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Novo coronavírus de porcos já consegue infectar e se replicar em células humanas

 
Pesquisadores da Universidade da Carolina do Norte, em um estudo de alerta publicado esta semana no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences (1), encontraram que uma cepa de coronavírus que tem se alastrado entre porcos já possui o potencial para se espalhar para humanos. A cepa viral, conhecida como síndrome da diarreia aguda do coronavírus (SADS-CoV), emergiu de morcegos e acabou infectando criações de porcos ao longo da China desde que foi primeiro descoberto em 2016. Surtos da doença associada podem causar graves danos econômicos em vários países ao redor do mundo que dependem da indústria suína. E, agora, existe o perigo de uma pandemia futura em humanos via transmissão zoonótica.


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No século XXI, três novos coronavírus humanos (SARS-CoV-1, MERS-CoV e SARS-CoV-2) e três novos coronavírus suínos emergiram de forma súbita e se espalharam globalmente, demonstrando uma crítica necessidade para estratégias que consigam identificar o risco e prevenir a disseminação de coronavírus zoonóticos. A atual pandemia causada pelo novo coronavírus SARS-CoV-2, responsável pela COVID-19, já acumula um total de casos confirmados próximo de 40 milhões e quase 1,1 milhão de mortes registradas. Vários dos coronavírus com potencial pandêmico circulam em morcegos no Sudeste Asiático e em outras partes do mundo, e o SARS-CoV-2 já mostrou ser capaz de infectar várias espécies de mamíferos além de morcegos e humanos.


> Leitura recomendada: Gatos e outros animais não-humanos podem ser infectados pelo novo coronavírus?


Nos últimos 80 anos, vários novos coronavírus têm causado extensivos surtos e perdas econômicas em porcos, incluindo o vírus da gastroenterite transmissível (TGEV), coronavírus respiratório suíno (PRCV), coronavírus da diarreia epidêmica suína (PEDV), vírus da encefalomielite hemaglutinante suína (PHEV), e o deltacoronavírus suíno (PDCoV). Entre 2016 e 2019, vários novos surtos foram descritos em criações de porcos ao longo da China. Em específico, a infecção com o SADS-CoV está associada com diarreia aguda e vômito, e representando taxas de mortalidade de 90% em filhotes de porcos com menos de 5 dias de idade.


O SADS-CoV é um alfacoronavírus mais próximo relacionado ao coronavírus de morcego HKU2 e distinto de dois alfacoronavírus de circulação comum e responsáveis por resfriados em humanos (HCoV-229E e HCoV-NL63). Morcegos do gênero Rhinolophus habitando regiões próximas de locais com surtos epidêmicos entre porcos carregam cepas do HKU2 com sequências genéticas altamente similares àquelas vistas em cepas do SADS-CoV, demonstrando que esse coronavírus suíno, assim como o SARS-CoV-2, provavelmente se originou de morcegos.


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No novo estudo, os pesquisadores resolveram avaliar o potencial de transmissão zoonótica do SADS-CoV para humanos e a capacidade de replicação desse vírus em células de mamíferos, incluindo células humanas. Para isso, os pesquisadores produziram um clone infeccioso do SADS-CoV, e também usaram cepas virais modificadas (tanto selvagens quanto laboratoriais) que expressavam proteínas fluorescentes. Esses vírus sintéticos foram, então, testados em culturas de vários tipos de células mamíferas.


Os resultados de experimentos in vitro mostraram que células primárias humanas, derivadas tanto do pulmão quanto do intestino, são suscetíveis à infecção e eficiente replicação do SADS-CoV - assim como células de outros mamíferos. Os pesquisadores reportaram uma maior taxa de crescimento nas células intestinais, ao contrário do SARS-CoV-2 que infecta primariamente células pulmonares - e concordando também com um dos principais sintomas causados pelo vírus nos porcos (diarreia). Devido à variabilidade na eficiência de infecção vista entre vários doadores das células primárias humanas, é provável que, no caso de transmissão zoonótica e surtos epidêmicos em humanos, seja observado um espectro de diferentes graus de severidade da doença associada nos pacientes infectados


O mais preocupante achado durante os experimentos e análises genômicas é que os humanos não parecem possuir imunidade contra o SADS-CoV. Imunidade de rebanho adquirida de coronavírus humanos já circulantes (associados aos resfriados, por exemplo) frequentemente previne a infecção e disseminação entre humanos de coronavírus encontrados em outros animais. Porém, o SADS-CoV é geneticamente bem distinto de outras cepas de coronavírus às quais os humanos estão historicamente expostos, especialmente em relação à glicoproteína Spike (S), esta a qual é crucial para a infecção dos coronavírus.


Nesse sentido, os pesquisadores resolveram testar o antiviral Remdesivir - o qual se mostrou relativamente efetivo no tratamento de casos leves-moderados da COVID-19 e de quadros letais do ebola - contra o SADS-CoV. Resultados preliminares in vitro demonstraram robusta atividade antiviral, tornando o Remdesivir uma promissora via terapêutica em caso de surtos epidêmicos futuros entre humanos. 


Os pesquisadores também planejam investigar potenciais vacinas para aplicar nos porcos, visando tanto prevenir danos econômicos quanto limitar exposição direta do SADS-CoV a humanos.


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Até o momento, não existe evidência de replicação do SADS-CoV em humanos, porém, como esse vírus já se mostra capaz de infectar e de se replicar em células humanas, os pesquisadores reforçaram a necessidade de uma vigilância contínua nas populações de porcos, incluindo testes frequentes nos trabalhadores da indústria suína em ordem de reduzir o potencial de surtos epidêmicos.


> Recentemente, uma nova cepa do vírus Influenza - responsável pela gripe - foi encontrada de estar se disseminando rápido entre porcos Chineses, e também com potencial de infectar humanos de forma efetiva. Para mais informações, acesse: Novo vírus respiratório com potencial pandêmico identificado na China 


(1) Publicação do estudo: https://www.pnas.org/content/early/2020/10/06/2001046117

Novo coronavírus de porcos já consegue infectar e se replicar em células humanas Novo coronavírus de porcos já consegue infectar e se replicar em células humanas Reviewed by Saber Atualizado on outubro 14, 2020 Rating: 5

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