste clínico de Fase 3 da sua vacina contra a COVID-19 (Ref.1). O estudo clínico englobou quase 30 mil pessoas nos EUA e no México. A eficácia global foi de 90,4% (proteção contra COVID-19 sintomática) e a eficácia contra casos moderados a graves da doença foi de 100%. E, contra oito variantes de interesse e de preocupação, sua eficácia aparentemente é de 93,2%, apesar de dados clínicos limitados. Os resultados de eficácia global foram muito próximos daqueles de vacinas mRNA-baseadas, e com grande vantagem de mais fácil armazenamento e produção. A vacina (NVX-CoV2373) mostrou-se segura e bem tolerada, com base em dados preliminares.


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ATUALIZAÇÃO (02/07/21): Outro estudo clínico de Fase 3 foi publicado agora após revisão por pares no periódico The New England Journal of Medicine (Ref.7), e trouxe uma eficácia contra infecção pelo SARS-CoV-2 de 89,7%. O estudo englobou 15187 participantes do Reino Unido, e 14039 foram incluídos para a análise de eficácia. Do total, 27,9% tinham 65 anos ou mais de idade, e 44,6% tinham comorbidades. Nenhuma hospitalização ou morte foram reportadas entre os casos detectados no grupo dos vacinados. Cinco casos severos foram reportados, todos no grupo de placebo. Uma análise mais específica dos dados mostrou uma eficácia de 86,3% contra a variante alfa (B.1.1.7) e de 96,4% contra as outras variantes em geral. A incidência de sérios eventos adversos foi baixa e similar nos dois grupos (placebo e vacina.).

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A NVX-CoV2373 é uma vacina recombinante nanoparticulada proteína-baseada composta do adjuvante Matrix-M1 saponina-derivado e da glicoproteína Spike (S) inteira (incluindo o domínio da transmembrana) da primeira cepa do novo coronavírus (SARS-CoV-2). A proteína S é necessária para a entrada do SARS-CoV-2 nas células hospedeiras e é alvo principal de anticorpos e de boa parte das vacinas sendo desenvolvidas. O adjuvante Matrix-M1 visa aumentar ao máximo os níveis de anticorpos neutralizantes produzidos, atraindo células imunes para o local de injeção do imunizante a partir de nódulos linfáticos próximos.



Para a produção da vacina NVX-CoV2373, os pesquisadores inseriram a sequência genética codificante e modificada da proteína S no DNA de um baculovírus, permitindo este infectar células de traças (insetos da ordem Lepidoptera). As células infectadas em laboratório começam a produzir grande quantidade de proteína S, estas as quais começam a se juntar espontaneamente no citoplasma celular para formar uma 'Spike' (estrutura proteica individual encontrada sobre a superfície do SARS-CoV-2). Essas 'Spikes' são, então, coletadas e anexadas a nanopartículas sintéticas para a produção de nanoparticulados proteicos que imitam a estrutura geral do SARS-CoV-2. Quando esses complexos nanoparticulados resultantes são injetadas no corpo humano, nosso sistema imune é estimulado a produzir imunidade humoral e celular contra a proteína S do SARS-CoV-2, ficando preparado para combater infecções futuras com reais partículas virais.



A vacina NVX-CoV2373 é armazenada e estabilizada a 2-8°C, e, após retirada da refrigeração, pode ficar disponível por até 24 horas. Em refrigerador, a vacina pode ser armazenada por até 6 meses.


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Em setembro de 2020, um estudo randomizado placebo controlado de fase 1/2 - publicado no periódico The New England Journal of Medicine (Ref.2) - testou a eficiência de resposta imune e a segurança da vacina NVX-CoV2373 em 131 adultos saudáveis. Na fase 1, a vacinação compreendeu duas injeções intramusculares, com 21 dias de intervalo entre as aplicações. De forma randomizada, 83 pacientes receberam a vacina com o adjuvante, 25 sem o adjuvante e 23 receberam placebo. Os pacientes foram acompanhados durante 35 dias. Os resultados indicaram que a vacina é segura (nenhum evento adverso sério, apenas efeitos colaterais leves esperados), e que induz com sucesso resposta imune-específica contra o SARS-CoV-2, incluindo anticorpos neutralizantes e células-T (do tipo Th1 no caso). O nível da resposta imune excedeu aquele observado no plasma (convalescente) de pacientes recuperados.


Na Fase 3, cujos resultados ainda não publicados em periódico foram anunciados esta semana pela Novavax, foi conduzido um estudo clínico randomizado, duplo-cego, placebo-controlado - intitulado PREVENT-19, financiado em grande peso pelo governo Norte-Americano através do aporte de US$1,6 bilhão (Operação Warp Speed) e englobando 29960 participantes -, que visou testar a eficácia, segurança e imunogenicidade da NVX-CoV2373. A população participante era diversa, 44% composta por indivíduos não-caucasianos, e oriunda dos EUA (em 113 regiões) e do México (em 6 regiões). Dois terços dos participantes receberam a vacina - duas doses separadas por 21 dias - e o restante recebeu placebo (solução salina).


