Influenciadores infantis no YouTube promovem alimentos não-saudáveis para as crianças
Um estudo publicado no periódico Pediatrics (1) encontrou que canais infantis muito populares estão frequentemente promovendo alimentos não-saudáveis (calorias vazias, ultraprocessados, etc.). Companhias de alimentos e de bebidas estão gastando anualmente 1,8 bilhões de dólares para promover seus produtos visando os mais jovens, e boa parte desse valor já está sendo investido nesses canais. Alguns influenciadores infantis tão novos quanto 8 anos de idade já estão ganhando em torno de 26 milhões de dólares anualmente.
No estudo, os pesquisadores analisaram os 5 mais populares influenciadores infantis (idades de 3 a 14 anos) no YouTube em 2019, investigando uma amostra com os mais visualizados vídeos, um total de 418 (>48 bilhões de visualizações). Eles encontraram que 42,8% dos vídeos promoviam alimentos e bebidas, com mais de 90% dos produtos associados representando alimentos não-saudáveis, a maior parte fast-food, e visualizados mais de 1 bilhão de vezes. Vídeos promovendo alimentos saudáveis (frutas, no caso) englobavam apenas 3%.
Atualmente, o mundo vive um crise de obesidade e de deficiências nutricionais diversas. No Brasil, em torno de 27% dos adultos estão obesos, e nos EUA esse valor já ultrapassa os 42%. Hábitos e preferências alimentares infantis são importantes fatores de risco para o excesso de peso na fase adulta. Muitos pais deixam os filhos livres para assistirem a vídeos voltados para o público infantil no YouTube, algo perigoso, especialmente quando somado com distorcidos movimentos de 'Body Posivity' cada vez mais populares.
> IMPORTANTE: A obesidade é um fator de risco isolado para diversos problemas de saúde, incluindo para vários tipos de câncer. Em 2012, foram 15,4 mil novos casos de câncer causados pelo excesso de massa adiposa no Brasil. Para mais informações, acesse: https://bit.ly/3mvW6xt
(1) Publicação do estudo: https://pediatrics.aappublications.org/content/146/5/e20194057