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Cientista revela como essa estranha planta dispersa suas sementes


Um estudo publicado no periódico Ecology (1) finalmente revelou como as sementes de estranhas plantas do gênero Balanophora - as quais possuem um dos menores frutos entre as angiospermas (plantas com flores) - são dispersas. O estudo descreveu um sistema dispersor de mutualismo previamente desconhecido entre a espécie não-fotossintética B. yakushimensis e seus visitantes aviários. As aves não obtêm seus nutrientes dos minúsculos frutos pouco nutritivos, mas das carnosas folhas modificadas (brácteas) da planta. As brácteas servem tanto como atrativos visuais como recompensas nutricionais, fazendo com que as aves comam essas estruturas junto com os frutos.


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O clado Balanophoraceae é uma família pantropical com aproximadamente 50 espécies descritas e distribuídas em 18 gêneros. Todas as espécies são holoparasitas de raízes obrigatórios e não possuem clorofila (ou seja, se alimentam dos nutrientes de outras plantas através das suas raízes e não realizam fotossíntese). Possuindo corpos vegetativos, flores altamente reduzidas, e embriões muito pequenos, o único modo de observar uma planta dessa família na superfície é quando suas robustas inflorescências (parte da planta onde se localizam as flores) unissexuais emergem do solo para a reprodução sexuada.  


O maior gênero englobado pela Balanophoraceae é o Balanophora, constituído por 20 espécies conhecidas distribuídas ao longo das áreas tropicais da Austrália, África e Ásia. As inflorescências dessas espécies incluem numerosas flores extremamente reduzidas - especialmente as flores fêmeas -, e com uma morfologia muito atípica entre as angiospermas. Essas inflorescências podem conter de 100 mil até 1 milhão de pequenas frutas secas que ficam situadas na base de um estrutura estéril e carnosa chamada de corpo claviforme, constituído pelas brácteas. Como os frutos desse gênero são muito reduzidos e praticamente sem valor nutricional, fica a pergunta: como as sementes são dispersas para dar continuidade ao ciclo de vida dessas plantas?




Especulações sobre essa dispersão de sementes incluem a ação do vento e fluxos de água de chuva. Porém, ventos dentro do habitat dessas plantas (florestas) possuem baixa velocidade, e as sementes possuem baixa flutuabilidade, tornando a ação de fluxos de água muito ineficiente. Com a recente descoberta de que a planta da espécie Scybalium fungiforme - também da família Balanophoraceae - possui suas sementes dispersas aqui no Brasil por gambás (!), a hipótese de que as plantas do gênero Balanophora são dispersas por pequenos mamíferos ganhou nova atenção. Porém, diferente do gênero Scybalium, as espécies do gênero Blanophora não possuem óbvios atrativos para roedores que co-existem com essas plantas, incluindo ausência de distintos odores exalados.


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No novo estudo, o pesquisador e professor associado da Universidade de Kobe, Japão, Suetsugu Kenji resolveu analisar a espécie Balanophora yakushimensis. Essa espécie habita principalmente florestas da Ilha Yakushima, a altitudes em torno de 600-900 metros, mas também é encontrada na Ilha Amamioshima e na região sul de Kyushu, além da região sul de Taiwan. Esse amplo alcance territorial sugere um potencial sistema de dispersão a longa distância. Kenji focou seu estudo na Ilha Yakushima, a partir do acompanhamento de vários espécimes com câmeras digitais - colocadas a 1 metro de distância de locais contendo uma a quatro plantas B. yakushimensis


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Após longos meses de filmagem, Kenji encontrou 45 aves da espécie Tarsiger cyanurus e 10 aves da espécie Turdus pallidus consumindo as brácteas da B. yakushimensis, como pode ser visto no vídeo abaixo (no caso, mostrando a interação da planta com uma ave da espécie T. cyanurus). As análises das fezes dessas aves mostraram que os minúsculos frutos saíam praticamente intactos, preservando a viabilidade total das sementes. Somando as evidências, fica provado que as aves são responsáveis, em importante extensão, para a dispersão das sementes da B. yakushimensis, explicando também a presença dessas plantas em diferentes ilhas e países. 


           


Segundo concluiu o autor, as inflorescências da B. yakushimensis parecem representar uma adaptação para uma dispersão de sementes ave-mediada, com as brácteas atraindo as aves pelas suas cores vermelhas e alto valor nutricional - algo tradicionalmente feito pelos frutos em outras plantas. Por causa da implausibilidade de outros potenciais transportadores de sementes, é provável que a relação seja de mutualismo, ou seja, a B. yakushimensis - e certamente outras espécies do gênero - obrigatoriamente dependem das aves para persistirem na natureza.



(1) Publicação do estudo: Ecology

Cientista revela como essa estranha planta dispersa suas sementes Cientista revela como essa estranha planta dispersa suas sementes Reviewed by Saber Atualizado on agosto 21, 2020 Rating: 5

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