Entre 25 de janeiro e 30 de abril, foram detectados 77 casos de COVID-19 entre os participantes do estudo clínico, 63 deles no grupo de placebo. Todos os 14 casos nos participantes vacinados foram de COVID-19 leve (100% de proteção contra casos moderados a severos). Esses resultados foram similares a uma Fase 3 prévia de menor porte englobando mais de 15 mil participantes no Reino Unido, onde foi mostrado uma eficácia global de 89%, e uma eficácia de 86% contra a variante Alfa (linhagem B.1.117) e de 96% contra a cepa original do vírus. 


Porém, em um teste clínico separado envolvendo 4,4 mil participantes na África do Sul, onde a mais do que preocupante variante Beta (linhagem B.1.135) é dominante e possui forte capacidade de evasão imune, a eficácia global da NVX-CoV2373 despencou para 49% (!) (Ref.4). Na nova Fase 3, a variante de preocupação presente em 70% dos participantes que desenvolveram a doença sintomática era a variante Alfa, ou seja, sendo ainda incerto se a eficácia encontrada (93,3%) contra variantes de preocupação e de interesse é válida para variantes de maior capacidade de escape imune, como a P.1, B.1.167 (originária da Índia) e, especialmente, a B.1.135. Apenas dois casos da variante Beta foram detectados no teste clínico.  

 

(!) Aliás, no caso da vacina ChAdOx1 nCoV-19, esta teve sua eficácia global despencada para pouco mais de 10%. Para mais informações: Vacina da Oxford não possui eficácia contra a variante Sul-Africana na prevenção de COVID-19 leve a moderada, indica estudo


Efeitos adversos foram similares em ambos os grupos (vacina e placebo), sendo o mais comum sintoma local reportado dor leve a moderada na área de aplicação da injeção, durando menos de 3 dias. Fatiga, dor de cabeça e dor muscular foram os mais comuns sintomas sistêmicos, durando menos de 2 dias.


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Sob a Operação Warp Speed, a Novavax se comprometeu a entregar 110 milhões de doses ao governo Norte-Americano, apesar dos EUA não mais precisarem dessas doses para campanhas iniciais de vacinação. Para o final do terceiro trimestre deste ano, a empresa espera alcançar uma capacidade de produção de 100 milhões de doses por mês e, pelo quatro trimestre, uma produção de 150 milhões de doses por mês. Existe também ordens de compra de ~200 milhões de doses por outros cinco países Ocidentais, e, no último mês, foi assinado um compromisso de 350 milhões de doses para a COVAX Facility, um acordo de parceria para distribuição global de imunizantes. O Instituto Serum da Índia, a qual também está produzindo a vacina da Novavax, planeja entregar outras 750 milhões de doses para a COVAX, com início para setembro deste ano.


> O COVAX Facility é uma aliança internacional da OMS que tem como principal objetivo acelerar o desenvolvimento e a fabricação de vacinas contra a COVID-19 e garantir acesso igualitário à imunização. O Brasil recebeu duas opções de compra do COVAX em setembro de 2020: 42 milhões de doses, que são suficientes para vacinar 10% da população, ou doses para 50% da população. O governo Bolsonaro, por descaso, escolheu a opção com oferta menor. Em março, foi enviado um total de 1 milhão de doses da vacina Oxford/AstraZeneca para o Brasil do montante de direito. Mais recentemente, foram enviadas mais 842,4 mil doses da vacina da Pfizer.  


> O estudo clínico PREVENT-19 também está englobando, em um teste placebo-controlado separado, um total de 2248 participantes com idades de 12 até menos de 18 anos, mas cujos resultados preliminares ainda não foram divulgados.


REFERÊNCIAS

  1. https://ir.novavax.com/news-releases/news-release-details/novavax-covid-19-vaccine-demonstrates-90-overall-efficacy-and
  2. https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa2026920  
  3. https://www.nytimes.com/interactive/2020/health/novavax-covid-19-vaccine.html
  4. https://www.sciencemag.org/news/2021/06/powerful-new-covid-19-vaccine-shows-90-efficacy-could-boost-worlds-supply
  5. https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2021/06/12/brasil-se-recusou-a-comprar-mais-vacinas-do-covax-mesmo-com-reembolso-se-desistisse-mostra-documento.ghtml
  6. https://www.metropoles.com/brasil/covax-envia-8424-mil-doses-da-pfizer-ao-brasil-na-proxima-semana
  7. https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa2107659

Nova vacina contra a COVID-19 proteína-baseada mostra eficácia global superior a 90% Nova vacina contra a COVID-19 proteína-baseada mostra eficácia global superior a 90% Reviewed by Saber Atualizado on junho 15, 2021 Rating: 5

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