Um cometa, e não um asteroide, pode ter sido a causa da extinção dos dinossauros não-aviários

Todas as evidências até o momento acumuladas apontam que há cerca de 66 milhões de anos, um grande impacto na costa do México (cratera Chicxulub, na região de Yucatán) causou a extinção dos dinossauros não-aviários e de vários outros grupos de animais no final do Cretáceo. A cratera resultante do impacto possui próximo de 150 km de extensão e mais de 19 km de profundidade. Tradicionalmente o impacto é associado a um grande asteroide, com origem do Cinturão Principal de Asteroides, localizado entre as órbitas de Marte e de Júpiter.

Em um estudo publicado ontem no periódico Scientific Reports (1), dois pesquisadores do Centro para Astrofísica | Harvard & Smithsonian reportaram uma nova proposta teórica suportando que o objeto que atingiu a Terra há 66 milhões de anos era um cometa, e não um asteroide.

- Continua após o anúncio -

Usando análises estatísticas e simulações gravitacionais, os pesquisadores calcularam que uma significativa fração de cometas de longo período originários da nuvem de Oort - uma esfera congelada de detritos nos limites do Sistema Solar - podem ser retirados do curso pelo campo gravitacional de Júpiter durante a órbita, e lançados para órbitas próximas do Sol. Durante a passagem próximo do campo gravitacional solar, os cometas arremessados podem experienciar poderosas forças de maré que os quebram em vários pedaços cometários. Os cálculos do estudo estimaram que cerca de 20% dos cometas de longo período se tornam despedaçados nesse processo.

Com vários novos cometas, as chances da Terra ser atingida durante a jornada de volta para a nuvem de Oort aumentam dramaticamente, por um fator de ~10. Esses fragmentos cruzam a Terra a cada 250 a 730 milhões de anos, o que corrobora o fato do impacto de Yucatán representar o maior nos últimos 250 milhões de anos.

Além disso, existe evidência na cratera Chicxulub indicando que o objeto de impacto era composto de condrito carbonáceo, suportando a hipótese do cometa.

> OBSERVAÇÃO: É interessante mais uma vez lembrar que o novo estudo reforça o quão errôneo é a tão propagada ideia de que Júpiter seria nosso grande protetor. Da mesma forma que esse supermassivo planeta pode desviar objetos vindo na nossa direção, ele também pode arremessar outros na nossa direção. Para mais informações, acesse: Júpiter é, realmente, nosso protetor?

(1) Publicação do estudo: https://www.nature.com/articles/s41598-021-82320-2