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Cientista-chefe da Suécia admitiu que o país deveria ter lidado melhor com a pandemia



Ontem, em discurso nos jardins da Casa Branca, o presidente Donald Trump disse que salvou pelo menos 1 milhão ao "fechar os EUA" e afirmou que o Brasil está num "momento bem difícil" com o novo coronavírus (SARS-CoV-2). Tentando minimizar as falhas do seu próprio governo para lidar com a pandemia que deixou mais de 110 mil mortos no país até o momento, Trump declarou:

"Fechamos nosso país. Salvamos, possivelmente, 2 milhões, 2,5 milhões de vidas. Poderia ser só um milhão de vidas, acho que não menos que isso. Mas se considerarmos que estamos em 105 mil hoje em dia, o número de vítimas seria pelo menos 10 vezes maior. É o que se acredita como mínimo se fizéssemos [imunidade de] rebanho. Se você olha para o Brasil, eles estão num momento bem difícil. E, a propósito, eles falam muito da Suécia. Isso voltou a assombrar a Suécia. A Suécia está tendo um momento terrível. Se tivéssemos agido assim, teríamos perdido 1 milhão, 1,5 milhão, talvez 2,5 milhões ou até mais."

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Mas apesar do conflito de interesses no seu discurso político, Trump está longe de ser o único a criticar a estratégia aplicada pela Suécia. Em uma entrevista para a Rádio Sueca (1), o epidemiologista responsável pela controversa política de isolamento social altamente flexível, Anders Tegnell, admitiu que o país poderia ter feito mais para controlar a disseminação do COVID-19. "Existe um potencial quase óbvio para o melhoramento do que nós fizemos na Suécia," disse 

A Suécia possui uma taxa de mortalidade por COVID-19 muito mais alta do que os países Nórdicos vizinhos, os quais impuseram medidas mais estritas de isolamento social e lockdown (quarentena total).

Até o dia 3 de junho havia um acumulado de 4542 mortes por COVID-19 na Suécia. Na Dinamarca, o total foi de 580, 321 na Finlândia, e 237 na Noruega. Em termos de taxa de mortalidade (mortes para cada 100 mil habitantes), a Suécia alcançou o valor de 43,88, a Dinamarca 10,00, a Finlândia 5,80 e a Noruega 4,46. Apesar disso, as taxas na Suécia ficaram bem abaixo de 4 países na Europa Continental: Bélgica (83,22), Reino Unido (59,34), Espanha (58,06) e Itália (55,48). Mesmo ignorando importantes diferenças entre a situação na Europa continental e nos países Nórdicos, a Suécia teve a mais alta taxa per capita de mortes no mundo por alguns dias no último mês. O número de mortes por COVID-19 no país alcançou 5,29 mortes para cada milhão de pessoas por dia durante sete dias seguidos até 2 de junho, superior inclusive ao máximo do Reino Unido - bloco que mais sofreu com a pandemia na Europa.

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Até recentemente, Tegnell tem sido defensivo em relação ao plano mais relaxado de controle epidêmico da Suécia. Não houve lockdown, e, ao invés disso, a Suécia apostou no distanciamento social voluntário, no banimento de aglomerações com mais de 50 pessoas, e na proibição de visitas aos asilos. No território Sueco as pessoas foram orientadas - mas não ordenadas - a evitarem viagens não-essenciais e para não irem para as ruas se fossem idosas ou se estivessem doentes. Bares, lojas, restaurantes e academias permaneceram abertas, assim como quase todos os centros escolares (apenas aulas presenciais para o ensino médio foram suspensas).

No programa de rádio mencionado, Tegnell disse: "Se nós nos encontrássemos com a mesma doença, com exatamente o que sabemos agora sobre ela, eu acho que nós teríamos aterrizado entre o que a Suécia fez e o que o resto do mundo fez. Seria bom saber exatamente o que fechar para melhor frear a disseminação da infecção".

Na última semana, a Dinamarca e a Noruega abriram suas fronteiras uma para a outra, mas não para a Suécia. O governo Sueco disse no dia 1° de junho que iria apontar uma comissão para investigar a estratégia adotada no país para o combate do novo coronavírus, devido à pressão de políticos da oposição.

Em entrevista para o British Medical Journal (2), a epidemiologista do Instituto Karolinska da Suécia, Claudia Hanson, disse: "Eu estou muito feliz que ele [Tegnell] está admitindo que mais poderia ter sido feito. O que é preciso agora é colocar todos os esforços para quebrar a transmissão da doença e estabelecer um sistema de teste, rastreamento de contatos e isolamento." Claudia também acrescentou que Tegnell precisa fortemente aconselhar as pessoas a ficarem em suas casas caso tenham estado em contato com alguém com sintomas da COVID-19, para diminuir ainda mais a disseminação da doença no país.

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Enquanto isso, no Brasil, o presidente Jair Bolsonaro desfila péssimo exemplo pelas ruas de Brasília e continua defendendo o modelo da Suécia, mesmo com a diferença gritante entre os países tanto em termos sócio-econômicos quanto em termos de gravidade da pandemia. Bolsonaro ainda ameaçou ontem tirar o Brasil da Organização Mundial da Saúde (OMS), acusando-a de "viés ideológico". Porém, diferente dos EUA - cujo presidente anunciou a saída oficial do país da OMS na última semana -, o Brasil está devendo US$ 33 milhões à entidade. Nesse ponto, fica a sugestão de leitura: Líderes que promovem cooperação ajudam a superar pandemias.
 

REFERÊNCIAS
Cientista-chefe da Suécia admitiu que o país deveria ter lidado melhor com a pandemia Cientista-chefe da Suécia admitiu que o país deveria ter lidado melhor com a pandemia Reviewed by Saber Atualizado on junho 05, 2020 Rating: 5

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