Bons hábitos de sono podem diminuir em mais de 40% o risco de insuficiência cardíaca

 

Insuficiência cardíaca - quando o coração não consegue bombear sangue (sistólica) ou encher-se de sangue (diastólica) adequadamente - afeta mais de 26 milhões de pessoas ao redor do mundo e a taxa de novos casos têm aumentado de forma alarmante. Evidências acumuladas nas últimas décadas têm indicado que problemas de sono podem atuar de forma importante no desenvolvimento dessa condição cardíaca crônica.

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Em um estudo observacional publicado recentemente no periódico Circulation (1), pesquisadores investigaram a associação entre padrões saudáveis de sono e insuficiência cardíaca e incluiu dados de 408802 participantes do UK Biobank com idades de 37 a 73 anos na época da coleta de dados (2006-2010). Os dados de incidência de insuficiência cardíaca nesse grupo foram coletados até 1 de abril de 2019. No total, foram registrados 5221 casos de insuficiência cardíaca durante uma média de 10 anos de acompanhamento.

A qualidade do sono avaliada incluíram dados da duração do sono, de insônia, ronco e outras características sono-relacionadas, como a preferência da hora de dormir e sonolência durante o dia. Duração do sono foi definida em três grupos: curto (<7 horas/dia), recomendado (7-8 horas/dia), e prolongado (9 horas ou mais).

Após controle para co-fatores de risco (diabetes, hipertensão, obesidade, variações genéticas, etc.), os pesquisadores encontraram que as pessoas com os melhores hábitos de sono possuíam um risco 42% menor de insuficiência cardíaca comparado a pessoas com um padrão não-saudável de sono. Em específico, o risco mostrou-se: 

- 8% menor nas pessoas que acordam cedo;

- 12% menor naqueles que dormiam de 7 a 8 horas diariamente;

- 17% menor naqueles que não possuíam insônia com frequência;

- 34% menor naqueles que não reportavam sonolência durante o dia.

Apesar de importantes limitações do estudo, devido à natureza observacional e por ser baseado em auto-reportes, seus resultados se somam ao enorme acúmulo de evidências de que o sono possui grande impacto na saúde como um todo, e que as pessoas precisam tentar o máximo possível dormir 7-8 horas por noite (não adianta compensar com longos períodos de sono nos finais de semana, por exemplo).

(1) Publicação do estudo: https://www.ahajournals.org/doi/10.1161/CIRCULATIONAHA.120.050792