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Polêmica vacina Russa parece ser segura e eficaz, segundo resultados clínicos preliminares


Em um estudo publicado hoje no periódico The Lancet (1), resultados preliminares da eficácia e segurança de duas formulações da polêmica vacina Russa (Sputnik V) foram reportados a partir da análise não-randomizada de 76 voluntários. Os resultados sugeriram que as duas formulações (contendo os componentes rAd26 e/ou rAd5) aplicadas em duas partes possuem um bom perfil de segurança e nenhum sério evento adverso ocorreu ao longo de 42 dias pós-vacinação. As duas formulações da vacina foram capazes de induzir respostas de anticorpos contra o SARS-CoV-2 (vírus responsável pela COVID-19) em todos os participantes dentro de 21 dias, e também (observações secundárias) induziu a produção de células-T dentro de 28 dias. São resultados promissores, mas estudos de maior porte e randomizados são necessários para a avaliação da real eficácia e perfil de segurança. O estudo clínico foi financiado pelo Ministério da Saúde da Federação Russa.


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Até o momento, são mais de 26,6 milhões de casos de COVID-19 registrados e 876 mil mortes confirmadas, mas esses números estão muito subestimados. Taxas de excessos de morte em grandes cidades sugerem que o número real de óbitos pode ser até 30% maior. Nesse sentido, a busca por uma ou mais vacinas efetivas é urgente, especialmente considerando que as opções terapêuticas são limitadas e muitos centros hospitalares têm sofrido sobrecargas.


Recentemente, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciou que a agência reguladora de saúde do país se tornou a primeira do mundo a aprovar uma vacina contra o novo coronavírus (SARS-CoV-2) para amplo uso da população Russa. Porém, o anúncio veio acompanhado também por um grande criticismo e condenação de cientistas ao longo de todo o mundo, os quais afirmam que a decisão é muito apressada e perigosa. A Rússia não completou grandes testes clínicos para a nova vacina (Sputnik V), ficando incerto sua eficácia e segurança. Isso pode colocar o público em risco de duas maneiras: danos diretos da vacina, incluindo possível exacerbação da doença visada, e falsa sensação de segurança caso a vacina seja ineficaz.


Aqui no Brasil, o governo do Paraná anunciou uma parceria com o governo Russo para a testagem e distribuição da Sputnik V. O convênio foi assinado no dia 12/08 pelo governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), e pelo embaixador da Rússia, Sergey Akopov. O Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar) será responsável por todas as etapas, desde a pesquisa até a distribuição das doses da vacina Russa, desde que haja liberação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A previsão é que distribuição no Paraná não comece antes do segundo semestre de 2021.


A vacina Sputnik V compreende dois componentes como vetores: adenovírus recombinante do tipo 26 (rAd26) e o adenovírus recombinante do tipo 5 (rAd5), ambos os quais carregam o gene do SARS-CoV-2 para a expressão da glicoproteína Spike (rAd26-S e rAd5-S). A glicoproteína S é a principal proteína presente na superfície da estrutura viral (a 'coroa' dos coronavírus) do SARS-CoV-2 e é crucial para a entrada do vírus nas células hospedeiras que expressam o receptor proteico ACE2. Ambos os componentes foram desenvolvidos, manufaturados e armazenados pelo Centro Nacional Gamaleya de Pesquisa para Epidemiologia e Microbiologia, Moscou, Rússia. Uma dose da vacina possui 10^11 partículas virais - para ambos os componentes -nas duas formulações.


A vacina engloba uma formulação congelada e outra formulação liofilizada (seca-congelada). A formulação congelada visa o uso em larga escala via cadeias de suprimento já existentes para vacinas, enquanto a formulação liofilizada foi desenvolvida para regiões difíceis de serem alcançadas, sendo mais estável e possível de ser armazenada a 2-8°C. 


