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Fumo da maconha prejudica a visão, aumenta o risco psicopático e causa danos cardíacos

 
Três estudos recentemente publicados trazem mais alertas sobre o uso indiscriminado de maconha, especialmente através do fumo. No primeiro estudo, pesquisadores do Departamento de Óptica da Universidade de Granada, EUA, comprovaram que o fumo da maconha prejudica substancialmente a visão, em termos de acuidade visual, sensibilidade de contraste, visão tridimensional (estereopse), habilidade de foco e sensibilidade de brilho. O segundo estudo, conduzido por pesquisadores da CAMH (Centre for Addiction and Mental Health) e da King's College London, Reino Unido, mostrou que indivíduos geneticamente predispostos à esquizofrenia estão em maior risco de desenvolverem psicose a partir do uso de maconha. No terceiro estudo, pesquisadores da Universidade de Guelph, Canadá, mostraram que o fumo de maconha por jovens adultos pode aumentar o risco de desenvolvimento de doença cardíaca com o avançar da idade.  


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Maconha é um derivado da planta Cannabis (gênero englobando três espécies) e é uma das mais difundidas drogas de abuso no mundo, e as consequências do crescente aumento do seu consumo envolvem sérias preocupações com a saúde pública, principalmente entre grávidas, crianças e adolescentes (!). O uso não-medicinal e regular dessa droga, na qual o principal componente psicoativo é o ∆9-tetrahidrocanabinol (THC), têm sido associado com transtornos psiquiátricos e prejuízos cognitivos. Esses efeitos deletérios incluem esquizofrenia e danos na memória, atenção e coordenação psicomotora. Esses problemas estão associados com a presença de receptores canabinoides (sistema endocanabinoide) no sistema nervoso central e várias outras partes do corpo. Outros canabinoides de maconha, como o canabidiol (CBD) também atuam sobre o sistema endocanabinoide.


(!) Grávidas NÃO devem usar qualquer derivado da Cannabis, incluindo canabidiol isolado. Para mais informações, acesse: Agências de saúde alertam: Maconha NÃO deve ser usada durante a gravidez e a lactação


Como em crianças e adolescentes o cérebro ainda está em fase de desenvolvimento e maturação, a atuação de canabinoides externos a partir da maconha ou sintéticos podem causar danos ainda mais pronunciados mesmo com mínimas doses (Mesmo doses muito pequenas de maconha podem alterar o cérebro de adolescentes). Estão ficando cada vez mais comuns também os casos de Síndrome da Hiperêmese por Canabinoide (Paciente grávida de 19 anos com Síndrome da Hiperêmese por Canabinoide). Mesmo com todos esses potenciais efeitos negativos, a maconha mesmo em contextos não-medicinais é geralmente percebida por boa parte do público como uma droga muito segura, e associada com efeitos positivos no cérebro e na criatividade. 


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Existem receptores canabinoides CB1 dentro do sistema visual humano e evidências prévias têm sugerido intoxicação visual do uso de maconha. Porém, mais de 90% dos usuários de maconha acreditam que o uso da droga não possui efeitos na visão. Em um estudo publicado no periódico Scientific Reports (Ref.1), pesquisadores resolveram investigar a questão. Para isso, eles conduziram exaustivos testes visuais em 31 usuários de maconha em dois cenários: sem o uso da droga e sob o efeito da droga.


Os resultados mostraram que, seguindo o consumo de maconha (via fumo), vários aspectos visuais pioraram de forma significativa. Apesar disso, nem todos os participantes auto-reportaram uma piora na visão após o fumo de maconha. Em torno de 30% deles não reportaram quaisquer alterações visuais, enquanto 65% responderam que a visão foi prejudicada apenas um pouco. Segundo os autores do estudo, a errônea percepção dos prejuízos visuais provavelmente decorreu por causa da piora na sensibilidade de contraste - especificamente a frequência espacial 18 cpd foi identificada como o único parâmetro visual significativamente associado com a auto-percepção da qualidade visual. Esse dano na sensibilidade de contraste mostrou persistir em ambientes de baixa luminosidade mesmo após abstinência da maconha.


A intoxicação com Cannabis está associada com a deterioração na visão de cor, na acuidade visual estática e dinâmica, na adaptação ao escuro, no processamento visual e a um mais longo tempo de recuperação após exposição a uma fonte brilhante. Em usuários de longo prazo, existem outros efeitos adversos permanentes relacionados com um mais lento processamento de informações visuais, danos na percepção de movimento e uma queda da qualidade de movimentos oculares leitura-associados. Os achados do novo estudo reforçam o alerta para os indivíduos que usam maconha durante atividades do dia-a-dia, especialmente durante direção automobilística - a qual já é afetada por outros efeitos da maconha no cérebro similares ao consumo alcoólico.


