Cérebro dos cães não possui preferência por rostos
Segundo resultados de um estudo publicado no periódico Journal of Neuroscience (1), o cérebro dos cães (Canis familiaris) parece não processar rostos como o cérebro humano faz. O sistema visual canino é organizado de forma diferente: a rede neural responsável pelo processamento de faces/rostos encontrada em primatas pode não se estender para todos os mamíferos.
Para nossa espécie (Homo sapiens) e outros primatas, o reconhecimento de rostos é tão crítico que temos um sistema neural altamente desenvolvido e especializada habilidades visuais para o processamento de informações faciais, localizado no córtex temporal-occipício. Áreas desse sistema, como a área fusiforme de face, são ativadas especificamente durante visualização e análise de rostos. Era incerto, porém, se esse tipo de especialização para informações faciais era encontrado em outros mamíferos.
No novo estudo, os pesquisadores usaram imagem por ressonância magnética funcional (fMRI) para comparar a atividade cerebral de humanos e de cães domésticos (imagem de capa) enquanto estes assistiam vídeos curtos de outros humanos e cães. Para os participantes humanos, o cérebro mostrou maior preferência para imagens de rostos, com um número de áreas neurais expressando uma maior atividade para o rosto em comparação com a parte de trás da cabeça. Porém, para cães, estes mostraram uma preferência (córtex responsivo-visual) apenas por membros da sua espécie, sem distinção pela parte da frente ou de trás da cabeça dos indivíduos (cães ou humanos), mesmo possuindo grande proximidade social com humanos (face-dependentes).
OBS.: Importante mencionar que os cães, obviamente, sabem distinguir características faciais, só não mostram uma preferência por processar informações faciais (podem se apoiar primariamente no olfato ou na audição para identificação, ou em específicas pistas visuais).
(1) Publicação do estudo: https://www.jneurosci.org/content/40/43/8396
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