Últimas da pandemia: Distanciamento social reduziu dramaticamente as transmissões, segundo sugere estudo

Últimas atualizações - estudos revisados por pares - sobre a pandemia provocada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2) e sua doença associada (COVID-19). No momento, já são mais de 692 mil mortes confirmadas e mais de 18 milhões de casos registrados, números provavelmente muito subestimados. Nas últimas semanas, recordes e mais recordes de casos diários registrados continuam sendo divulgados pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Na América Latina, o número de mortes passou de 200 mil, dobrando em apenas 38 dias, e com o Brasil possuindo quase 50% desse total.

> Vacina da Oxford previne pneumonia associada ao SARS-CoV-2 em primatas não-humanos. Um estudo publicado no periódico Nature (Ref.1) mostrou que a vacina Britânica ChAdOx1 nCoV-19 - a qual está em parceria de produção e de teste com o Brasil - conseguiu induzir balanceada resposta imune humoral e celular Th1/Th2, incluindo robusta resposta de anticorpos, em macacos rhesus. Comparado com controles não-vacinados, os espécimes que receberam a vacina mostraram uma redução significativa de carga viral no fluído broncoalveolar e no tecido do trato respiratório inferior após exposição ao vírus SARS-CoV-2 (apesar de nenhuma diferença no trato respiratório superior). Pneumonia não se desenvolveu em nenhum dos macacos vacinados. Importante, nenhuma evidência de doença agravada pela resposta imune da vacina foi observada. Agora, é aguardar os estudos clínicos randomizados controlados em humanos. Para mais informações sobre a vacina ChAdOx1 nCoV-19, acesse: Vacinas Chinesa e Britânica contra o novo coronavírus passam na Fase 2 em humanos

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> Dose única de uma nova vacina contra a COVID-19 protege primatas não-humanos. Desenvolvida por pesquisadores do BIDMC (Beth Israel Deaconess Medical Center), uma única dose da vacina Ad26.COV2.S - baseada em um adenovírus serotipo 26 (Ad26) carregando material genético da proteína spike (S) do SARS-CoV-2 - conseguiu proteger primatas não-humanos, elicitando robusta resposta de anticorpos neutralizantes. Esses anticorpos neutralizantes forneceram completa ou quase-completa proteção nos tratos superior e inferior desses primatas. Foram testados 52 primatas não-humanos, divididos em um grupo recebendo vacina e o outro recebendo uma 'vacina placebo'. Os resultados foram detalhados em um estudo publicado na Nature (Ref.2). Estudos clínicos em voluntários humanos saudáveis já estão em Fases 1 e 2.

> Crianças muito novas espalham o novo coronavírus na mesma intensidade que crianças mais velhas e adultos. Em um estudo publicado no periódico JAMA (Ref.3), pesquisadores do Hospital de Chicago, EUA, encontraram que crianças com menos de 5 anos de idade com COVID-19 leve e moderada (quase todos os casos de infecção nessa faixa de idade) possuem uma carga viral no nariz em um nível muito mais alto do que aqueles vistos em crianças mais velhas e em adultos. Isso sugere que as crianças muito novas também podem estar transmitindo o vírus com a mesma intensidade que outros grupos de infectados, o que aumenta a preocupação com as medidas de relaxamento do distanciamento/isolamento social, especialmente a abertura de escolas. No estudo, foram analisados 145 casos de COVID-19 leve-moderada em três grupos de idade: <5 anos, 5-17 anos e 18-65 anos.

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> Oclusão vascular e COVID-19. Em um estudo publicado no periódico American Journal of Roentgenology (Ref.4), pesquisadores analisaram 329 pacientes com idade média de ~67 anos e encontraram que aqueles com COVID-19 tinham um risco 2,4 vezes maior de desenvolverem oclusão vascular de grandes vasos sanguíneos (um subtipo de derrame). Mais uma evidência se acumulando de que a COVID-19 é uma doença sistêmica, especialmente cardiovascular e respiratória.

> Distanciamento social está associada com uma substancial redução na transmissão do SARS-CoV-2. Um estudo publicado no periódico PLOS ONE (Ref.5) mostrou que o estabelecimento de políticas de distanciamento social - fechamento de escolas e de serviços não-essenciais, proibição de grandes aglomerações públicas, orientação de distância mínima de 1-2 metros entre as pessoas, etc. - em 46 países (incluindo os EUA) preveniram um estimado de 1,57 milhões de casos de COVID-19 ao longo de um período de 2 semanas, representando uma redução de 65% dos casos esperados.

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> Maioria dos casos de infecção pelo SARS-CoV-2 no Cruzeiro Diamond Princess ocorreu via transmissão aérea. Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Harvard e publicado como preprint (não-revisado ainda por pares) na plataforma medRxiv (Ref.6), pesquisadores usaram modelos mecânicos, de transmissibilidade, epidêmicos e de dose-resposta para mostrar que a maior parte dos casos de infecção nesse navio ocorreram via contato próximo entre os passageiros, porém, primariamente através de aerossóis contaminados (pelo ar), não gotículas. O Diamond Princess oferece um ambiente único de estudo por possuir um número conhecido de passageiros e de membros da tripulação, evolução temporal documentada dos casos de contaminação, e um relativo alto conhecimento dos fatores estruturais associados à embarcação. No total, 712 dos 3711 passageiros e membros de embarcação se tornaram infectados (19% da comunidade). As análises dos pesquisadores indicaram que as gotículas respiratórias de maiores dimensões contribuíram com cerca de 41% das contaminações e que os aerossóis respiratórios contribuíram com 59%. Para mais informações sobre os modos de transmissão do SARS-CoV-2, acesse: Quanto tempo o novo coronavírus sobrevive sobre superfícies e no ar?

Leituras complementares:

REFERÊNCIAS (links para os estudos reportados)