Denisovanos podem ter ajudado nossa espécie a se adaptar às altas altitudes
Dois estudos publicados esta semana na Science trouxeram importantes evidências esclarecendo a trajetória dos Denisovanos (Homo denisova) no Leste Asiático e sugerindo que nossa espécie (Homo sapiens) pode ter se adaptado rapidamente a ambientes de altas altitudes através das hibridizações com o H. denisova.
- No primeiro estudo (2), pesquisadores realizaram uma análise genômica da parte superior do crânio (A) de um indivíduo fêmea H. sapiens de ~34 mil anos atrás escavado no Vale Salkhit, no nordeste da Mongólia. Uma análise genética comparativa também foi realizada a partir dos vestígios ósseos de ~40 mil anos atrás de um indivíduo macho H. sapiens da Caverna de Tianyuan, próximo de Pequim, China. Ambos mostraram-se relacionados um com o outro, mas o indivíduo de Salkhit mostrou ter herdado 25% do seu DNA de populações do oeste da Eurásia, provavelmente antigos Siberianos. Isso indica que as migrações e interações entre populações ao longo de toda a Eurásia já aconteciam com frequência há cerca de 35 mil anos. Além disso, os pesquisadores identificaram DNA de Neandertais e de Denisovanos nos dois espécimes, indicando que humanos modernos já se misturavam com os Denisovanos há pelo menos 40 mil anos. Somando-se ao achado, os fragmentos de DNA Denisovano identificados se sobrepõem com populações atuais no Leste Asiático, mas não com fragmentos de DNA Denisovano nas populações da Oceania, dando suporte ao modelo de múltiplos eventos independentes de hibridização entre Denisovanos e humanos modernos.
- No segundo estudo (2), um time internacional de pesquisadores conseguiu extrair DNA mitocondrial (mtDNA) de sedimentos da Caverna Baishiya Karst (B), no Planalto do Tibete, onde uma mandíbula Denisovana já havia sido encontrada. O mtDNA estava associado com um total de 1310 ferramentas de pedra e 579 ossos de mamíferos (caçados), e é o primeiro material genético Denisovano recuperado fora da Caverna de Denisova (Montanhas de Altai, sul da Sibéria). Via datação óptica e radiocarbono (2), os sedimentos associados ao mtDNA Denisovano foram datados em ~100 mil anos e ~60 mil anos atrás e possivelmente tão recente quanto ~45 mil anos atrás. A longa ocupação dessa caverna pelos Denisovanos sugere fortemente que essa espécie evoluiu para se adaptar às altas altitudes, e as hibridizações subsequentes com os humanos modernos podem ser a fonte das adaptações genéticas (haplótipo introgresso) observadas hoje nos Tibetanos modernos.
> Os Denisovanos divergiram dos Neandertais há cerca de 400 mil anos. Para mais informações sobre essa espécie - evidências físicas e genéticas, filogenia e interação com os humanos modernos -, acesse: https://bit.ly/2HRYy29
REFERÊNCIAS