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Cientistas revelam mais um exemplo a nível molecular de evolução paralela

 
Em um estudo publicado no periódico PLOS Genetics (1), pesquisadores mostraram que ratos domésticos (Mus musculus domesticus) na América do Norte evoluíram de forma independente e paralela uma maior dimensão corporal e outros traços de regulação térmica para enfrentar climas mais frios em New York e em Alberta. O estudo traz mais uma evidência genética de evolução paralela, uma característica crucial de suporte à Teoria Evolutiva - em termos de previsibilidade adaptativa a nível molecular - e, mais especificamente, ao mecanismo de seleção natural.


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Uma das mais marcantes evidências para o crucial papel da seleção natural na evolução das espécies é fornecida pela convergência repetida de traços adaptativos extremamente similares entre populações independentes habitando ambientes similares e partindo de um mesmo ancestral comum, ou seja, evolução paralela. Esse processo fortemente implica um mecanismo determinístico e, portanto, previsível para a emergência de novos traços fenotípicos ou genéticos que superam simples eventos históricos de aleatoriedade que marcam, por exemplo, os processos de mutação e de deriva genética. Esse paralelismo é uma resposta aos mesmos fatores ambientais de pressão seletiva em diferentes regiões geográficas agindo sobre um mesmo background genético/fenotípico. Em termos genéticos a evolução paralela - chamada de evolução molecular convergente - ocorre quando diferentes organismos modificam o mesmo gene para resolver o mesmo problema mesmo se as modificações (mutações) em si não sejam necessariamente as mesmas.


> Para exemplos de evolução paralela já bem descritos na literatura acadêmica, acesse: Evolução paralela confirmada nesses estranhos vertebrados primitivos


A recente introdução do rato doméstico (M. m. domesticus) nas Américas a partir da Europa Ocidental - há cerca de 200-300 anos - fornece uma oportunidade para estudar rápida evolução paralela de adaptação ambiental. Em seu habitat natural na Europa Ocidental, os ratos domésticos vivem em climas temperados. No entanto, desde a introdução no continente americano, esses roedores expandiram o habitat para vários novos ambientes e climas, desde o Alasca até extremo da América do Sul, incluindo zonas climáticas tropical, subártica e xerófita (condições secas).


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Para entender como esses roedores se adaptaram fenotipicamente e geneticamente aos novos ambientes, especialmente em termos de temperatura, os pesquisadores no novo estudo capturaram ratos domésticos de cinco populações ao longo da costa oeste da América do Norte, desde a região do Arizona até Alberta. Eles, então, sequenciaram os genomas de 50 ratos e retornaram 41 ratos para o laboratório para reprodução e estabelecimento de novas gerações. 


Os ratos criados em laboratório descendentes dos ratos nativos de Alberta eram significativamente mais massivos do que aqueles oriundos do Arizona, e construíram ninhos duas vezes maiores, ambas características adaptativas para climas mais frios. 


As análises genômicas identificaram 8 mutações em 5 genes associadas com o aumento de tamanho corporal nos ratos de Alberta. Comparando essas variantes genéticas com estudos prévios de ratos domésticos habitando New York e a Flórida, os pesquisadores encontraram 16 genes que mostraram assinatura de seleção positiva associada a evolução paralela ao longo do gradiente norte-sul em ambas as costas, vários dos quais estão envolvidos na regulação da temperatura corporal. Por exemplo, o gene Trpm2 - um gene que faz os ratos evitarem altas temperaturas, provavelmente envolvendo ativação de canais de íons Termo-TRP (receptores térmicos) - é marcado por mudanças genéticas nas populações do sul. Outro gene, o Mc3r, controla a variação na massa corporal e no comportamento de alimentação. Ratos nas costas leste e oeste exibiram no estudo evidência de evolução independente em vários dos mesmos genes. 


A rápida e paralela adaptação ambiental em ratos domésticos observada ao longo da América do Norte, englobando traços fenotípicos fisiológicos e comportamentais, mostrou ser amplamente associada com mudanças regulatórias a nível molecular, em oposto a mudanças na codificação de proteínas. Isso porque várias das assinaturas de seleção positiva envolveram seleção de mutações sinônimas (mudanças em sequências de DNA que codificam para aminoácidos em sequências proteicas). Além disso, diferentes populações de ratos nas regiões costeiras traziam adaptações genéticas únicas, associadas a padrões divergentes de seleção influenciando coloração corporal e outros traços adaptativos que evoluíram em resposta a distintos fatores ambientais, como cor do solo e variação de precipitação (chuvas).


Nesse sentido, temos mais um exemplo de mudanças paralelas e divergentes a níveis genético e fenotípico que podem ser esperadas quando populações de animais próximo-relacionados (ex.: dentro de uma mesma espécie ou subespécie) são submetidos a seleção natural em gradientes latitudinais paralelos, reforçando novamente a robustez da Teoria Evolutiva.


(1) Publicação do estudo: https://journals.plos.org/plosgenetics/article?id=10.1371/journal.pgen.1009495

Cientistas revelam mais um exemplo a nível molecular de evolução paralela Cientistas revelam mais um exemplo a nível molecular de evolução paralela Reviewed by Saber Atualizado on maio 03, 2021 Rating: 5

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