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O novo estudo reportado no The Lancet - um dos maiores periódicos de medicina do mundo - englobou dois testes clínicos (fases 1 e 2) para cada formulação e realizados de forma aberta e não-randomizada em dois hospitais na Rússia do dia 18 de junho até 3 de agosto deste ano. Foram recrutados 76 voluntários adultos (18-60 anos de idade) saudáveis - 38 em cada teste clínico. Na fase 1 de cada teste clínico, 9 voluntários receberam o componente rAd26-S e 9 voluntários receberam o rAd5-S, ambos via intramuscular. Nessa fase, foi avaliada a segurança dos dois componentes ao longo de 28 dias. A fase 2 de cada teste clínico, a qual começou até <5 dias após a vacinação da fase 1, englobou 20 voluntários, os quais receberam uma vacina de reforço - rAd26-S no dia 0 e rAd5-S no dia 21. 


Os resultados primários visaram a imunidade humoral antígeno-específica (anticorpos SARS-CoV-2-específicos medidos via ELISA nos dias 0, 14, 21, 28 e 42 pós-vacinação) e a segurança (número de participantes com eventos adversos monitorados ao longo do estudo). Resultados secundários (não tão importantes quanto os resultados primários no estudo em questão, mas ainda de interesse na avaliação da intervenção) visaram a imunidade celular antígeno-específico (respostas de células-T e concentração de interferon-γ) e mudanças nos anticorpos neutralizantes.


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Os resultados indicaram que ambas as formulações da vacina são seguras e bem toleradas. Os eventos adversos mais comuns foram dor no local da injeção (58%), hipertermia (50%), dor de cabeça (42%), astenia (28%), e dor muscular e nas articulações (24%). A maioria dos eventos adversos foram leves e nenhum sério efeito colateral foi detectado. Todos os pacientes produziram anticorpos para a glicoproteína S do SARS-CoV-2. No dia 42, os níveis de anticorpos contra o vírus (titragem média geométrica) eram de 14703 para a formulação congelada e de 11143 para formulação liofilizada. Respostas célula-mediadas (células-T) foram detectadas em todos os participantes no dia 28 da fase 2, com proliferação celular média de 2,5% para o CD4+ e de 1,3% para o CD8+ com a formulação congelada, e uma proliferação celular média de 1,3% (CD4+) e de 1,1% (CD8+) com a formulação liofilizada.


Anticorpos neutralizantes - capazes de desativarem as partículas virais - só foram detectados em 61% dos participantes da fase 1 e entre aqueles que receberam o componente rAd26-S. Isso sugere que a combinação de mais de um vetor é importante para as formulações de vacina para uma resposta imune mais robusta.


No geral, as respostas de anticorpos pareceram ser maiores nos indivíduos vacinados com a Sputnik V do que naqueles que naturalmente são infectados pelo SARS-CoV-2. Em relação aos anticorpos neutralizantes, os mesmos níveis foram observados entre vacinados e infectados.


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Como foram estudos clínicos muito pequenos, sem o uso de grupo de placebo (controle) e de curto prazo (42 dias), os resultados preliminares não são suficientes para qualquer conclusão sobre a eficácia e a segurança da vacina Sputnik V. Estudos de grande porte, randomizados placebo-controlados e de fase 3 são necessários, incluindo também indivíduos de maior idade e com comorbidades prévias (grupos de alto risco). De qualquer forma, são resultados promissores.



> A vacina Russa é similar à vacina da Universidade de Oxford, Reino Unido, onde ambas usam vetores de adenovírus modificados expressando a proteína S. Para mais informações, acesse: Vacinas Chinesa e Britânica contra o novo coronavírus passam na Fase 2 em humanos


(1) Publicação do estudo: The Lancet

Polêmica vacina Russa parece ser segura e eficaz, segundo resultados clínicos preliminares Polêmica vacina Russa parece ser segura e eficaz, segundo resultados clínicos preliminares Reviewed by Saber Atualizado on setembro 04, 2020 Rating: 5

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