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Substancial evidência epidemiológica associa o uso de maconha com psicose e emergência precoce de psicose. O uso de maconha pode causar experiência quasi-psicótica em indivíduos saudáveis, além de potencialmente aumentar gradualmente o risco de paranoia e de alucinações. Estudos genéticos têm também implicado o sistema endocanabinoide em experiências psicóticas, especialmente o lócus (local genômico de um gene ou de um marcador genético) CNR2 (receptor de canabinoide 2). Além disso, a associação entre uso de maconha e o declínio na espessura cortical - um fator de risco para experiências psicóticas - entre adolescentes do sexo masculino é mais forte entre aqueles com o mais alto risco poligênico para esquizofrenia.


Para explorar mais a fundo essa questão, um estudo publicado no periódico Translational Psychiatry (Ref.2) analisou os dados clínicos e genéticos de 109308 participantes do banco de dados genômicos UK Biobank, investigando a relação entre risco poligenético de esquizofrenia, uso auto-reportado de maconha e quatro tipos de experiências psicóticas auto-reportadas (alucinações auditivas, alucinações visuais, ilusão de perseguição e ilusões de referência).


Os resultados mostraram que, no geral, pessoas que usaram maconha eram 50% mais prováveis de reportarem experiências psicóticas do que não-usuários. Entre os usuários com mais alto risco genético de esquizofrenia, o risco encontrado foi 60% maior, e entre aqueles com o menor risco genético, o risco foi 40% maior. Em outras palavras, pessoas geneticamente predispostas à esquizofrenia são significativamente mais prováveis de terem experiências psicóticas, algo que suporta uma antiga hipótese nesse sentido.


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O fumo de cigarro está entre os comportamentos mais detrimentosos para a saúde cardiovascular, resultando em maior rigidez arterial, disfunção endotelial e alterações estruturas/funcionais no miocárdio. Doenças cardiovasculares representam a principal causa de mortalidade global. De forma similar ao cigarro de tabaco, a maconha é geralmente fumada, ou seja, a matéria orgânica extraída da Cannabis junto ou não com um papel enrolado é queimada, liberando várias das substâncias cancerígenas e tóxicas do fumo de tabaco (ex.: compostos policíclicos aromáticos e monóxido de carbono), além de particulados que não são filtrados no baseado. Várias evidências acumuladas nos últimos anos têm sugerido danos pulmonares e cardíacos, incluindo aumento do risco de câncer (!). Além disso, o tecido cardíaco e endotelial expressam receptores canabinoides CB1, existindo, portanto, potenciais danos CB1-mediados.


(!) Leitura recomendada: Fumo e uso recreativo da maconha: Lobo sob pele de cordeiro


Para investigar os possíveis danos cardíacos associados ao fumo de maconha, um estudo publicado no periódico Journal of Applied Physiology (Ref.3) recrutou um total de 35 participantes, dos quais 18 eram usuários de maconha (12 homens e 6 mulheres) e 17 não-usuários como controle (10 homens e 7 mulheres), com idades de 19 até 30 anos. Os usuários de maconha reportaram fumar maconha, em média, 5 vezes por semana nos últimos 5 anos e meio.


Os pesquisadores usaram imagem de ultrassom para analisar a estrutura do coração e das artérias associadas. Eles mediram a rigidez arterial, a função arterial e a habilidade das artérias de apropriadamente se expandirem com um maior fluxo sanguíneo. Todas as três medidas são indicadores de função cardiovascular e risco de doença cardiovascular.


Os resultados das análises mostraram que a rigidez arterial (inferida a partir do quão rápido ondas de pressão viajam pelas artérias) era maior nos usuários de maconha do que nos não-usuários. Nos usuários de maconha, a função cardíaca mostrou-se menor. Apenas um dos fatores não mostrou diferença entre os dois grupos: dilatação arterial em resposta a mudanças no fluxo sanguíneo (função vascular). Em usuários de cigarro de tabaco, todas as três medidas são negativamente alteradas, provavelmente refletindo o maior vício proporcionado pela nicotina e consequente maior exposição à fumaça tóxica.


Somando-se a isso, mesmo sob condições similares de taxas cardíacas e pressão sanguínea, usuários de maconha demonstraram menor pico de rotação apical, menor pico de velocidade da rotação sistólica apical e menor pico de velocidade da rotação diastólica comparado com o grupo de controle.


Coletivamente, esses achados sugerem que existem diferenças subclínicas na fisiologia cardiovascular em indivíduos jovens que fumam maconha, as quais podem ser indicativos de maior risco para desenvolvimento futuro de doença cardiovascular. Esses danos podem ser mais significativos em usuários com idade mais avançada.


REFERÊNCIAS

  1. https://www.nature.com/articles/s41598-021-81070-5
  2. https://www.nature.com/articles/s41398-021-01330-w
  3. https://journals.physiology.org/doi/full/10.1152/japplphysiol.00840.2020

Fumo da maconha prejudica a visão, aumenta o risco psicopático e causa danos cardíacos Fumo da maconha prejudica a visão, aumenta o risco psicopático e causa danos cardíacos Reviewed by Saber Atualizado on abril 14, 2021 Rating: 5

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