Novo estudo reforça a associação entre COVID-19 severa e grupos sanguíneos
A patogênese da COVID-19 severa e a falha respiratória associada ainda não é totalmente entendida, mas um maior risco de morte está associado com idade mais avançada, obesidade e sexo masculino. Associações clínicas têm sido também reportados para a hipertensão, diabetes, doenças cardíacas, e certas doenças respiratórias crônicas, mas o relativo papel desses fatores de risco como determinantes da severidade da COVID-19 não foram ainda totalmente esclarecidos. Dados observacionais e clínicos sobre endotelite linfocítica e complicações tromboembólicas microvascular e macrovascular difusas têm reforçado que a COVID-19 é uma doença sistêmica que envolve lesões no endotélio vascular, mas fornecem pouco conhecimento sobre a patogênese envolvida a um nível mais básico.
De fato, evidências acumuladas até o momento (!) apontam para uma clara associação de fatores genéticos - incluindo genes herdados de Neandertais - e dos grupos sanguíneos (ABO) na progressão da COVID-19. No caso dos grupos sanguíneos, estudos fortemente indicam que indivíduos com o grupo sanguíneo A parecem ser mais suscetíveis à uma COVID-19 mais severa, e o grupo O está associado com uma maior proteção contra a doença. Os mecanismos biológicos por trás dessas associações no sistema sanguíneo ABO podem estar ligadas com os grupos sanguíneos em si (ex.: com o desenvolvimento de anticorpos neutralizantes contra N-glicanos proteína-ligados) ou com outros efeitos biológicos da variante identificada, incluindo particularmente a estabilização do fator de von Willebrand (proteína FvW) (!).
Agora, em um estudo publicado no periódico Blood Advances (1), pesquisadores trouxeram evidência de experimentos laboratoriais sugerindo que o SARS-CoV-2 é particularmente atraído pelo antígeno do grupo sanguíneo A sobre as células respiratórias, reforçando as evidências prévias de que esse grupo sanguíneo está associado com uma COVID-19 mais severa. No estudo, os pesquisadores realizaram experimentos in vitro investigando a interação do domínio do receptor de ligação (RBD) - parte da proteína Spike do SARS-CoV-2 que se liga às células hospedeiras através do receptor glicoproteico ACE2 - com os antígenos dos grupos sanguíneos (A, B e O) sobre as hemácias e células respiratórias. Eles encontraram que o RBD possui uma forte preferência em se ligar especificamente ao antígeno do grupo sanguíneo A expresso sobre células epiteliais respiratórias.
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Anticorpos de ocorrência natural contra antígenos do sistema de grupos sanguíneos ABO(H) em indivíduos que não expressam essas mesmas estruturas polimórficas podem causar reações hemolíticas potencialmente fatais após transfusão e rejeição severa aguda após transplantes. Essas mesmas estruturas parecem influenciar na capacidade de infecção do novo coronavírus O estudo não é conclusivo, e mais estudos experimentais in vitro e in vivo são necessários para uma mais firme conclusão. (!) Para mais detalhes sobre a associação entre genes e grupos sanguíneos com a COVID-19, acesse: Genes e grupos sanguíneos estão associados com a severidade da COVID-19, confirmam estudos (1) Publicação do estudo: https://ashpublications.org/bloodadvances/article/5/5/1305/475250/The-SARS-CoV-2-receptor-binding-domain |
