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Especialistas alertam que a COVID-19 é uma ameaça para todo o sistema nervoso


Dois estudos publicados hoje nos periódicos Annals of Neurology (1) e no Journal of Alzheimer's Disease (2) alertaram para os extensivos danos cerebrais causados pela COVID-19, doença deflagrada pela infecção com o novo coronavírus (SARS-CoV-2) e associada com um amplo espectro de sintomas que inclui mais comumente febre, tosse, falta de ar e perda de olfato/paladar.

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Cerca de metade dos pacientes hospitalizados com COVID-19 apresentam manifestações neurológicas da doença, as quais incluem dores de cabeça, tontura, atenção reduzida, dificuldade de concentração, desordens de olfato e de paladar, ataques epilépticos, derrames, fraqueza e dores musculares. No primeiro estudo, pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade de Feinberg (Noroeste), EUA, realizaram uma revisão da literatura acadêmica sobre a questão e encontraram que a COVID-19 é uma ameaça global a todo o sistema nervoso (periférico e central).

Segundo a revisão, o número de manifestações neurológicas da infecção pelo SARS-CoV-2 está rapidamente se acumulando. Isso pode ser o resultado de uma variedade de mecanismos incluindo estados hiper-inflamatórios e hiper-coagulatórios vírus-induzido, infecção direta do sistema nervoso central (SNC) (!), e processos imune-mediados pós-infecção. Exemplo de doenças do SNC central ligadas à COVID-19 incluem encefalopatia, encefalite, encefalomielite aguda disseminada, meningite, derrames hemorrágicos e isquêmicos, trombose venosa do sinus e endotelialite. No sistema nervoso periférico, a COVID-19 foi associada com disfunções de paladar e de olfato, lesões musculares, síndrome de Guillain-Barre e suas variantes. 

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(!) Para infectar as células, o SARS-CoV-2 se liga ao receptor glicoproteico ACE2 (enzima conversora de angiotensina 2). O ACE2 possui uma ampla distribuição em múltiplos órgãos, incluindo o nariz (alta concentração no trato respiratório superior), pulmões, rins, fígado, vasos sanguíneos, sistema imune e cérebro. 
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Em outras palavras, a neuropatogênese da COVID-19 pode afetar tecidos desde o cérebro e a medula espinhal até os nervos e músculos. E, para piorar, não temos ainda prever os prejuízos a longo prazo no sistema nervoso causados pela infecção com o SARS-CoV-2. São todos danos temporários ou alguns podem ser permanentes? Quais doenças e condições neurológicas podem ser engatilhadas a médio e a longo prazo?

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O segundo estudo, também trazendo uma revisão compreensiva dos dados clínicos acumulados até o momento, classificou os efeitos da COVID-19 no sistema nervoso em três estágios de danos cerebrais. Assinam o estudo alguns dos maiores neurocientistas dos EUA, incluindo o nacionalmente reconhecido Dr. Majid Fotuhi, diretor médico do NeuroGrow Brain Fitness Center, no Norte da Virgínia, e  membro do Johns Hopkins Medicine.

No estudo, os pesquisadores reforçaram o alerta sobre os problemas neurológicos reportados em pacientes com COVID-19, citando possíveis derrames, ataques epilépticos, confusão, tontura, paralisia e/ou coma. Eles também citaram que um estudo de Wuhan, China, mostrou que 45% dos pacientes com a forma mais severa da COVID-19 experienciaram marcantes déficits neurológicos. Já outro estudo da França mostrou que 84% dos pacientes com COVID-19 na UTI apresentaram anormalidades positivas após exame neurológico, e que 15% dos pacientes que deixaram a UTI tinham função disexecutiva residual, a qual envolve baixa atenção e dificuldade em tomar decisões e controlar o comportamento.

Nesse sentido, o estudo propôs a adoção de um esquema de classificação de três estágios ('NeuroCovid') para basear futuras hipóteses e investigações relacionando o SARS-CoV-2 e o sistema nervoso do hospedeiro. Os três estágios incluem:

- NeuroCovid Estágio I: O dano causado pelo vírus é limitado às células epiteliais do nariz e da boca via receptor ACE2 (infecção direta) e os principais sintomas incluem transiente perda de paladar e de olfato; os pacientes frequentemente se recuperam sem qualquer intervenção.

- NeuroCovid Estágio II: O vírus ativa um fluxo de inflamação, chamado de 'tempestade de citocinas' - aumentando os níveis de ferritina, proteína reativa-C e dímero-D -, o qual começa nos pulmões e viaja nos vasos através de todos os órgãos. A tempestade de citocinas, então, leva a um estado de hiper-coagulação e engatilha a formação de coágulos sanguíneos que causam pequenos ou graves derrames no cérebro (via oclusão trombótica arterial ou venosa). O aumento da resposta imune também causa vasculite em músculos ou nervos, em adição ao "mimetismo molecular" imune-induzido, o qual danifica nervos cranianos, nervos periféricos e/ou músculos.

- NeuroCovid Estágio III: Um explosivo nível de tempestade de citocina danifica a barreira dos vasos cerebrais (camada protetiva de isolamento nos vasos sanguíneos do cérebro). Como resultado, o conteúdo de sangue, marcadores inflamatórios e partículas virais invadem o cérebro, levando a edemas e lesões cerebrais que fomentam o desenvolvimento de ataques epilépticos, confusão mental, coma, ou encefalopatia nos pacientes. Com o maior bloqueio dos receptores ACE2 devido à maior carga viral no tecido cerebral, temos uma resistência vascular periférica aumentada e hipertensão, aumentando o risco de hemorragia intracraniana.

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Na revisão, os pesquisadores também apontaram que muitos pacientes com COVID-19 podem não possuir sintomas neurológicos notáveis no início; mas em alguns casos, pacientes podem apresentar esses sintomas ainda antes de terem febre, tosse ou falta de ar. Em adição à necessidade de se realizar um escaneamento via ressonância magnética nos pacientes hospitalizados, os pesquisadores recomendaram que esses pacientes precisam ser monitorados por alguns meses após a hospitalização. Eles citaram que experiências prévias com outras formas de coronavírus (SARS e MERS) sugerem que pacientes recuperados podem desenvolver a longo, médio e curto prazo depressão, insônia, doença de Parkinson, perda de memória, psicose, doença de Alzheimer, psicose ou envelhecimento acelerado do cérebro. 

Nesse último ponto, os pesquisadores recomendaram, para os pacientes se recuperando da COVID-19, uma maior ênfase na prática de exercícios regulares, na alimentação saudável, na redução no estresse diário, e na melhora do sono, todos passos críticos para o rejuvenescimento do cérebro e minimização de possíveis danos futuros causados pela COVID-19.


(1) Publicação do estudo: AN

(2) Publicação do estudo: JAD


Especialistas alertam que a COVID-19 é uma ameaça para todo o sistema nervoso Especialistas alertam que a COVID-19 é uma ameaça para todo o sistema nervoso Reviewed by Saber Atualizado on junho 11, 2020 Rating: 5

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