Estudos revelam evidência de potencial água em abundância na superfície da Lua
Nas áreas polares com sombras permanentes na Lua - associadas com crateras - as temperaturas podem ficar abaixo de -163°C (110 K), impedindo que água ali presente evapore. Gelo nessas áreas - chamadas de 'armadilhas frias' - pode ser preservado por mais tempo do que a idade do Sistema Solar. Possível água nessas regiões teriam origem provável de meteoritos, cometas e outros objetos que têm impactado a superfície lunar. Assinaturas de real presença de água nessas regiões foram primeiro obtidas em 2008-09, e evidência direta primeiro reportada em paper em 2018 (1).
Em um estudo publicado na Nature Astronomy (2), pesquisadores calcularam que as regiões nos polos da Lua abrigam cerca de 40 mil quilômetros quadrados de armadilhas frias associadas a escalas variando de 1 km até 1 cm, 60% no polo sul. A maioria dessas áreas se encontram em latitudes acima de 80°, com latitudes menores no sentido do equador sendo quentes demais para suportar o acúmulo de gelo. A quantidade de água total nessa enorme área pode ser bem maior do que antes pensado.
Já em outro estudo também publicado hoje na Nature Astronomy (2), pesquisadores, com a ajuda de sensores infravermelhos instalados em um Boeing 747 voando a cerca de 14 mil metros de altitude (Observatório Estratosférico para Astronomia em Inframelho da NASA/DLR), encontraram assinatura espectral conclusiva de água (banda de 6 µm associada com a hidroxila da molécula de água) em duas áreas iluminadas da Lua. Nessas áreas, os pesquisadores, a partir dos dados espectroscópicos coletados, para cada quilograma de solo lunar existe entre 100 miligramas e 400 miligramas de água. Quase toda a água estaria congelada em regiões de sombra entre os grãos de solo lunar, ou presa em materiais de vidro criados quando micrometeoritos se chocam com a superfície lunar.
A presença de relativa alta abundância de água na Lua é uma ótima notícia para explorações espaciais futuras. Além de uma fonte de hidratação para astronautas, água minerada na Lua pode ser quimicamente quebrada em gás oxigênio e gás hidrogênio, para a respiração. Isso facilitaria muito a colonização do satélite, já que seria muito custoso transportar suficiente água da Terra para as bases lunares.
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(1) Referência: Cientistas descobrem a primeira evidência direta de água na superfície da Lua
Publicação dos estudos: