Cientistas revelam bizarro novo modo de locomoção entre cobras
Em um estudo publicado no periódico Current Biology (1), um time de pesquisadores da Universidade do Estado do Colorado e da Universidade de Cincinnati, EUA, revelaram um bizarro novo modo de locomoção entre as cobras. No caso, a cobra-arbórea-marrom (Boiga irregularis) - uma cobra arborícola colubrídea nativa no leste e norte da Austrália, Papua-Nova Guiné e em grande número de ilhas a noroeste da Melanésia - emprega um movimento batizado de "locomoção de laço" para ascender ao longo de cilindros lisos e muito largos. O movimento é dramaticamente distinto de qualquer outro já visto e pode ajudar a explicar o sucesso dessa cobra em novos habitats e os sérios impactos como espécie altamente invasiva.
No novo método de locomoção descrito, as cobras analisadas foram observadas subindo cilindros lisos e verticais (15-20 cm de diâmetro) usando uma postura corporal no formato de laço, na qual a cabeça e o pescoço ficam orientados para cima em relação a um corpo posterior em círculo e agarrado ao redor do cilindro, como mostrado no vídeo abaixo. No movimento, o corpo mostrou sempre cruzar a si mesmo pelo menos uma vez, mas a configuração corporal exata na região em círculo variava consideravelmente. Dentro do círculo, pequenas ondulações para a esquerda e para a direita propagavam posteriormente. Essas ondulações forneciam o mecanismo propulsivo ao mover parte do corpo para cima enquanto simultaneamente a localização de pegada era deslocada.
A velocidade de subida por ciclo mostrou-se extremamente lenta para esse tipo de locomoção (média de 0,40 cm/s), e devido ao fato das cobras analisadas (5 no total) pausarem frequentemente, as taxas de movimento de subida ao longo de uma maior escala de tempo eram consideravelmente mais lentas. Baixas velocidades, escorregões, pausas frequentes e pesada respiração durante as pausas sugerem que a locomoção via laço demanda bastante esforço do corpo dessas cobras.
Mesmo com o considerável esforço físico, a locomoção de laço permite que a cobra suba estruturas cilíndricas mais de duas vezes o limite de diâmetro para outros tipos de locomoção, permitindo a exploração de novos recursos antes não acessíveis. Por exemplo, um suculento ninho cheio de ovos ou de filhotes de pássaros antes não possível de ser alcançado do solo devido ao tronco muito grosso da árvore onde o ninho se encontra, passa a ser alcançável com a locomoção de laço.
Por quase 100 anos, todos os movimentos de locomoção das cobras têm sido tradicionalmente categorizados dentro de quatro modos: retilinear, ondulação lateral, concertina e ondulado sidewinder. Desses modos, apenas o movimento de concertina envolve ativa pegada de fricção, voltado justamente para a subida em estruturas verticais (na prática, estruturas arbóreas). Porém, como os tipos de locomoção vertical tradicional das cobras são muito diferentes daquela descrita no novo estudo, os pesquisadores defenderam que a locomoção de laço é um novo modo de locomoção e não apenas uma subcategoria do movimento de concertina.
(1) Publicação do estudo: https://www.cell.com/current-biology/fulltext/S0960-9822(20)31763-2
Reviewed by Saber Atualizado
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janeiro 20, 2021
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